A campanha do ex-presidente Lula divulgou uma “Carta para o Brasil do Amanhã”, uma espécie de “Carta aos Brasileiros” de 2002, mas que não atingiu o resultado que os grandes capitalistas poderiam esperar.
Tratam-se de propostas extremamente rebaixadas mesmo para um programa capitalista e reformista, falando sobre uma “nova” legislação trabalhista, “desmatamento zero” na Amazônia (o que é inviável para quem quer desenvolver o País) e acenos claros ao latifúndio, por exemplo.
Apesar disso, os capitalistas não viram com bons olhos o documento. Coluna de Alvaro Gribel no jornal O Globo informa a opinião de membros do mercado financeiro. A reação teria sido negativa até mesmo entre aqueles que supostamente votarão em Lula.
Publicamente também foi notória a insatisfação. A Ibovespa caiu no momento em que a carta foi apresentada.
A conclusão disso tudo é muito óbvia: Lula não é o candidato da burguesia e do imperialismo e os grandes capitalistas não querem a eleição de Lula de jeito nenhum, nem mesmo que ele se apresente como um amigo dos bancos, nem mesmo que ele faça concessões. “Lula, não!” ─ essa é a opinião dos banqueiros.
Tal fato contraria, assim, a posição de um setor da esquerda que acredita que Lula seja o candidato do imperialismo nestas eleições. Contradiz, também, quem acha que, mesmo não tendo Lula como o candidato predileto, a burguesia estaria o apoiando.
É ainda um alerta à campanha de Lula e ao PT. Os capitalistas farão de tudo para impedir a sua vitória. Os capitalistas estão mobilizados, como classe, a favor de Bolsonaro. O número absurdo de denúncias de “assédio eleitoral” ─ ou melhor, coação patronal ─ ao Ministério Público do Trabalho (MPT) é outra prova disso. O despejo de mais de 85 milhões de reais na campanha de Bolsonaro por empresários ─ sendo quarenta vezes maior do que o que Lula recebeu, no segundo turno ─ é outra comprovação.
Se uma classe social inteira, a mais poderosa, que domina o regime, está mobilizada em peso contra Lula e a favor de Bolsonaro, portanto a única saída para impedir esse verdadeiro golpe eleitoral tramado para amanhã é a mobilização em massa da classe operária.
Lula, o PT e a CUT precisam mobilizar e manter mobilizados os trabalhadores e a população pobre, que não podem sair das ruas até que a vitória de Lula seja confirmada, até que Lula seja empossado e até que a burguesia seja derrotada.