A Superliga Europeia morreu na praia. O projeto que tinha como objetivo declarado substituir a Liga dos Campeões encontrou resistência de diversos setores, mas especialmente dos principais interessados no futebol, os torcedores.
Enquanto a Liga dos Campeões anunciou nessa semana a ampliação dos clubes participantes, de 32 para 36, a Superliga propunha um modelo hiper restrito com apenas 20 clubes. Seria uma espécie de campeonato dos mais ricos que fecharia as portas para a maioria dos clubes europeus.
A iniciativa partiu de doze endinheirados clubes europeus de apenas três países: Inter de Milão, Juventus e Milan, pela Itália; Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid, pela Espanha; Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham, pela Inglaterra.
O anúncio da criação da competição gerou uma enorme crise no futebol europeu, envolvendo disputas comerciais e o repúdio das torcidas. A UEFA, responsável pela Liga dos Campeões, chegou a ameaçar com punições aos clubes que aderissem à Superliga e banimento de jogadores de outras competições europeias e internacionais, o que poderia incluir até a Copa do Mundo, com o apoio da Fifa.
Os mais recentes finalistas da Liga dos Campeões, Paris Saint-Germain e Bayern de Munique recusaram o convite para integrar essa nova competição. Até o primeiro-ministro de extrema-direita inglês, Boris Johnson, e um líder do partido trabalhista, Keir Starmer, se opuseram ao projeto da Superliga, o que expressa claramente que existe uma disputa econômica entre diferentes grupos capitalistas.
Porém, o fator essencial da derrota desse projeto de intensificação do monopólio dos clubes mais ricos da Europa foi a reação enérgica dos torcedores dos clubes envolvidos na criação da Superliga. Inúmeras manifestações de torcedores ocorreram nos dias seguintes ao anúncio e os clubes ingleses foram os primeiros a pular fora da iniciativa, seguidos pelos italianos e pelo Atlético de Madrid. Apenas Barcelona e Real Madrid, cujo mandatário é também presidente da natimorta Superliga, insistem na proposta.
Torcedores do Manchester United, por exemplo, invadiram o centro de treinamento em protestos direcionados ao proprietário do clube, o norte-americano Joel Glazer. Mesmo após a desistência dos clubes e pedidos de desculpas públicos dos mandatários, vários torcedores continuam com os protestos. Torcedores do Chelsea também focaram suas críticas ao dono do clube, o russo Roman Abramovich, em protesto no estádio Stanford Bridge.