Os embates que estão sendo travados agora entre o futuro governo Lula e os grandes capitalistas são a demonstração de uma importante verdade para o Brasil: os capitalistas não irão tolerar um governo que faça um mínimo para o povo, os especuladores desejam manter uma mão apertada sobre o pescoço da nação.
Hoje, de acordo com dados da “Auditoria Cidadã da Dívida”, mais de 50% do orçamento nacional foi comprometido com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública. O segundo maior gasto, o das pensões, conta apenas e tão somente 19% do total orçamento. A saúde, o quarto maior gasto significa apenas 4% do montante total de quase 3,861 trilhões de reais. O imperialismo norte-americano busca manter esta fanfarra financeira, afinal não o fazem no seu próprio país, lá o gasto com juros e amortizações é de 400 bilhões de dólares, algo similar ao que temos aqui, mas num orçamento bastante maior, lá ele não compromete 50% do orçamento, mas 8%, sendo o 6º maior gasto.
Os especuladores exigem que continue a ser feito exatamente isto, querem que o Estado seja transformado numa máquina de dar dinheiro para os ricos, portanto não poderia haver espaço para nenhuma medida social de envergadura, apenas para meias-medidas, comparável a uma esmola.
Os que apoiaram a candidatura de Lula e que desejam vê-la bem-sucedida devem abrir os olhos para essa situação e entender: sem enfrentamento, sem conflito, sem mobilização popular não haverá nenhuma chance de desenvolver o País e tirar a população da miséria.
Seria necessário apresentar um amplo programa de transformação social, concreto e chamar o povo a lutar por ele. Para aprovar essas medidas, é preciso entender que não haverá maioria no parlamento, mas é possível atingi-la se colocarmos a força da mobilização de rua contra os capitalistas.
Os companheiros do PT (Partido dos Trabalhadores) têm relutado em chamar os trabalhadores à luta. É preciso entender que a situação pode se degradar rapidamente, inclusive com vias para um novo golpe de Estado. É preciso mobilizar o povo antes que esse momento chegue.
O companheiro João Pedro Stédile, do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), apresentou a proposta de fortalecer os comitês populares e criar fóruns municipais para discutir as demandas dos trabalhadores, depois organizar conferências estaduais e finalmente uma nacional, ele está correto. É preciso dar uma forma organizava clara aos anseios populares, criar fóruns onde a população possa discutir os problemas e tomar decisões. Se os trabalhadores participarem da decisão, eles irão lutar para vê-la cumprida.
Esta mobilização precisa ser encabeçada pelos partidos de esquerda e as organizações de massas dos trabalhadores como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST e UNE (União Nacional dos Trabalhadores) que já detém uma estrutura para organizar a população em escala nacional. É preciso que esta seja a base do governo e que o governo se torne uma expressão dos anseios desta base, assim poderemos realizar as mudanças tão necessárias para o desenvolvimento do País, uma melhoria grande e duradoura das condições de vida da classe operária.
