Desde a zero hora de hoje começou uma nova greve dos caminhoneiros, que – segundo seus organizadores – promete ser grande, superando a de 2016, auge das campanhas golpistas. A greve daquela ocasião foi usada como uma manobra para a direita, frente a paralisia da esquerda, e com apoio da imprensa golpista utilizou a mesma como instrumento de ataque ao PT.
O motivo de sua paralisação é o profundo retrocesso nas condições de vida e de trabalho que regime golpista e, neste momento, o governo Bolsonaro vem impondo à categoria que tem mais de 1,2 milhão de trabalhadores, em sua grande maioria autônomos. O carro-chefe é o preço do combustível, insuportável, resultado do golpe e do avanço da política de privatização da Petrobras.
A greve dos caminhoneiros foi convocada pela Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), que representa cerca de 4.500 caminhoneiros em todo país e no último dia 26 recebeu apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), que possui 800 mil motoristas em sua base e orienta todos a aderirem à paralisação.
A luta dos caminhoneiros recebeu também o apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne sindicatos de petroleiros em todo o país. De acordo com a FUP, este apoio se dará por meio de inúmeras ações e protestos que serão realizados por sindicatos ligados à entidade.
Por outro lado, a Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade patronal e presidida pelo bolsonarista Vander Francisco Costa que já presidiu o Conselho Regional do SEST SENAT em Minas Gerais, negou qualquer tipo de apoio à possível paralisação.
Já o presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, espera que a paralisação possa ser maior que a realizada em maio de 2018 que teve duração de 10 dias.
A principal reivindicação da greve é a diminuição do abusivo preço do diesel, que teve aumento de 4,4% nas refinarias no final de dezembro é o principal combustível utilizado por caminhoneiros; e nesta semana a Petrobras anunciou mais um reajuste de 5% no preço da gasolina. Com isso, o combustível acumula alta de 13,4% em 2021. E já teve resposta do presidente golpista Jair Bolsonaro (sem partido) que na última quinta-feira (28) disse que o governo não conseguirá reverter o aumento de R$ 0,09 no preço do litro do óleo diesel na bomba. E completou enfatizando: “Cada centavo no diesel equivale a 800 milhões de reais por ano. O que a Economia apresentou para mim, aumenta aqui, aumenta lá, ia penalizar todo mundo”.
Além disso a pauta dos caminhoneiros pede uma revisão no reajuste na Tabela do Piso Mínimo de Frete, realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para o transporte rodoviário de carga.
Pelas atuais regras do reajuste governamental golpista, não entram no cálculo do piso mínimo a margem de lucro do caminhoneiro, custos com pedágios, custos relacionados às movimentações logísticas complementares ao transporte de cargas, despesas de administração, tributos e taxas que impõe à categoria uma situação de empobrecimento geral.
A categoria também cobra pela implementação do Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot), conquista da greve de 2018 e que até o momento foi colocada na gaveta por Bolsonaro. Outra reivindicação é a questão da aposentadoria especial para a categoria.
Para resolver essas questões e evitar a greve prevista, os caminhoneiros querem uma reunião com a presença de Jair Bolsonaro. Na quarta-feira (27), o presidente fascista Jair Bolsonaro com muita demagogia chamou os caminhoneiros a não cruzarem os braços, alegando que “todos vamos perder”.
A burguesia de conjunto já começa a contra-atacar a paralisação dos caminhoneiros e através de uma das maiores expropriadoras da riqueza nacional do país, as empresas concessionárias das rodovias Régis Bittencourt, Presidente Dutra e Raposo Tavares entraram na Justiça para tentar impedir a greve de caminhoneiros marcada para o dia 1º de fevereiro.
Já são ao menos sete ações judiciais abertas em cidades do interior de São Paulo. Além disso as concessionárias, com apoio da justiça capitalista, conseguiram a proibição das manifestações nos trechos das cidades de Santa Isabel, Presidente Prudente e Registro.
Em outra tentativa de atacar a realização da greve dos caminhoneiros, o governo decidiu incluir a cerca de 1,24 milhão de caminhoneiros na lista do grupo de prioridades para tomar as vacinas contra a Covid-19 no país, vacinas que sequer Bolsonaro cogita comprar, conforme suas declarações ao longo das últimas semanas. A única medida efetiva tomada até aqui foi a exclusão do Imposto de Importação de pneus para veículos de carga, o que pouco mexe na situação econômica dos caminhoneiros.
É tarefa de todos sindicatos e da CUT se pronunciarem em defesa do apoio à mobilização geral dos caminhoneiros e buscar a unificação da luta com os demais trabalhadores brasileiros, como os petroleiros, metalúrgicos e professores, como parte da construção de um dia nacional de luta em defesa das reivindicações dos trabalhadores do transporte e do conjunto da classe trabalhadora contra a ofensiva dos patrões, da direita e do governo fascista de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.