Com o avanço da luta contra o golpe, a direita esquematiza uma nova maneira de cooptar as manifestações e dirigi-las afim de garantir que seus interesses sejam concretizados, isto é – a manutenção da política praticada por Jair Bolsonaro. A mobilização popular avança e os golpistas não a enxergam com bons olhos. Mais uma vez, o verde e amarelo surge como alternativa da direita para enganar os incautos e estabelecer uma ponte entre a direita e as manifestações populares.
A frente ampla como via alternativa da burguesia contorna a esquerda reformista e, novamente, coloca boa parte da esquerda à reboque de sua política. A chamada terceira via é, portanto, a forma pela qual a direita busca emplacar um candidato próprio que substitua Bolsonaro e impeça que Lula – a maior liderança popular do país – volte à presidência. Essa tarefa não é nada fácil; para que essa política triunfe é necessário deslocar um amplo setor à direita. Por que não utilizar as cores da bandeira nacional como meio de agrupar todos em um único bloco e depois se apoderar das manifestações? Essa, sem dúvida, é a estratégia da direita. Por meio do verde e amarelo, a direita busca se infiltrar nos atos da esquerda para evitar que o movimento se radicalize e se dirija contra todos os golpistas. Essa tática, porém, não é nenhuma novidade. Foi isso que fizeram com as manifestações de junho de 2013. Dessa vez, querem tirar as bandeiras do PCO e do PT para trazer Joice Hasselmann (PSL), Alexandre Frota (PSDB) e MBL.
Trata-se de um embuste da direita contra a mobilização popular e o potencial que ela carrega. A direita sabe muito bem que as manifestações são um resultado direto da política golpista posta em prática após o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT) e deu início à política de terra arrasada com Michel Temer (MDB). Bolsonaro, no que lhe concerne, é um expediente indesejado dos golpistas que assumiu a cadeira de presidente após a fraude nas eleições de 2018, com a prisão ilegal do ex-presidente Lula e a cassação de seus direitos políticos. O golpe ainda está em curso e a direita se esmera em criar um candidato que substitua Bolsonaro e mantenha a política de terra arrasada dos golpistas. O verde e amarelo, portanto, é um meio de confundir o movimento e permitir a intervenção da direita nos atos, expulsando o vermelho das manifestações – o que permitiria uma margem de manobra maior para o triunfo da terceira via.
A direita não tem base popular, não é capaz de empunhar suas bandeiras nas manifestações de rua. Imaginemos a bandeira do PSDB, do DEM, do PSL nas manifestações… Seria muito provável que esses elementos fossem expulsos da maneira mais truculenta possível. Por que, então, há setores de esquerda que insistem em convidar Hasselmann e Frota para as manifestações? Não tem o menor cabimento! Não tem nenhuma vantagem em ter esses golpistas nas manifestações. Isso só serve para desmoralizar o movimento e para ajudar a direita a usar o movimento para seus próprios fins eleitorais, que não é eleger ninguém da esquerda, menos ainda Lula, mas um nome direitista que substitua Bolsonaro e avance ainda mais com a política neoliberal contra o povo brasileiro.