Na próxima quinta-feira (26), os capitalistas do grupo de investimentos Partners 777 chegam ao Rio de Janeiro para avançar na aquisição do departamento de futebol de um grande time brasileiro: o Gigante da Colina de São Januário. Eles vão acertar os últimos detalhes da negociação enquanto assistem aos jogos do Vasco.
Espera-se que, caso se concretize o destino do time carioca, ele seja mais vitorioso do que o de Gênova, onde estes capitalistas têm 99,9% das ações. O time de Gênova foi rebaixado para a segunda divisão na Itália.
Eles já realizaram um aporte de R$ 70 milhões de reais em março deste ano. Além disso, o contrato de exclusividade de negociação entre as duas partes foi estendido por mais um mês.
Pelo que foi anunciado, o Partners 777 vai adquirir 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) vascaína por R$ 700 milhões de reais em três anos.
A mudança do estatuto do clube já foi aprovada pelo conselho deliberativo e pela assembleia. Será necessária a aprovação do contrato nas duas instâncias para que ocorra a transferência do futebol do clube para a SAF.
O Vasco vai se juntar aos outros times que estão sendo seduzidos pelo canto das sereias da empresa como tábua de salvação. Atualmente, nas duas principais divisões do futebol brasileiro, já entraram nesta barca os seguintes clubes: Bragantino, Cuiabá, Cruzeiro, Ituano e Botafogo. Todavia, muitos outros também estão desejando nela entrar: América MG, Chapecoense, Athletico Paranaense, Juventude, Coritiba, Fluminense e Bahia.
Apesar disso, como foi debatido no programa esportivo da Causa Operária TV, o “Na Zona do Agrião”, transmitido em 15 de maio, caso todos se tornem clube-empresa, isso seria capaz de impedir a queda dos quatro últimos? Mais importante ainda: as empresas não quebram? Quantas vezes seus donos simplesmente não pagam os trabalhadores, destroem o patrimônio da empresa e somem sem pagar a quem devem?
Quem já viveu a experiência de cobrar uma dívida em outro estado do Brasil pode imaginar a dificuldade que é cobrar de alguém que viva no exterior. O que pode acontecer quando o tal capitalista cansar de brincar de dirigente de futebol? Será que o seu herdeiro ou o próximo comprador vai estar interessado em ganhar títulos? Ou só em vender os melhores talentos?
No referido programa, foi citado o caso do Parma, clube italiano associado à Parmalat. O dono desta empresa realizou uma falência fraudulenta em 2004, e um dos seus efeitos foi a falência do clube.
O atual clube Parma, que está na série B, foi refundado em 2015 para representar a cidade de igual nome. Desta vez, os donos eram duas empresas, uma composta por sete empresários locais e a outra, por torcedores. Em 2020, um grupo estadunidense adquiriu 90% das ações do clube. Será que a história vai ser diferente desta vez?
No Brasil, já vimos clubes que sofreram devido às associações com grandes empresários. O caso Parmalat e Palmeiras ou o Corinthians e MSI são dois exemplos desastrosos. Capitalistas não têm compromissos com os clubes que adquirirem, e sim com o lucro.
As torcidas destes clubes podem e devem comemorar as vitórias dos seus times. Entretanto, precisam estar atentas, pois o risco destes capitalistas nas suas operações bilionárias devastarem os clubes, principalmente os mais tradicionais e populares, é enorme. Somente as torcidas podem evitar que tal destino nefasto aconteça.