A escolas particulares em SP começaram a adotar medidas entre pais e alunos para tentarem impedir que a polarização política que vivemos adentre os terrenos escolares. Com todo um discurso de defesa de valores plurais e moralidade elevada, os colégios tentarão cada vez mais reforçar aos pais o papel da escola na formação política, ética e moral dos alunos.
Com as eleições cada vez mais próximas, a burguesia, que se vê acuada perante a situação, já começou a dar espaço às suas formas de calar as pessoas. Vimos recentemente, com o caso Monark, que a censura contra a liberdade de expressão encontra-se mais ativa do que há décadas. Isto serve justamente para tentar, de todas as formas, controlar a situação que lhe escapa, tendo em vista que sua candidatura da terceira via não decola até o momento.
Vale ressaltar que o atual estado da polarização no País nasceu exatamente de toda a crise que vivemos, realmente natural de um sistema em decadência, principalmente após o golpe de 2016. Nesse sentido, escolas particulares, com receio dessa polarização, já começaram a criar um clima de vigilância e desconfiança entre os alunos e seus familiares, para que elementos que ampliam o debate político sejam calados e perseguidos.
Caso recente na escola particular paulista Avenues exemplifica bem esse quadro. Segundo a imprensa golpista, um professor teria repreendido um aluno por se opor a uma palestra de Sônia Guajajara. O áudio desse episódio teria sido vazado em alguns grupos conservadores, o que causou uma grande discussão.
Com isso, a direção da escola aproveitou a situação para avançar sua política persecutória, afirmando que trabalhariam com pais e responsáveis para extinguir a ocorrência de grandes discussões na escola. Segundo o diretor, o objetivo seria de “desenvolver estudantes para serem agentes de mudança curiosos, empáticos, e engajados com o mundo”. Tal discurso já nos revela o papo furado pseudodemocrático, em que medidas supostamente progressistas estão, na verdade, cobrindo a perseguição e a censura.
Decerto que a presença de Sônia Guajajara, uma das figuras centrais na articulação pró-golpista de Guilherme Boulos, não significa algo progressista em si mesmo. Entretanto, é um pretexto, um caso que serve para justificar a opressão quando o debate se trata de Lula, por exemplo.
O constante ataque da imprensa burguesa e demais instituições do regime capitalista à polarização política, que se deu início desde o golpe de 2016, na prática serve como uma campanha anti-Lula. Afinal, a única polarização atacada é a polarização à esquerda.
Enquanto Bolsonaro for útil como um contraponto à Lula, a burguesia ficará do seu lado. Principalmente agora que, com as eleições se aproximando cada vez mais, não conseguiram, até o momento, emplacar a chamada terceira via.