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Burguesia quer Bolsogay para salvar a direita de Bolsonaro?

Eduardo Leite tem recebido grande propaganda por parte da imprensa burguesa, assim como do que resta da direita tradicional no Brasil

Uma das aberrações da política brasileira que ficou altamente evidente nas últimas eleições foi o apoio explícito da esquerda a Eduardo Leite, do PSDB, para o governo do Rio Grande do Sul.

Alegando a questão do “mal menor”, uma vez que seu adversário era o bolsonarista Onyx Lorenzoni, do PL, a esquerda em peso votou em Eduardo Leite, o qual foi emplacado para o segundo turno com uma diferença mínima do terceiro candidato, Edegar Pretto, do PT.

Leite, no fim das contas, ganhou a eleição com 57% dos votos, com uma margem de mais de 10 pontos de diferença de seu rival. O atual governador do Rio Grande do Sul, nesse sentido, é um dos únicos tucanos ainda vivos na política brasileira e, portanto, uma peça fundamental para a direita.

Outro fenômeno que vimos na última eleição foi o desaparecimento da direita dita como democrática, representada sobretudo pelo PSDB. Ao mesmo tempo, o bolsonarismo cresceu a ponto de dominar boa parte do Congresso, enquanto a esquerda conseguiu a presidência — ou seja, a polarização formada no País nos últimos meses é intensa e tem uma grande influência na situação política. É também um dos motivos pelo qual a imprensa burguesa e os candidatos do chamado centro político desincentivam tanto a polarização na população.

Uma parte da direita tradicional, por conta do fator já citado, acabou por debandar para o bolsonarismo. Isso fez com que esse setor ficasse sem ou com pouquíssimos truques na manga para eleger um representante seu com grande relevância.

Eis que surge então Eduardo Leite. Figura que se coloca como democrática, tem um cargo considerável e não é bolsonarista a ponto de rejeitar algumas políticas identitárias, mas também não é “esquerdista” a ponto de abertamente declarar apoio a Lula.

É visível e já faz um tempo que a burguesia tenta emplacar Eduardo Leite. Sua declaração sobre ser gay veio em um momento político importante de oposição ao bolsonarismo e acabava, aos olhos de alguns esquerdistas, por limpar sua barra apesar do fato de ter apoiado Bolsonaro em 2018 e ser, obviamente, um direitista. 

Agora, Leite esconde esse passado para se dizer isento nas eleições presidenciais, não apontando apoio para nenhum dos candidatos no segundo turno, se tornando também, no fim das contas, uma ótima opção para a direita tradicional para os anos que se seguem. De maneira geral, seu impulsionamento não tem sido muito bem sucedido — agora, considerando que é uma das únicas opções que restam para ser um candidato da burguesia, Leite provavelmente será o pivô da direita tradicional nos próximos tempos.

Basta observar: é possível dizer que a esquerda gaúcha fez uma campanha ferrenha para Leite, talvez até mais do que tenha feito para Pretto, que ficou a dois dedos de passar para o segundo turno. Alguns fatores que evidenciam isso foi o registro em uma cidade do estado em que os petistas, sem material próprio, no segundo turno fizeram campanha para Lula utilizando santinhos de Leite, colocando o “13” no campo do presidente, o qual estava vazio.

Outro fator que indica isso é o fato de Bruno Araújo, presidente atual do PSDB, considerar convidar Eduardo leite para ser presidente do partido em maio de 2023, quando o mandato da executiva atual termina — além de observarmos o fato de que o presidente é convidado, e não eleito, é interessante perceber a importância disso para a restauração dos tucanos no País.

Eduardo Leite participou do congresso do Movimento Brasil Livre (MBL) e foi saudado por este, ou seja, ganhou apoio do que seria a juventude do PSDB fora do partido, uma organização de cunho neoliberal que afirma rejeitar tanto a esquerda quanto a extrema-direita. Leite também é destaque cada vez mais frequente na imprensa burguesa e é alvo de diversos elogios por parte desta por sua “seriedade, compromisso” e outras baboseiras do tipo.

O fato é que, do lado da esquerda, é importante perceber que Leite é um direitista como qualquer outro, e tende inclusive a ser pior por sua pose de “progressista” que, na realidade, só esconde a política do PSDB, que destruiu o País em diversos âmbitos, que deu o golpe e que, no fim das contas, apoiou Bolsonaro.

Já do lado da direita, Leite é uma peça chave para a tentativa de acalmar os ânimos e restaurar a ala tradicional enquanto tenta afogar o bolsonarismo e a extrema-direita de maneira geral. Isso, no entanto, é improvável à medida que a polarização em caráter mundial só aumenta, com o trumpismo voltando com força nos Estados Unidos e a extrema-direita crescendo sem freios na Europa. A direita tradicional ainda tentará diversas formas de se emplacar no cenário político, uma vez que é a representante mais pura da burguesia neste quesito e assume o papel de estabilizadora do regime político para esta classe.

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