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Identitarismo

Cancelamento: Museu de artes de Denver censura Cristovão Colombo

Ao invés de caracterizar a América Latina e seus problemas hoje pelo que ocorre agora - a ditadura do imperialismo - a culpa é transferida a pessoas e eventos de séculos atrás

Na esteira das campanhas de cancelamento e revisionismo histórico, a coisa cresceu, e, agora, o Museu de Arte de Denver embarcou na campanha. O Museu retirou todas as referências a Cristóvão Colombo de suas galerias. Não apenas isso, mas algumas seções do museu foram renomeadas, e ainda foi inaugurada uma mostra de arte contemporânea para supostamente lidar com a questão e expandir o leque do museu. A arte pré-colombiana agora é Arte das Antigas Américas, e a arte hispânica colonial, Arte Latino-Americana.

O museu, que tem por destaque de seu acervo a coleção de objetos maias e astecas, além de possuir um expressivo número de pinturas e objetos do período colonial, está “abrindo uma nova porta” com exposições temporárias de arte contemporânea de artistas latino-americanos, com vistas a aumentar seu público. As novas exposições irão atualizar a história da América Latina, segundo o museu.

Segundo o diretor do Museu de Arte de Denver: “Acho muito mais fácil alguém se conectar à arte se ela fala do momento atual, se parte do contemporâneo para chegar à arte mais tradicional.” Vejamos como isso será feito.

A exposição que chega se chama “Who Tell a Tale Adds a Tail” (equivalente a “Quem Conta um Conto Aumenta um Ponto”), está reunindo temas como “gênero”, sexualidade, tecnologia, entre outros assuntos.

A colonização espanhola, antes marcada como um momento definitivo na história da América Latina, não será mais exposta dessa forma, mas será colocada ao lado de outras visões. Entre as novas exposições, uma sala com luzes neon e mesas de café, onde poesia homoerótica em espanhol pode ser escutada, é um dos exemplos do que está ocupando as galerias.

O questionamento da “masculinidade sexy e tóxica do vaqueiro e essa dualidade”, também é outra parte da exposição. Há ainda vídeos que metaforizam sobre a questão da violência sexual na sociedade contemporânea e pinturas em acrílico que exploram a relação entre o ser humano e a natureza.

Entre esses elementos que levam adiante a política do identitarismo, que substituem exposições com algum valor histórico real, uma se destaca por oposição, ao menos no tema: “A vingança da História”, que se utiliza de livros, recortes de jornal e um grande mural para relembrar o assassinato da guerrilheira colombiana Carmenza Cardona Londoño, em 1981, e comenta sobre a violência política na Colômbia.

Ainda segundo o diretor do museu: “Muitos problemas que esses artistas enfrentam hoje, se originaram com o primeiro momento de contato [com o colonizador].” Uma declaração que ilustra justamente a política do identitarismo.

Ao invés de caracterizar a América Latina e seus problemas hoje pelo que ocorre agora – o imperialismo, os golpes de Estado e invasões militares – a culpa é transferida a um homem, ou um evento, que ocorreu há séculos.

O único trabalho histórico é ocultado por um apanhado de arte politicamente inócua. As conexões históricas são inexistentes e o que se propõe a resgatar a história da América Latina termina por, de fato, enterrá-la sob o que é efetivamente um conjunto de obras que nada mais fazem que refletir a política do próprio imperialismo, o colonizador dos dias de hoje, que é o identitarismo.

A censura no museu foi sequência à derrubada de uma estátua de Colombo na frente do prédio, do outro lado da rua. Essa política também se expressou no Brasil, com os ataques à estátua de Borba Gato, ao Monumento às Bandeiras e à estátua de Pedro Álvares Cabral.

Enquanto Cabral foi responsável pelo descobrimento, ou seja, é um personagem histórico do início do processo que levou ao desenvolvimento do Brasil como é hoje, uma verdadeira potência entre os países atrasados, os bandeirantes levaram adiante a constituição do território nacional em toda sua amplitude que tem hoje.

Os ataques, que se propõe a defender os índios, são meros ataques ao Brasil. Enquanto estátuas da história nacional referentes a momentos importantíssimos da construção do País são chamuscadas e campanhas são feitas por sua remoção, os índios são assassinados à bala pelo latifúndio, não tem suas terras defendidas pelo judiciário e pelo STF, em particular, e ficam nas beiras das estradas numa miséria quase indescritível.

A política identitária é um ataque à História, mas, em particular, aos países atrasados. Ela desvirtua lutas reais para subjetividades sem conteúdo, que acabam por apenas enfraquecer movimentos reais de luta, esvaziá-los e sequestrá-los, inserindo a ingerência até direta de organizações do imperialismo, como as chamadas ONGs, e disso temos exemplos concretos, tal qual a “índia” do imperialismo, Sonia Guajajara.

Essa política deve ser combatida sem qualquer defensiva frente aos cancelamentos e à histeria que acusa de preconceituosos aqueles que de fato defendem os direitos do povo. O identitarismo deve ser denunciado sempre que aparecer.

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