No dia 13 de dezembro, o jornal golpista Folha de S.Paulo o artigo “Juros sobem em reação a comando da economia de Lula 3 e BC faz alerta”, destacando o comportamento do Banco Central diante da política nacionalista que o presidente eleito pretende levar adiante. Naquele momento, Lula começava a organizar a equipe econômica do seu futuro governo, tendo Fernando Haddad, um homem de sua confiança, à frente. O Banco Central, por sua vez, emitiu um documento em que alerta para o risco em aumentar os “gastos do governo” e decidiu não alterar a taxa de juros.
O caso deixa claro a que vem o tal “Banco Central independente”: utilizar um órgão que deveria ser controlado pelo governo contra o governo. Isto é, quando Lula diz: “vamos levar adiante uma política de investimento de ampliação da economia”, vem o Banco Central e diz: “vamos manter a taxa de juros do Brasil, que é a mais alta do mundo”. No final das contas, quem decide o que vai acontecer na economia não é o presidente eleito por 60 milhões de votos, mas um cidadão que ninguém sabe quem é e que foi indicado pelo governo anterior para atender os desejos do “mercado”.
Uma coisa é clara: é necessária uma campanha para acabar com a tal independência do Banco Central. Essa campanha é urgente, que precisa ser feita sobre a base de uma mobilização na opinião.
O Banco Central está sabotando a política econômica do governo que está prestes a tomar posse e que, por sua vez, tem uma política de expansão da economia. A política do Banco Central, por sua vez, é uma política recessiva, de retração da economia. É uma contradição muito aguda.
Para que se tenha uma ideia do efeito dessa política, com a taxa de juros no patamar em que ela está, os detentores do capital são todos estimulados a investir na especulação financeira, o que trava o investimento no próprio desenvolvimento do País. Além disso, com o aumento da taxa de juros, também aumenta em milhões a dívida pública do Estado, o que acaba por sugar ainda mais o orçamento nacional. Sem contar, por fim, que a alta taxa de juros inibe fundamentalmente o consumo, sobretudo das camadas mais pobres da população.
O Banco Central, neste sentido, é um órgão de oposição à política econômica do governo controlado pelos banqueiros. A imprensa apresenta o Banco Central como a salvação da lavoura diante das “loucuras” do governo Lula, mas, no final das contas, é um agente dos banqueiros para impedir que o governo tenha sua própria política.