Bolsonaro se juntou de modo informal aos signatários da chamada “Carta em defesa da Democracia”. O presidente declarou por meio de seu twitter:
“CARTA DE MANIFESTO EM FAVOR DA DEMOCRACIA. ‘Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia.’”.
A postagem irônica de Bolsonaro busca ridicularizar o documento simplesmente porque a iniciativa é uma manobra da burguesia não para favorecer a ele, mas a terceira via, revela. No entanto, a hipocrisia daqueles que defendem o manifesto.
Da boca para fora qualquer um pode defender a “democracia”, até mesmo Bolsonaro.
Um manifesto por uma democracia completamente vazia de conteúdo. Que democracia há para se defender em um país onde a polícia mata a população pobre e negra em uma escala industrial? A democracia defendida pelos signatários da carta é a democracia burguesa, mas o caráter em questão nunca é mencionado nesse debate.
O documento, cuidadosamente apresentado como “uma iniciativa de ex-alunos da Universidade de São Paulo” é supostamente uma respostas às críticas, legítimas, diga se de passagem, de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação.
Dentre os signatários da carta podemos encontrar até mesmo a FIESP, que inclusive vai mais além e prepara um chamado para um ato público no dia 11 de agosto “em defesa da Democracia e da Justiça”.
A mesma FIESP que encheu a Avenida Paulista de patos amarelos para incitar o impeachment fraudulento de Dilma Rousseff em 2016 ,rasgando o voto de mais de 50 milhões de brasileiros, hoje se apresenta como ferrenha defensora da democracia…
Além da FIESP também assinam a carta tucanos, procuradores que trabalharam na Lava Jato, o advogado que ajudava a campanha do ex-juiz Sérgio Moro, ex-ministros de FHC, Temer, empresários, economistas liberais e João Doria…
Diante do nome de tantos inimigos do povo, até mesmo o próprio Bolsonaro, cuja carta diz querer combater, poderia estar perfeitamente dentre os signatários.
Depositar qualquer confiança em um documento como esse é o mesmo que buscar apagar da memória do povo brasileiro o que todos esses golpistas fizeram e fazem contra ele. É abrir caminho para que uma golpista como Simone Tebet possa muito em breve se apresentar como a candidata que defende a democracia, que combate a polarização, dentre outras baboseiras que a burguesia inventa para conseguir viabilizar os candidatos do neoliberalismo puro sangue.
Se as palavras passarem a valer mais do que os atos, até mesmo Hitler, se ainda estivesse vivo, poderia a partir de agora ser considerado um democrata, bastaria escrever que é.