O clima do “já ganhou” é hoje um dos piores inimigos da campanha de Lula. Ele é resultado de uma política completamente errada, que acredita em tudo o que a direita golpista está divulgando nos jornais. “Não precisa sair na rua, não precisa mobilizar, ninguém vai conseguir ultrapassar Lula”, não precisa sair na rua, agora é paz e amor”.
Essas ideias são divulgadas pela imprensa golpista que tem o interesse muito claro de deixar os militantes do PT escondidos, em casa, acreditando que assim vão garantir a vitória de Lula. E a esquerda, como sempre, repete as ideias que a burguesia divulga nos jornais.
O futebol tem uma filosofia própria, e o brasileiro, povo mais apaixonado por esse esporte, entende bem as expressões futebolísticas transpostas para a política. Qualquer brasileiro sabe que o “já ganhou” é o pior inimigo de um time que está em vantagem. Qualquer brasileiro sabe que “entrar em campo de salto alto” é o caminho para a derrota mais vergonhosa de um time que é superior ao outro, mas acaba sendo surpreendido pelo sua própria arrogância.
A esquerda pequeno-burguesa anda realmente distante do povo. Está com dificuldade de entender o que todo brasileiro compreende: que no jogo você precisa jogar para ganhar, que ninguém ganha com antecedência.
Na política deveria ser parecido. É preciso jogar o jogo corretamente. Por isso o grande filósofo do futebol, o ex-presidente do Corinthians, Vicente Matheus, afirmava que o “jogo só acaba quando termina”.
Para quem não acompanha o futebol, a frase parece besta, desprovida de inteligência, tautologia rasteira. Mas há um significado importante na frase de Matheus. Não adianta achar que o jogo terminou antes que o juiz apite o seu final. Quem não acompanha o futebol talvez não saiba que um segundo é capaz de mudar o resultado de um campeonato todo. O jogo só está encerrado de fato quando o juiz apita o centro de campo.
Vejam que há muito o que aprender no folclore futebolístico brasileiro.
Só a esquerda brasileira parece não aprender. E nesse política, a esquerda está se colocando cada vez mais como torcedora e não como jogadora. A esquerda se abstém de jogar o jogo, pois acredita que já ganhou.
E o que seria jogar o jogo? É escalar o seu principal jogador, o povo. Precisa transformar o apoio em força real, mobilizada, nas ruas. Precisa chamar o povo a partir para cima do adversário.
A esquerda está fazendo pior. Está torcendo para o juiz sem perceber que o juiz já é do time adversário.
A campanha de Lula está contando com a sorte. Mas quem conhece futebol sabe que nem sempre a sorte está do seu lado.