Os acontecimentos do último 7 de setembro confirmaram com precisão as previsões do PCO sobre a situação política. Ficou ainda mais evidente o verdadeiro caráter da nova etapa do golpe que os setores mais poderosos da burguesia procuram impor contra o povo, bem como a enorme covardia política da maioria das direções da esquerda.
A imprensa capitalista, o judiciário e todos os principais setores da direita golpista, exibiram, nas semanas anteriores, o “espantalho” de que no dia 7/9, poderia ocorrer um golpe de Estado, supostamente organizado por Bolsonaro e seus aliados.
O que se viu foi uma enorme demonstração de força da direita bolsonarista, uma vitória de Bolsonaro, que sequestrou a comemoração em torno dos 200 anos da independência (abandonado pela esquerda) e que se apoiou nos ataques arbitrários impostos nos dias anteriores pelos setores da terceira via, como no caso da prisão ilegal de empresários que estariam tramando o golpe, a censura e bloqueio de redes sociais da extrema direita e da esquerda e a suspensão ou alteração de decisões do Congresso Nacional e da presidência da República, através da canetada de um único ministro do STF. Pela inércia da maioria da esquerda e por sua capitulação diante da política tradicional da direita fascista, Bolsonaro – absurdamente – pode se colocar para milhões como defensor de direitos democráticos, como a liberdade de expressão e do cumprimento (ainda que muito parcial) da Constituição.
A direita golpista, com sua imprensa, o STF, chefes do Congresso etc. ergueram um “espantalho”, o do golpe de Bolsonaro, enquanto por meio de intensa publicidade, entrevistas, pesquisas, “análises” etc, vão tentando preparar o golpe real de tentar impor ao povo uma candidatura representativa dos seus próprios interesses, dos capitalistas mais poderosos do País e do mundo, na disputa presidencial.
Como no conhecido golpe do “pega ladrão”, aplicado nas praças e aglomerações das grandes cidades, os maiores ladrões e golpistas gritaram “cuidado com o golpe”, apontando para Bolsonaro, enquanto avançam na preparação do golpe que eles mesmo pretendem aplicar.
Agem em um sentido duplo: tentam emplacar a sua candidatura predileta, Simone Tebet (MDB), ao mesmo tempo em que atuam para capturar a candidatura do ex-presidente Lula em favor dos seus interesses, infiltrando no interior de sua campanha notórios elementos direitistas, neoliberais, como o ex-presidente do PSDB e ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, entre outros.
Em meio à essa crise, a esquerda pequeno-burguesa impôs um clima de terror, como se o 7/9 fosse o dia do juízo final das instituições do regime.
Assim, a maioria da esquerda esvaziou as ruas, facilitando as coisas para a direita, apontando um caminho para a derrota de Lula e do povo, que precisa ser abandonado: o caminho da covardia e da desmoralização.
O ativismo da esquerda, principalmente os setores classistas, precisa , com urgência, fazer um balanço dessa situação e levar a luta política por uma guinada da orientação política conservadora e de derrotas que vem sendo adotada.