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Adaptação à direita

Uma esquerda acrítica diante da farsa da vacina

Enquanto a classe trabalhadora está sob o chicote da direita, a esquerda só reproduz a política da direita e até pede mais!

O Brasil está , supostamente, em campanha nacional de vacinação contra a COVID-19.  É o que divulgam as propagandas atuais dos governos levantados pelo monopólio da imprensa golpista nacional. Com esta campanha, está sendo criado todo um clima de “estamos enfim acabando com a pandemia” ou motivando os mais otimistas a “já, já esse pesadelo terá fim” e, principalmente, servindo de propaganda eleitoral para os governos, majoritariamente nas mãos da direita, em todo o país. O que vem se mostrando ser somente mais uma ilusão.

De fato, enfim as vacinas contra a COVID-19 apareceram. Primeiro com Doria, ou melhor, “São João Doria da Vacina” que lançou a vacina mais cara e menos eficiente como a mais nova peça de sua propaganda rumo às eleições de 2022, depois com o genocida-mor, Jair Bolsonaro “o ilegítimo”, que primeiro quis se esquivar de adquirir as vacinas recomendando remédio que oferece ao “gado”, e depois tentou sair com a propaganda antes do “santo” paulista, não conseguiu, mas enfim fez chegar uma quantidade irrisória de vacinas para iniciar sua peça de propaganda.

Sim, peça de propaganda, é isso o que temos até o momento. Com dados das secretarias estaduais de saúde, atualizados até a noite do sábado (30), o Brasil tem disponível para aplicação, que foram destinados aos Estados, 7 milhões de doses das vacinas, tendo sido aplicadas cerca de 2 milhões, o que representa 0,95% da população brasileira vacinada com a primeira dose e, principalmente, o que representa 0% de pessoas imunizadas. Isso mesmo, nenhuma até o momento, pois as duas vacinas que estão sendo aplicadas exigem uma aplicação dupla que vão de duas a até oito semanas, no caso da Coronavac, e de duas a até 12 semanas, no caso da vacina de Oxford/AstraZeneca.

Outro aspecto da propaganda é o contínuo avanço da pandemia, que está atingindo neste momento os maiores números em todo o período da pandemia. O país registrou nos últimos dias a maior sequência de média de mortes pela doença desde julho, registrando nos últimos dez dias mais de mil mortes por dia, atingindo mais de 224 mil mortes.

Com o avanço descontrolado da pandemia, os governos se aproveitam para fazer mais do mesmo, mentir na imprensa burguesa, culpar o povo pelo avanço da doença, atacar ainda mais os trabalhadores, aumentar a repressão e fazer propaganda própria. Em São Paulo, o “santo” Doria, instalou um lockdown parcial para impedir que a população pobre tenha qualquer tipo de lazer, aumentando a repressão somente nos finais de semana e feriados, permitindo a contaminação no transporte público, no comércio, nos locais de trabalho etc. Em outra frente ainda vai jogar milhões de crianças, adolescentes e trabalhadores da educação para se contaminar nas escolas, obrigando o retorno das aulas à partir desta segunda. Um genocida e demagogo perfeito, do jeito que a direita quer para 2022.

Nos outros Estados, o cenário não é diferente, trabalhadores expostos à contaminação, forçados a enfrentar o desemprego, a redução de renda e a pandemia, sob a ameaça do chicote da direita, pressão para o retorno das aulas, demissões em massa e cortes ou fim dos programas, ainda que paliativos, permitiam que milhões de pessoas não morressem de fome.

 

Situação avança e nada de luta

Enquanto vemos a situação da pandemia só avançar totalmente fora de controle dos governos, vemos também a esquerda (partidos de esquerda) nada fazer de concreto para permitir que a população reaja ao genocídio. Desde o começo da pandemia a política da esquerda tem sido suspender todo o tipo de enfrentamento da direita golpista e dos patrões para reproduzir a política da direita.

Primeiro foi o “fique em casa”. Quando no começo da pandemia os governos, medindo os passos e calculando juntos com os capitalistas, formas de não perderem ou perderem o menos possível diante da tragédia que se aproximava, decidiram simplesmente não fazer nada e jogar toda a responsabilidade da pandemia nas costas da população. E prontamente a esquerda atendeu e entoou o mantra “fique em casa” e, para ainda, fazer uma demagogia rapidamente correu a fechar as sedes dos sindicatos, acabar com atos de rua e manifestações reais para tirar um tempo para si, pensar na vida e fazer uns debates virtuais para reclamar um pouco de o quanto é difícil lutar contra a direita golpista.

Política muito “bem sucedida” que fez com que a burguesia nacional simplesmente atravessasse toda a pandemia, economizando recurso com a população, enquanto distribuia bilhões para os banqueiros e outros tubarões capitalistas, como empresas aéreas, latifundiários, grandes indústrias de diversos setores e, aos amigos “invisíveis”, do mercado financeiro, inclusive os de fora do país que também “precisavam de uma ajudinha” vendendo títulos podres para o Banco Central brasileiro.

O que prontamente a esquerda respondeu com belos discursos nos parlamentos, ou melhor nas salas de casa pois as seções tiveram que ser virtuais por conta da pandemia, teve também lives para pedir que, ao menos, houvesse uma migalha nesse banquete para cerca de 80 milhões de pobres desesperados. Saiu então o “grande” auxílio emergencial de 600 reais, que dá para pagar o aluguel, comprar um quilo de feijão e arroz. Muito comemorado pela esquerda, pela direita e por Bolsonaro, todos fazendo propaganda eleitoral para si. Quando na prática o salário mínimo de 1.100 reais, que já não sustenta família nenhuma, deveria ser o mínimo a ser considerado como proposta.

Com a expansão da pandemia pelo país, foi inevitável que se fizesse algo mais do que só mandar ficar em casa. Ao invés de contratar milhares de médicos, fazer mais hospitais, fazer testagem em massa na população, encontrou-se mais uma saída “custo zero” para a burguesia: aumentar a repressão sobre a população. Foi implantado então os regimes de quarentena, os tais lockdowns, fazendo as forças de repressão do Estado utilizarem ainda mais violência no trato diário com a classe trabalhadora, servindo de fachada para que os governos mentissem ainda mais de estarem “combatendo a pandemia”.

Novamente, lá estava a esquerda para apoiar o aumento da repressão e ajudar na identificação dos elementos que descumpriram as ordens da direita fascista. Não foram um, nem dois casos em que parlamentares e partidos inteiros clamaram e até entraram na justiça para obrigar prefeitos e governadores a implantarem o regime de repressão total contra a população.

Enquanto o cenário do caos foi tomando forma rapidamente pelo país mais uma nova medida era necessária, pois só a repressão não dava conta de justificar o morticínio que já havia sido atingido ainda no primeiro semestre de 2020. A esquerda, então, foi novamente ao parlamento (Congresso Nacional), pedir aos parlamentares da direita e ao presidente da casa Rodrigo Maia que tocasse o impeachment de Bolsonaro. Um belo pedido, que ao longo da pandemia se transformou numa pilha de cerca de 60 novos “pedidos”, que na prática não significou nada pois nenhuma mobilização foi feita fazer as massas populares pressionarem os golpistas.

 

A esquerda perdida na peça de propaganda

 

Todo esse triste histórico deixa claro um aspecto fundamental no avanço da pandemia e na manutenção do governo Bolsonaro. A esquerda brasileira não tem uma política própria, independente da direita e que lhe permita levantar um real enfrentamento do regime golpista implantado no país desde 2016, que finalmente o responsável pelo caos que o país está passando.

Esta falta de política, na verdade, vem desde de 2016 quando nada foi feito para impedir a concretização do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Entre 2016 e 2018 a tônica se seguiu de não lutar ou buscar desfazer a farsa, mas sim tentar “virar a página do golpe”. Em 2018, ao invés de aproveitar toda a insatisfação popular para tentar mais uma vez começar o desmonte da operação golpista, capitularam primeiro negando apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois deixando a direita manobrar tranquilamente até levar uma figura do submundo da política parlamentar à presidência da república, ao enganar a população que era possível vencer uma eleição controlada por um golpe de Estado com candidatos ridículos, sem qualquer expressão popular, como Fernando Haddad e Manuela D’ávila.

Eis que chegamos ao momento da “festa da vacina” um momento em que toda a direita, seus prefeitos e governadores, têm corrido à frente das câmeras para anunciar o fim da pandemia com as vacinas que ainda nem existem. E, novamente e prontamente, lá está a esquerda para reproduzir mais uma campanha demagógica da direita, pedindo vacinação para todos, pedindo a distribuição igualitária, pedindo a inclusão de esse ou aquele grupo de pessoas a tomarem primeiro a vacina.

Desta forma, o simplesmente inaceitável que durante todo esse roteiro de filme de terror que destacamos, as forças políticas identificadas como progressistas, como defensoras da classe trabalhadora e contrárias à opressão da burguesia, passem dois anos (considerando 2021 e 2022) simplesmente sendo um “papagaio” da direita, às vezes repetindo a política ditada, às vezes pedindo mais, mais repressão, mais ataques, mais demagogia.

 

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