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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Copa do Mundo

A farsa europeia revela-se em toda a plenitude

Dinamarca, Bélgica e Alemanha, queridinhas da imprensa, não passam nem da primeira fase

A Seleção Brasileira volta a campo hoje para fechar a participação na fase de grupos da Copa. Esperamos que vença Camarões e se classifique com 100% de aproveitamento para as oitavas.

Tite vai entrar com o time reserva para poupar os jogadores e para estar possibilidades que podem ser usadas ao longo do campeonato. Poderíamos colocar reserva entre aspas, ele está mais para outra Seleção de tantas que o Brasil poderia montar com seus jogadores habilidosos. Nesse sentido, espera-se também que mesmo com o time reserva o Brasil não passe o sufoco que passou a França, que segundo tempo de jogo teve que recolocar os titulares para não perder da Tunísia, mesmo assim perdeu.

E é justamente sobre os europeus que queria falar. Apesar desse pequeno vexame, a França, com seus jogadores africanos, aparentemente continua sendo a seleção europeia com mais possibilidades. Conseguiu quebrar a maldição imposta pelos deuses do futebol contra a seleção campeã da Copa anterior. Desde 2002, com a própria França, que tinha sido campeã em 1998, que um campão da Copa não passava nem para a segunda fase, com exceção feita ao próprio Brasil em 2006. Essa informação é importante porque revela a farsa do grande futebol europeu, amplamente divulgada pela imprensa.

Mas essa Copa estava guardando outras coisas bem mais interessantes da farsa europeia. A Dinamarca chegou à Copa como sensação. O time fez boa campanha na Europa – o que mostra a fraqueza das seleções de lá. Não passou para a segunda fase numa campanha pífia, digna de país estreante em copas.

Mas foi ontem o dia mais importante. Primeiro, a Bélgica, seleção que eliminou o Brasil na copa passada. Fomos obrigados a ouvir durante quatro anos jornalistas falarem da “geração belga”.Não só isso, por algum motivo misterioso os belgas eram segundo lugar no ranking da FIFA. Ontem, foram eliminados tendo feito apenas um gol na Copa e tomado dois, empataram com a Croácia em 0 a 0, perderam para o Marrocos por 2 a 0 e ganharam do Canadá de 1 a 0. Uma campanha ridícula.

O que falar então da Alemanha, companheiros. Pela segunda Copa seguida estão fora da segunda fase. Mas, assim como a Bélgica, não foi uma mera desclassificação, que já é um vexame por si só. Perdeu do Japão no jogo de estreia, empatou com a Espanha e a vitória sobre a Costa Rica não foi suficiente. Aqui, destaque para a Espanha, que também perdeu do Japão, por pouco não se desclassificando também. Japão passou em primeiro do grupo, Espanha em segundo. Alemanha deu adeus.

Apesar de não ter se desclassificado por pouco, a Espanha também revela-se uma seleção fraca, futebol feio, enfadonho. Nas vésperas do jogo entre alemães e espanhois, o técnico da Espanha, Luis Enrique, afirmou que o jogo seria uma “dispute pela posse de bola”. Realmente, disputaram tanto a posse de bola que conseguiram empatar o jogo em 1 a 1 (pelo menos conseguiram fazer gols). A imprensa brasileira, com mentalidade colonizada, repete essas idiotices como se fossem coisas fenomenais, como se estivéssemos falando de seleções maravilhosas. Somos obrigados a ouvir essas coisas. Tudo o que os europeus fazem é maravilhoso, tudo o que os brasileiros fazem é ruim. A “posse de bola” quase desclassifica a Espanha e desclassificou a Alemanha, ambas não conseguiram ganhar do Japão. O comportamento da impressa: “nossa, que zebra, quem diria que essas seleções tão maravilhosas seriam eliminadas, perderiam para o Japão!”.

A admiração canina pelo medíocre futebol europeu não é de hoje, Nelson Rodrigues – mais um vez ele – parece estar falando dos jornalistas atuais em crônica de 1970: “Mas eis o que eu queria dizer: — no segundo tempo, um dos visitantes fez uma coisa que, em futebol, é a vergonha inapelável e eterna: — atrasou do meio de campo. Ao meu lado, na tribuna de imprensa, o botafoguense Serginho explodia em arroubos: — “Como eles atrasam bem! Com que tranquilidade!” Por aí se vê que admiramos mais os defeitos ingleses do que as virtudes brasileiras.

Note que a crônica falava sobre os ingleses, então atuais campeões do mundo. Ainda bem que os brasileiros não seguiram os “conselhos” dos jornalistas da imprensa colonizada que diziam que o Brasil precisa seguir o exemplo do planejamento alemão ou belga. Se o Brasil deixar de ser Brasil, seguido esses conselhos, começaremos a elogiar o atraso de bola.

Mas ainda bem que os chamados deuses do futebol, demoram, mas fazem justiça.

Voltando à Seleção Brasileira, o time reserva é muito melhor. Não melhor que Camarões apenas, mas que todo o resto das seleções da Copa, basta jogar o que sabe. O Brasil não levou gol nem chute a gol, tamanha a retranca de Suíça e Sérvia. Vai ser assim o campeonato todo. A Seleção vai precisar de paciência e cabeça no lugar para enfrentar o anti-jogo e a propaganda enganosa a favor dos outros e contra ela. Assim seremos campeões.

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