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PCdoB, PDT e PSOL

Uma frente ampla da esquerda antipetista em São Paulo?

Pré-candidatura de Guilherme Boulos ao governo de São Paulo já vem sendo articulada para se contrapor à candidatura do PT

A esquerda em São Paulo não é representada pelo partido mais popular do País, nem pela maior liderança do movimento operário brasileiro, mas sim por um grupinho de abutres que nunca sequer organizaram uma greve. É o que diz a pequena burguesia “bem pensante”, que resolveu eleger Guilherme Boulos (PSOL), o garoto propaganda da Folha de S.Paulo, Ciro Gomes (PDT), o funcionário do funcionário da Coca Cola no Nordeste, e Orlando Silva (PCdoB), o bobo da corte de Rodrigo Maia no Congresso, como uma espécie de Liga da Justiça antibolsonarista.

Segundo matéria da Folha de S.Paulo que até hoje não foi desmentida por qualquer um dos envolvidos, PSOL, PDT e PCdoB teriam se reunido nesta semana para articular a candidatura de Guilherme Boulos ao governo de São Paulo. Segundo o jornal golpista, Boulos e Orlando Silva teriam se comprometido “a buscar apoio em seus partidos ao senador Weverton (PDT-MA) na batalha para o governo do Maranhão”. Em troca, “o PDT apoiaria Boulos”. O PCdoB, como grande articulador da jogada, também entraria, obviamente, na candidatura psolista ao governo de São Paulo.

Nesta ciranda, estaria incluso, ainda, o golpismo ecológico da Rede Sustentabilidade, segundo informações do blogueiro Leonardo Sakamoto. E não esqueça, leitor, que, no dia 30 de abril, Boulos e Ciro Gomes almoçaram em São Paulo, acompanhados dos presidentes de seus partidos, Juliano Medeiros e Carlos Lupi.

Se isso se concretizar, todo mundo já deve imaginar a quantidade de história da carochinha que virá para justificar essa farofada. Não será uma aliança inescrupulosa entre o homem que abandonou o País para não apoiar o PT, o partido que prega aos quatro ventos a “frente ampla” e o inimigo dos atos Fora Bolsonaro de 2020, com o único objetivo de conquistar algum privilégio em um regime cada vez mais fascista. O motivo da aliança será, claro, senhores, a luta contra o fascismo!

Felizmente, não é preciso ir muito longe para descobrir qual é o real motivo dessa aliança. Em artigo de título “PSOL defende Boulos para governador e diz que PT quer indicar até ‘síndico'”, publicado pelo portal UOL/Folha de S.Paulo, Leonardo Sakamoto afirma que “lideranças do PSOL” estariam incomodadas com “as pressões” para que Guilherme Boulos abandone sua pré-candidatura ao governo do Estado de São Paulo em favor da provável candidatura de Fernando Haddad. As tais “lideranças” teriam batido o pé e proposto que, na verdade, Haddad saísse como candidato ao Senado e o PT apoiasse Boulos para o governo.

Com um teor fortemente intriguento, típico da imprensa capitalista, a matéria procura apresentar o PT como o grande obstáculo de uma política de “unidade” entre a esquerda. A declaração mais favorável ao PT seria de um petista que disse que “é justo o pleito de ambos os partidos”, que “não é uma escolha fácil” e que “a unidade da esquerda depende de sacrifícios de todos os lados”. Todo o restante é um apoio escancarado à candidatura psolista.

Seja em caráter de apelos demagógicos — “Boulos é um dos maiores defensores de apoiar uma candidatura de Lula no PSOL já no primeiro turno” —, seja em tom de ameaça — “se o PT não quiser dar nenhuma reciprocidade ao projeto político do PSOL, o apoio do partido vai ficar difícil” —, seja chamando os mui amigos do PT — “um grão-petista favorável ao apoio a Boulos lembrou à coluna que, com a saída de Marcelo Freixo rumo ao PSB, o PT perde a justificativa de que já estava apoiando um quadro relevante do PSOL” —, o recado é claro: o PT deve ceder seu espaço em São Paulo para o PSOL.

Sempre que surge a discussão de o PT dar espaço para alguém, surge também o argumento da “hegemonia” do PT. É o que sempre disse Ciro Gomes — “O PT sabe que eu e o PDT ameaçamos essa hegemonia apodrecida deles” —, o direitista Fernando Gabeira, da Globo — “Uma hegemonia tropical” —, o fascista Augusto Nunes — “Essa paixão pela hegemonia resultou no fiasco de Jilmar Tatto” — e todo mundo que quer destruir o PT. É o mesmo argumento, porém, que uma “liderança” do PSOL teria utilizado de acordo com a matéria de Leonardo Sakamoto: “Se a linha hegemonista prevalecer, querendo preencher cargo para presidente, para governo, para síndico de prédio, aí não tem diálogo””.

E o que seria essa tal “hegemonia”? É o fato de que o PT, como maior partido de esquerda da América Latina, procura lançar seus candidatos em todas as oportunidades possíveis. A crítica à “hegemonia”, neste sentido, corresponde a uma reação à tentativa de o PT crescer. É por isso que está na boca de todos os comentaristas da política burguesa: a direita não quer que o PT seja uma “hegemonia” porque não quer que o partido cresça. No que depender da burguesia, o PT deveria ser extinto. E de uma parte dos “gênios” da esquerda pequeno-burguesa, também, pois acreditam que poderiam tomar o lugar do PT a partir dos ataques que este sofre da direita.

O maior partido de esquerda da América Latina lançar, na atual conjuntura, seu candidato ao governo do mais importante Estado do País, à presidência da República ou a qualquer cargo importante é, portanto, um fator positivo para a esquerda em geral. Porque isso significa que, concordemos ou não com o programa do PT, haverá um candidato na disputa eleitoral com o qual um setor expressivo da classe operária se identifica. Quer dizer que esse setor fará campanha, brigará por esse candidato, sairá às ruas para que ele ganhe — tudo aquilo que a burguesia não quer. Afinal, mesmo sendo Haddad uma figura da ala direita do PT, caso ele seja candidato e as massas interpretem que ele é o candidato de Lula, a tendência será à polarização política dos trabalhadores, o que logicamente seria favorável ao conjunto da esquerda.

A esquerda pequeno-burguesa troca tudo isso, que é bastante concreto, por uma campanha pela “hegemonia” porque acredita — ou procura fazer os outros acreditar — que as mesmas massas que se identificam com o PT estariam, sabe-se lá por qual razão, identificadas com outros candidatos que não os petistas. Para embasar esse argumento, utilizam, por exemplo, as notavelmente fraudadas pesquisas da imprensa burguesa, que estariam apontando Boulos com uma vantagem de alguns pontos percentuais em relação a Haddad na intenção de voto para 2022.

O problema é que, na pesquisa, qualquer um tem voto. Para pedir que o PT abra caminho para o PSOL, o PSOL teria que, no mínimo, demonstrar que as massas não estão com o PT e que a candidatura do PT estaria servindo para atrapalhar a mobilização. E mesmo que o PSOL conseguisse demonstrar isso, o PT continuaria no seu direito de lançar seus candidatos. Afinal, a luta política, para ser democrática, se faz através do debate, da polêmica, e não da intriga e da ameaça.

O fato é que não só PSOL, PCdoB e PDT estão demonstrando um método rasteiro, antidemocrático, como são incapazes de demonstrar que a substituição deles pelo PT seria um fator de progresso. Muito pelo contrário: o PT foi o partido derrubado pelo golpe de 2016, é o partido do ex-presidente Lula e é o partido que controla a CUT. Para atacar a população, os capitalistas precisaram atacar o PT, e é assim que o povo compreende a luta de classes no País: quem quer destruir o PT é quem quer a reforma da Previdência, a fome, a inflação, o desemprego e a destruição do SUS; o PT, por sua vez, é uma ferramenta na luta contra essas atrocidades, conforme enxergam muitos setores da classe operária.

Só é capaz de superar o PT aquele que compreende essa luta e, junto às massas, na luta para defender aquilo que é seu, apresenta um programa. Um programa que leve os trabalhadores à vitória, e não que os coloque a reboque de seus inimigos.

PSOL, PDT e PCdoB, na medida em que tentam se apresentar como a alternativa à “hegemonia” são, na verdade, uma frente ampla contra o PT. E uma frente ampla que, como não é difícil provar, está profundamente ligada à burguesia, desde o seu aspecto mais “ideológico”, como a produção de tipo intelectual do PCdoB, aos berros contra Lula e o PT de Ciro Gomes, aliado do DEM em vários estados, até a recompensa, na imprensa burguesa, por seus serviços contra o PT que Boulos recebeu.

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