A burguesia e o capital estrangeiro continuam sua série de ataques ao futebol brasileiro. Por um lado, há a intensa repressão às torcidas organizadas por parte do braço armado do Estado burguês, a Polícia Militar; e, por outro lado, temos a privatização dos clubes nacionais. A finalidade disso é o lucro de grandes grupos e empresários ligados principalmente ao imperialismo americano e o afastamento dos setores populares do esporte, tanto dos estádios quanto das decisões de seus clubes.
O Clube de Regatas Vasco da Gama, tradicional clube carioca, chamado carinhosamente por seus torcedores de “Gigante da Colina”, é a mais recente vítima dessa política. No último domingo (7), após votação de um total de 4907 sócios, a maioria decidiu por vender 70% das ações do clube, agora no formato de sociedade anônima (SAF), que facilita esse tipo de manobra, para o grupo financeiro norte-americano 777 Partners. Do total de votantes, 976 votaram contra a medida e 33 optaram por nulo ou branco.
Os pretextos para a entrega dos clubes brasileiros para o capital internacional são os mesmos utilizados para justificar a privatização em outros setores. Na imprensa tradicional golpista, nota-se o ataque às gestões vigentes, ao acúmulo de dívidas e a defesa de interesses ou paixões pessoais que interferem no profissionalismo que requer a administração de um clube esportivo. Dessa maneira, o torcedor, visto como cliente, não recebe um produto final adequado de seu time do coração.
Estes são, sem dúvida, problemas reais enfrentados por diversos clubes nacionais, porém o problema está na solução encontrada para esses impasses: A entrega total do futebol nacional para a especulação de grandes grupos financeiros internacionais. Levando a conclusão de que o esporte mais popular no país deve ser administrado por empresários que muito provavelmente nunca acompanharam de perto qualquer partida disputada pelas equipes que compraram.
A 777 Partners é uma empresa de investimentos criada em Miami em 2015 e atua em áreas como a aviação, comércio, empréstimos, tecnologia, mídia e entretenimento, ramo que dá margem à exploração do futebol. Seus fundadores são Steven Pasko, 73 anos e Josh Wander, 40, que foi quem representou a empresa na compra do Vasco da Gama.
O empresário deu declarações significativas que revelam sua relação com o esporte que tornou-se seu novo negócio: Afirmou que jamais imaginaria administrar clubes do chamado “soccer” (termo norte-americano para o futebol), pois sua paixão era o futebol de sua terra, sendo ele torcedor do Miami Dolphins. Ou seja, é um sujeito que pouco se importa ou sequer entende a dimensão que o futebol tem para a cultura brasileira.
A política neoliberal, típica do estágio decadente do capitalismo em que vivemos, tem como característica abandonar um determinado investimento assim que este não mais lhe serve, sem qualquer comprometimento. Isso é algo que o torcedor brasileiro e seus clubes não merecem passar.
Não haverá salvação do futebol brasileiro pelas mãos especuladores ligados ao imperialismo. Essa posição é totalmente reacionária. As torcidas, principalmente seus setores organizados, que sempre apoiam seus clubes e são responsáveis pela grande festa nos estádios, devem se mobilizar para retomar o futebol para o povo brasileiro.
Não podemos permitir que a maior paixão nacional sustente sanguessugas norte-americanos. O Vasco da Gama e os demais clubes nacionais pertencem às suas torcidas e ao povo brasileiro. Fora o imperialismo no futebol.