O governo Bolsonaro, por meio do diretor de Concessões e Privatizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Abrahão, anunciou em plena Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito, que a carteira de projetos de concessão de reservas florestais do banco vai ganhar mais 15 ativos a serem “estruturados”, com a inclusão de 600 mil hectares em áreas preservadas pelo governo do Estado do Amapá.
Também estão na lista do programa de entrega para exploração do capital privado o Parque Nacional Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, os parques estaduais de Ibitipoca e Itacolomi, em Minas Gerais, que deverão ser licitados até o fim deste ano, e o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará. O programa do BNDES já abrange 17,8 milhões de hectares, equivalente a todo o território da Inglaterra ou duas vezes o território de Portugal.
Derrotado nas urnas, o governo entreguista de Bolsonaro procura, no apagar das luzes, apressar as entregas desses ativos ambientais para o controle da iniciativa privada. Isso sob a pressão de setores do grande capital interessados em ganhar dinheiro com a entrega dessas áreas que pertencem ao povo brasileiro.
Outra política
No último dia 10, em encontro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona a transição do governo, o presidente Lula declarou que “ as empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não vai ser fatiada, quero dizer que o Banco do Brasil não vai ser privatizado, assim como a Caixa Econômica e o BNDES, o BNB (Banco do Nordeste) e o Basa (Banco da Amazônia) voltarão ser bancos de investimento”.
O discurso do presidente eleito contra as privatizações e em defesa do patrimônio nacional reforça as propostas nesse sentido que ele defendeu na campanha e que receberam o apoio de dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros, que sentiram na própria pele os resultados das privatizações e sabem da importância de parar essa verdadeira sangria.
Na véspera, Lula já havia declarado que seu novo governo vai investir no povo pobre, na saúde pública e em programas sociais como Farmácia Popular, além de se comprometer em erradicar a fome no País.
O “mercado” reage, a classe operária deve intervir
O pronunciamento provocou reação dos banqueiros e outros especuladores financeiros que fizeram cair a Bolsa e subir o dólar, mostrando que essas e outras políticas de interesse do povo vão enfrentar uma reação dos sanguessugas que vivem de parasitar os orçamentos públicos e expropriar o povo trabalhador.
Os sindicatos e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) devem unificar os trabalhadores e o conjunto da população em torno de um programa de luta, não somente contra as ameaças e privatizações em curso, mas pela reestatização das estatais como a Eletrobrás, Vale do Rio Doce, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), empresas de telecomunicação (antiga Telebrás) e demais estatais privatizadas, fundamentais para impulsionar o desenvolvimento do País e garantir melhores condições de vida para o povo, se estiverem sob o controle dos trabalhadores.
Além disso, é preciso mobilizar pela nacionalização do petróleo e demais riquezas minerais e pela reestatização da Petrobrás, que hoje tem mais de 70% de suas ações nas mãos de grupos privados, nacionais e estrangeiros.
É preciso defender um governo dos trabalhadores que enfrente os tubarões capitalistas e ponha fim à política entreguista também nos municípios e estados e, assim, garantir condições de vida ao povo brasileiro, um amplo desenvolvimento da indústria nacional e o controle das riquezas nacionais.