Nesta terça-feira (08), tiveram início as eleições de meio de mandato (midterm elections) nos Estados Unidos, responsáveis por eleger os representantes de cada estado para o Senado, o Congresso e governos estaduais e cargos menores. De maneira geral, apesar de a votação não ter terminado até o fechamento desta edição, os republicanos saem na frente, prometendo consagrar uma vitória sobre os democratas.
No que diz respeito às eleições aos governos, 14 estados não terão novos pleitos e, contando com as figuras eleitas até o momento, os republicanos contam com 24 estados contra 21 dos democratas. Ou seja, a predominância é dos vermelhos (cor dos republicanos), em especial, dos aliados de Trump, que apoiou 12 dos 15 já eleitos nestas eleições pelo Partido Republicano.
Entretanto, dentre as figuras republicanas vencedoras que não possuem boas relações com Trump, está Ron DeSantis, reeleito Governador da Flórida com uma diferença de quase 20 pontos percentuais entre ele e o segundo colocado. A imprensa norte-americana, porta-voz do regime político, que apoia Joe Biden e é visceralmente anti-Trump, faz uma grande campanha contra os republicanos, mas, com DeSantis, existe uma exceção.
Desde que Trump começou a se constituir como uma força política em grande medida independente do principal setor do imperialismo norte-americano, o grande capital tem feito esforços contínuos para isolar o trumpismo e neutralizá-lo, a começar pelo grande golpe que sofreu, em prol de Biden, nas eleições de 2020. Nesse sentido, procura uma alternativa a Trump que, justamente, pode ser DeSantis.
Por isso que a sua vitória nas eleições deste ano foi amplamente comemorada pela imprensa imperialista. O New York Times, por exemplo, publicou um artigo de opinião intitulado Ron DeSantis Acabou de se Tornar o Principal Candidato Republicano nas Eleições de 2024? , na qual afirma que DeSantis seria uma figura muito mais comedida e propícia a concorrer para a presidência daqui a dois anos do que Trump. Ademais, o mesmo jornal publicou, em setembro, outro artigo intitulado Ron DeSantis é o Futuro do Partido Republicano?, uma ode ao governador da Flórida. Sua rixa com Trump é, ademais, constantemente incentivada e propagandeada, como visto pelo artigo do Washington Post.
Aqui, vale lembrar que DeSantis foi responsável pelo terceiro maior número de mortes pela covid-19 nos Estados Unidos com sua política de abertura absoluta frente à pandemia. Política que, inclusive, foi defendida por Trump. O governador eleito da Flórida, além disso, baseou a sua campanha na tese de que ele seria um enviado de Deus na Terra. Qual a sua diferença em relação a Trump, nesse sentido? Fica claro que o apoio do imperialismo à candidatura de DeSantis não representa uma concordância com a sua política, mas sim, serve para enfraquecer Trump, pois ele possui uma base que, facilmente, pode sair do controle do grande capital e desestabilizar o regime político ─ como vem fazendo no último período.
E mais: o imperialismo não esconde sua preferência e o seu impulso à candidatura de DeSantis. Todas as pesquisas indicavam que ele levaria o pleito com uma margem de cerca de 12 pontos percentuais, 8% abaixo do que efetivamente se concretizou. Mais obscuro ainda, Roger Stone, o candidato de Trump ao governo da Flórida, declarou que concorreria ao cargo para tirar votos de DeSantis e impedir que ele avançasse dentro do Partido Republicano ainda em 2021. Entretanto, seus planos falharam quando ele foi intimado, poucos dias depois, pelo comitê especial do Congresso montado para investigar a invasão do Capitólio.
Finalmente, fica claro que as eleições na Flórida foram fraudadas de várias maneiras possíveis pelo imperialismo, não porque eles querem os republicanos no poder, mas porque querem exatamente o candidato anti-Trump nas primárias do Partido Republicano de 2024. É uma tentativa de alçar uma alternativa a Trump para que ele não concorra no pleito contra os democratas, algo que deve se concretizar nos próximos dias.
