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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Entreguismo

A Amazônia é do Brasil e ponto final

Internacionalização da Amazônia é uma farsa para entregar o território nacional para o imperialismo

Não é de hoje a ideia de que a Amazônia deveria ser território internacional. Quando eu era estudante no colégio, lembro-me que um mapa circulava pela internet – naquela época não tinham redes sociais como hoje – dizendo ser de livros didáticos norte-americanos. Estariam ensinando às crianças norte-americanas que a Amazônia é um território internacional. Nesses anos todos, tal mapa apareceu várias vezes e era desmentido várias vezes também.

Por causa disso, eu nunca soube se aquele mapa era real, não que eu duvidasse da capacidade dos norte-americanos de fazerem tal barbaridade. Mas uma coisa é certa: toda vez que eu olhava aquele mapa me subia uma raiva dos norte-americanos.

Se não sabemos se aquele mapa era verdadeiro, hoje não dá mais para ter dúvidas que há uma campanha do imperialismo pela internacionalização da Amazônia, que é um eufemismo para: a campanha do imperialismo para roubar a Amazônia.

O caso do assassinato do jornalista inglês e do indigenista brasileiro em junho desse ano abriu a porteira dessa campanha. Por trás da comoção internacional por ocasião do assassinato do jornalista britânico do The Guardian, Dom Phillips, e do indigenista Bruno Pereira estão interesses imperialistas. Qualquer olhar mais atento e crítico deve saber que sempre que há uma comoção exagerada do imperialismo sobre determinado acontecimento isso não tem nada a ver com um real interesse nas vítimas, mas um pretexto para determinada campanha política.

Esse interesse é a Amazônia. Não deve haver dúvidas.

A principal sucursal da imprensa imperialista no Brasil, as organizações Globo, publicou, na época, uma coluna assinada por um Ascânio Seleme, defendendo que a “Amazônia não é brasileira”.

As primeiras palavras da coluna já dão o tom da safadeza entreguista e pró-imperialista: “São tolos e mal informados os que pensam que a Amazônia é brasileira. Não. A floresta não pertence ao Brasil ou Colômbia, Venezuela, Peru, Equador e Guianas.”

O funcionário da Globo – e, portando, direta ou indiretamente, funcionário da CIA – chama de tolo os que acham que a Amazônia pertence aos países da América do Sul. É uma maneira de deixar o leitor acuado, negando o que é óbvio, afinal, é claro que a Amazônia pertence ao Brasil e aos demais países da região.

Mas qual é então o argumento para dizer que a Amazônia não é brasileira? É o de que a floresta “pertence ao mundo”! Não é mesmo uma coisa linda e maravilhosa? A Amazônia pertence também aos gnomos e duendes que habitam a terra, que lindo!

Sobre esse argumento, deveríamos perguntar ao colunista do Globo se os europeus e norte-americanos vão abdicar das suas riquezas naturais porque elas “pertencem ao mundo”. Ou será que essa lógica vale apenas para a Amazônia? Se os países imperialistas transformarem suas riquezas naturais em patrimônio do mundo, nós podemos conversar aqui na América do Sul e pensar se seria o caso de abdicar da Amazônia.

Não dá para ter dúvida que estamos diante de uma campanha orquestrada pelo imperialismo tendo como pretexto o assassinato de Dom e Bruno.

Se poderia haver alguma dúvida que se trata de uma campanha, a coluna do Globo precede a uma série de artigos defendendo a mesma política escatológica.

Também na época do assassinato, em entrevista à Revista Fórum, o teólogo Leonardo Boff defendeu que a Amazônia deveria ser “internacionalizada e ter gestão global”. A fala de Boff foi reproduzida em tom elogioso por Mauro Lopes colunista da revista.

Veja que não há diferença entre o posicionamento da Globo e de Boff: “a Amazônia não deve ser do Brasil” é o que dizem. E é o que diz o imperialismo, que está colocando em marcha essa campanha.

Vindo do Globo, um órgão imperialista no Brasil, a defesa entreguista de cerca de 1/3 do território nacional não causa nenhum espanto. O que espanta é alguém que se diz de esquerda, como Boff, defender tal absurdo, defender uma proposta ultra reacionária e pró-imperialista.

Quem vai comandar essa “gestão global”. Serão sindicatos internacionais? Serão organizações indígenas? Mesmo se fosse, deveríamos suspeitar. Mas não será nenhuma organização popular que vai administrar a Amazônia, serão os órgãos imperialistas dominados pelos grandes monopólios que estão de olho nas enormes riquezas da Amazônio. Se Boff não sabe disso, deveria se aposentar da política, se sabe, está cumprindo um papel consciente de entregar as riquezas nacionais para países estrangeiros.

A Amazônia é do Brasil e a população do País tem o direito de fazer o que bem entender dela. Isso significa que devemos concordar com o que Bolsonaro e todos os governos direitistas até hoje fazem por lá? Absolutamente não. Apenas significa que são os brasileiros que devem lutar para que a Amazônia seja explorada de acordo com os interesses do País, da maneira mais racional possível.

Se os governantes brasileiros são entreguistas, são apenas marionetes dos latifundiários e das grandes empresas mineradoras que ali estão, cabe ao povo brasileiro lutar contra esses governantes. É isso e ponto final.

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