No início da pandemia de Covid-19 havia nas redes sociais um sentimento de que da tragédia emergiria um mundo melhor, mais solidário, mais humano. Excetuando para os “chatos do PCO”, que tinham convicção de que de uma tragédia provocada pela falência do capitalismo só poderia advir um mundo ainda pior.
O próprio tempo e os noticiários trataram de apagar os últimos vestígios de esperança daqueles que se iludiram. O desemprego é alarmante; o aumento da fome, da pobreza, de doenças, conflitos armados, ondas migratórias oriundas de países devastados, estão atingindo patamares perigosíssimos. Convulsões sociais estão suspensas por um fio.
A pandemia abriu todo um campo para a predação capitalista. Com boa parte das lideranças sindicais tremendo embaixo da cama e pregando o “Fica em Casa”, para a direita ficou fácil. Curiosamente, os hipócritas que nos criticavam por insistirmos que não se deveria abandonar as ruas, deixaram de lado os próprios conselhos e saíram à cata de votos. Passado o período eleitoral, a esquerda de pijama voltou para o sofá.
A rapinagem
No Brasil, enquanto se discutia um auxílio miserável para parte da população necessitada; auxílio, diga-se, que demorou a ser liberado, o governo deu para os bancos, logo de cara, em uma única canetada, R$ 1,2 trilhões, o equivalente a 16% do PIB.
Os ricos estão ficando cada vez mais ricos, tudo isso às custas do aumento da pobreza. Em 2021, os 500 maiores bilionários ficaram US$ 1trilhão mais ricos (R$ 5,57 trilhões). O patrimônio dessa gente é de R$ 46,9 trilhões, ou seja, o mesmo que seis anos de toda a riqueza que o Brasil produz. Dez desses multibilionários têm fortunas acima de US$ 100 bilhões.
Alguém pode se perguntar como é que se consegue tanto dinheiro. Bom, só para citarmos um exemplo, Elon Musk, o homem mais rico do mundo, que ganhou mais US$114 bilhões e agora totaliza US$ 270 bilhões, confessou no Twitter que participou do golpe sanguinário na Bolívia. Jeff Bezos, o segundo mais rico do mundo (US$192 bi) acha que os trabalhadores mal precisam de perder tempo para almoçar. Sua empresa, a Amazon, obrigou funcionário a trabalharem durante uma série terrível de tornados nos EUA, o que custou a vida de diversos funcionários que estavam em galpão que foi atingido e desabou.
O lucro acima da vida
Este Diário sempre insistiu na quebra das patentes das vacinas e exigiu testagem em massa da população, vacina para todos, e também denunciou a atitude criminosa tanto de Bolsonaro quanto dos governadores ‘científicos’.
As patentes não foram quebradas e houve uma guerra de vacinas por parte do imperialismo que queria impedir que países adotassem as vacinas russas ou chinesas para combater a Covid. Simultaneamente, bloqueou a compra de ventiladores pulmonares por parte de Cuba por uma empresa suíça e também a compra de seringas. Em âmbito nacional, Bolsonaro e João Doria buscaram fazer uso eleitoreiro da vacina, ou que custou a vida, oficialmente, pois não se sabe o número correto, de mais de 600 mil brasileiros.
O continente africano está jogados às moscas, praticamente não se vacinou, e foi justamente ali que surgiu uma nova cepa, a Ômicron, que está se espalhando em velocidade avassaladora e colapsando o sistema de saúde de diversos países da Europa.
Enquanto tudo isso acontece, os lucros dos grandes laboratórios são estratosféricos. Em 2021, três laboratórios, Pfizer, BioNtech e Moderna deverão lucrar US$ 34 bilhões. Notem bem, estamos falando de lucro, e não de faturamento.
Repressão brutal
Toda essa barbárie só é possível com o aumento da repressão. É preciso uma ditadura para manter a população mundial sob esse severo ataque. No Brasil, apesar de terem sido proibidos os despejos e limitação de ações militares, tudo isso só vale no papel, na vida real, os despejos continuam e as polícia mata como nunca nas periferias e nos morros.
No restante do mundo, o imperialismo continua com suas guerras intermináveis. No Afeganistão, por exemplo, que até agosto passado esteve sob ocupação do imperialismo, a população praticamente não foi vacinada. Para piorar, depois que foram expulsos daquele país pela ação popular e do Talibã, congelaram seus ativos financeiros, o que está obrigando o fechamento de hospital para o tratamento da Covid-19. Até agora não se ouviram os protestos dos identitários que estavam tão preocupados com a situação das mulheres.
Este é um pequeno retrato do que é o imperialismo. O capitalismo não tem qualquer empatia ou civilidade. Esses grandes bilionários, exaltados pela grande imprensa, nem procuram esconder seus crimes, seus golpes que matam a população e levam países à ruína. A única saída para essa situação é a intervenção direta das massas, da classe trabalhadora, que tem o dever de varrer da face da Terra esse sistema cruel que não tem nada a nos oferecer além de extrema crueldade e barbárie.
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