No final do mês passado, no dia 30 de novembro, o governo do golpista Jair Bolsonaro privatizou a única refinaria da região Norte do Brasil, a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus (AM), do sistema Petrobrás. A entrega de mais essa refinaria já teve repercussões imediatas em toda a região. A empresa que adquiriu a refinaria imediatamente aumentou o preço do botijão de gás de cozinha e declarou que o preço pode subir mais em 2023.
Em Boa Vista (RR), o preço do botijão de 13 quilos já chega a R$135, mais de 10% acima da média do estado na semana passada, que estava em R$121, o quinto mais caro do Brasil segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O aumento foi de 93 centavos por quilo já no dia primeiro de dezembro, dia seguinte à conclusão da entrega da refinaria.
Um crime de lesa-pátria
A Reman foi vendida por U$257,2 milhões, quando a renovação do seguro da refinaria, avaliado pela Petrobrás e pelas seguradoras para o período de 30/11/2022 a 31/05/2024, ficou no valor de U$820,8 milhões. Uma demonstração da verdadeira entrega ao setor privado feita pelo governo.
Esse crime contra o Brasil é questionado pelos petroleiros judicialmente. A Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás) e o Sindipetro Amazonas (Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas) entraram com uma série de ações em instâncias institucionais variadas.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vem organizando atos locais e se prepara para um dia nacional de mobilização na próxima quarta-feira, dia 7 de dezembro, contra as privatizações que vêm ocorrendo a passos rápidos no sistema Petrobrás. O governo Bolsonaro, em seus últimos meses, privatizou uma série de refinarias, e ainda há muitas outras em processo avançado para a privatização.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, sobre esse atentado contra o País, afirmou que:
“A venda da Reman e de seus ativos logísticos foi concluída no apagar das luzes, a 30 dias da posse do novo governo, criando mais um monopólio regional privado contra o cidadão brasileiro. A refinaria foi vendida a preço de banana por uma administração especialista em liquidação do patrimônio público.”
Ataques em série
No mesmo dia da entrega da Reman, também foi privatizada outra refinaria, a Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. Essas duas privatizações, no dia 30, se somaram a uma série de outras que o governo de Jair Bolsonaro está realizando no apagar das luzes.
Em 4 de novembro, foi entregue a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, no Paraná e, ainda, até o fim do mandato, há risco de privatização da Fábrica de Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), do Pólo Bahia Terra, de Albacora Leste, do Terminal Norte Capixaba e da Petrobras Biocombustível (PBio), todas em processo avançado de venda.
Reverter o golpe
A única forma de enfrentar a verdadeira destruição nacional, conduzida pelos governos da direita e pelo golpe de 2016, continuado pela farsa eleitoral de 2018, é fazer avançar um governo que desenvolva o País, sem concessões ao imperialismo e à burguesia entreguista.
O petróleo precisa ser 100% estatal, totalmente nacionalizado. A Petrobrás, em todos os níveis, precisa ser estatizada para cumprir o seu papel de exploração do petróleo e outros combustíveis de maneira 100% submetida aos interesses nacionais, dos trabalhadores brasileiros.
Para conseguirmos chegar lá, não basta esperar que o governo Lula o faça. Será preciso uma forte mobilização simplesmente para sustentar o governo, que deve, além disso, levar a política de Lula adiante, fazê-la avançar pelas demandas da base.
O movimento dos trabalhadores, através das suas organizações, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), deve pressionar Lula por essas pautas, com suas bases centralizadas sob esse programa de desenvolvimento do Brasil.
O coordenador do Sindipetro Amazonas, Marcus Ribeiro, já se pronunciou nesse sentido através das redes do sindicato, pela reestatização da Reman. Somente assim será possível reverter a destruição e abrir caminho para um progresso do País e para a situação calamitosa de vida dos trabalhadores brasileiros. Para que o governo Lula seja, de fato, um governo dos trabalhadores.