O 1º de maio é, internacionalmente, um dia de luta revolucionária próprio da classe operária. Nasceu com o combate pela redução da jornada de trabalho, uma reivindicação diretamente ligada à batalha pelo socialismo. Foi estabelecido em uma data apropriada para homenagear os mártires da luta operária contra o capitalismo em todo o mundo, personificados pelos militantes operários executados em Chicago em função das lutas travadas naquela cidade norte-americana no dia 1º de maio de 1886.
Essas origens assinalam a sua função política para os trabalhadores: é um dia de mobilização política, de organização e de discussão sobre os rumos da luta da classe trabalhadora nacional e internacionalmente.
O sentido do 1º de maio não é de realizar uma festa inócua, um ritual para iludir demagogicamente a classe operária, mas o de: a) mobilização pelo programa imediato e histórico da classe operária; b) expressão das principais lutas operárias e populares em curso; e c) definição e afirmação da perspectiva política da classe operária para o momento político.
O governo da direita bolsonarista tem sido uma continuação dos governos neoliberais. Somente na época da ditadura que o capital monopolista nacional e estrangeiro esteve tão à vontade quanto agora para aumentar ilimitadamente os seus lucros à custa das massas. O ataque às condições de vida dos trabalhadores não para de aumentar: inflação galopante, desemprego em massa, terceirização, baixos salários, acidentes de trabalho, aumento da jornada, aumento de impostos, liquidação progressiva dos serviços públicos, privatização, liquidação dos direitos trabalhistas, aumento da miséria, entre muitos outros.
É com esse receituário que os governos da burguesia chamaram as massas a financiar os lucros dos banqueiros e capitalistas em um momento de crise terminal do capitalismo. No campo, os latifundiários, especuladores e mineradores impõem um regime brutal de ocupação da terra com a expulsão do pequeno lavrador, dos povos indígenas e do trabalhador pobre. Os assassinatos de ativistas se sucedem e, no Congresso Nacional, os latifundiários impõem todos os seus desejos como se viu na questão da MP da grilagem de terra, o qual dá carta branca para uma ocupação da terra ainda mais vasta.
No Rio de Janeiro, a população trabalhadora, nos morros, foi colocada abertamente sob uma ditadura policial-militar, estabelecido com o pretexto de “combate” ao crime e ao tráfico de drogas.
No movimento estudantil, o governo lançou a maior ofensiva de toda a história contra as universidades púbicas, promovendo abertamente a privatização da universidade e um ataque brutal à organização dos estudantes e dos funcionários por meio do Ensino à Distância (EAD).
Os partidos burgueses, o governo, Congresso e Judiciário, ou seja, o conjunto da burguesia organizada no Estado, tem desenvolvido um enorme assalto contra os direitos democráticos da população explorada em geral. O destaque desse assalto é a cassação virtual de todo direito de greve, a interdição da liberdade de expressão e uma violenta afronta reacionária contra as mulheres, tendo como centro a questão do direito ao aborto. Soma-se a isso o crescimento da repressão policial.
Diante disso, a categoria bancária tem todos os motivos para estarem, em peso, nas manifestações do Dia do Trabalhador, no 1º de maio, que acontecerão em todo o País, contra a ofensiva dos banqueiros e seus governos. A categoria bancária está comendo o pão que o diabo amassou nas mãos desses parasitas, através das demissões em massa, arrocho salarial, assédio moral como forma de pressão para a venda de produtos bancários, fechamento de agências e dependências bancárias, descomissionamentos, transferências compulsórias, privatização, ataque aos fundos de pensões e os planos de saúde dos trabalhadores. Ou seja, um gigantesco aprofundamento dos ataques às já precárias condições de vida dos trabalhadores bancários, com o objetivo, única e exclusivamente, de manter os fabulosos lucros dos banqueiros que não param de crescer.
E é nesse sentido que se coloca em pauta, de modo imediato, a defesa dos salários e do emprego através de uma luta pela escala móvel de salários e pela redução da jornada de trabalho. Toda essa situação impõe à classe dos trabalhadores e aos explorados levantar um programa de reivindicações claro: não às privatizações, anulação das privatizações realizadas, controle das empresas estatais pelos trabalhadores; não às demissões, fim das terceirizações; direito de greve e liberdade de expressão; fim da PM e de todo o aparato armado do regime burguês; direito ao aborto; fim dos assassinatos no campo, organização da autodefesa dos sem terra; imposto único sobre a renda e a propriedade, estatização dos bancos e de todo sistema financeiro; aposentadoria integral aos 25 e 30 anos de trabalho para mulheres e homens, respectivamente.
Além disso, deve ficar claro que esse programa somente pode ser imposto pela organização e mobilização dos trabalhadores independentes da burguesia e seus apoiadores.
Apesar de toda a devastação, é importante destacar que as lutas operárias e populares estão dando mostras de evolução no último período com o surgimento de uma série de mobilizações verdadeiramente vanguardistas.
Dois grandes acontecimentos marcaram a situação política recentemente. A greve radicalizada dos metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a dos Garis do Rio de Janeiro. Não se pode organizar uma política séria para o movimento de massas sem, neste momento, compreender o sentido dessas lutas, assim como em outras mobilizações menores do mesmo período de caráter semelhante (professores, servidores públicos).
A principal característica dessas mobilizações, e que as diferencia dos movimentos realizados em período anteriores, é que conseguiram efetivamente ultrapassar a política de contenção dos pelegos da Força Sindical e da UGT. Em ambos os movimentos, os trabalhadores, com o impulso das suas lutas, quebraram o mecanismo de contenção do conjunto da burocracia sindical, inclusive da sua ala esquerda, abrindo caminho para um movimento de luta e uma organização verdadeiramente independente em muitos anos.
Esses fatos demonstram que a situação evolui claramente para um período de ascensão efetiva das lutas dos oprimidos, uma vez que a transformação da atual etapa em uma etapa em que predominem as lutas depende fundamentalmente de uma mudança qualitativa na consciência das massas, ou seja, dos elementos dirigentes e que organizam estas lutas. Em ambos os casos, foi isso o que se viu.
Por isso, a tarefa do momento é aprofundar com todas as forças essa ruptura, o desenvolvimento dessa consciência e a organização de uma alternativa classista de fato, ou seja, com um programa que efetivamente defenda os interesses imediatos e estratégicos da classe operária apoiado na luta contra as direções burocráticas pequeno-burguesas que estrangulam as organizações operárias e populares, em primeiro lugar, os sindicatos.
A tarefa fundamental para este 1º de maio, do ponto de vista da perspectiva política dos trabalhadores é, portanto, a de delimitar-se claramente todas as forças que, no seio do movimento dos trabalhadores, foram responsáveis por todas as derrotas do último período. Por conseguinte, é preciso concentrar as forças que estão surgindo em um verdadeiro polo classista e de luta que compreenda todos os elementos, correntes, grupos, sindicatos, organizações etc., efetivamente apoiados na luta que, atualmente, se expressa com maior intensidade nas palavras de ordem: Fora Bolsonaro e todos os golpistas; Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores.