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Antônio Carlos Silva

Sindicalistas apoiam militares

Quem deu o golpe em 64 e apoia Bolsonaro não merece confiança

Em torno dos importantes acontecimentos do último 31 de Março, evidenciou-se a divisão do movimento operário entre duas posições fundamentais e antagônicas

Diante dos últimos acontecimentos, em que se colocaram claramente o debate sobre um golpe militar no País, no momento em que o governo e a externa-direita chamaram comemorar o golpe militar de 1964 (com autorização da justiça), ficaram evidentes duas posições fundamentais no movimento operário.

Por um lado, ficou ainda mais evidente a política da imensa maioria da burocracia sindical, influenciada pela esquerda burguesa e pequeno burguesa, que por sua vez acompanha – no fundamental – a orientação que emana da burguesia golpista que encena uma oposição circunstancial ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro.

De outro, a política classista, revolucionária do PCO, da Corrente Sindical Nacional Causa Operária (CNSCO), de defesa de uma posição independente dos trabalhadores e de suas organizações diante da crise.

Crença nas Forças Armadas

Diante da gigantesca crise no governo e nas Forças Armadas, que levou à troca do ministro da Defesa e, pela primeira vez, do comando de todas as três forças militares, as principais direções da CUT e das demais “centrais sindicais” publicaram notas e posicionamentos que – nem de longe – refletem a gravidade da situação e evidenciam o quanto a burocracia sindical está – cada vez mais – distante da realidade da imensa maioria do povo brasileiro.

Em nota conjunta das principais “centrais” pelegas, assinada por Miguel Torres – Presidente da Força Sindical, Ricardo Patah – Presidente da UGT – União Geral dos Trabalhadores, José Reginaldo Inácio – Presidente da NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores e Antônio Neto – Presidente da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros, os burocratas repetiram a versão da imprensa capitalista sobre a suposta posição democrática dos chefes militares agora afastados. De forma absurda, os pelegos apontam que:

” As Forças Armadas devem manter suas nobres funções a serviço do povo brasileiro, como determina a Constituição! “

Isso quando essas mesmas FFAA estiveram à frente, nas últimas décadas, de dois golpes de Estado e das principais iniciativas contra os trabalhadores e o povo brasileiro. Uma posição que evidencia a posição de súditos dessas verdadeiras máfias sindicais, disfarçadas de centrais – cuja construção foi impulsionada diretamente pelo burguesia, para fazer frente à CUT e dividir a classe trabalhadora – diante da posição de apoio da burguesia (seus “donos”) às criminosas ações dos militares contra a maioria da nação e em favor dos interesses do grande capital internacional e “nacional”.

Por sua vez, a direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), enquanto denunciava o caráter criminoso da ditadura militar (1964-1985), destacando – entre outros aspectos tenebrosos do regime a sua intervenção na organização sindical dos trabalhadores, como na declaração de Expedito Solaney, dirigente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco:

“O movimento sindical foi duramente atacado durante a ditadura. No dia do golpe em 31 de março de 1964, mais de 500 entidades sindicais em todo o país foram fechadas, amanheceram o dia com tanques de guerra em frente às sedes. Dirigentes foram presos, exilados, torturados e milhares de trabalhadores tiveram suas vidas devastadas”.

também endossou, nas palavras de seu presidente, o conservador Sérgio Nobre, a visão da burguesia, e de amplos setores da esquerda, e repetiu as ilusões expressas pela esquerda nas vésperas do golpe militar de 1964, de que não havia risco de golpe e declarou:

“Não vejo nenhuma possibilidade de as Forças Armadas embarcarem em uma aventura autoritária do presidente, os militares não serão fiadores”. 

A  posição da burocracia sindical está em perfeita sintonia com as ilusões da maioria das direções da esquerda, que não se cansa de mostrar confiança nas instituições carcomidas do regime político. O PSOL, por exemplo, recorreu – uma vez mais – encaminhou, no próprio dia 31, por meio de sua bancada na Câmara dos Deputados,  uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Braga Netto por conta “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964”, publicada pelo novo ministro da Defesa, o general golpista – ex-interventor no Rio de Janeiro – Braga Neto, na qual o milico chama a celebrar o golpe de 1964.

Uma posição de independência de classe

Todas essas posições covardes e de colaboração com a burguesia golpista evidenciam a total falta de independência dessas direções em relação aos setores “democráticos” da direita golpista – que nunca foram um obstáculo real a qualquer iniciativa das demais alas golpistas e que as impulsionaram contra a esquerda e os trabalhadores.

Essas posições contrastam com as tendências reais presentes no movimento operário, impulsionadas pela realidade de mais de quase 4 mil mortos por dia e cerca de meio milhão de vítimas fatais (em número reais) na pandemia como resultado da política de todas as alas da burguesia de “deixar morrer”; à qual se somam as dezenas de milhões de desempregados; a ausência de qualquer auxílio real para os trabalhadores e os pequenos comerciantes, proprietários etc; quase 100 milhões de pessoas em situação de fome.

Esse colapso começa a impulsionar lutas locais como dezenas (ou centenas) de greves locais nas mais diversas áreas (garis, motoristas de ônibus, petroleiros etc.), algumas das quais chegam até a conquistar suas reivindicações, como no caso dos motoristas do Porto de Salvador que arrancaram 18% de reajuste, diante do receio da situação explosiva que a burguesia tem da situação.

Mais o melhor sintoma desta tendência de deslocamento à esquerda, nos últimos dia, é – sem dúvida alguma – a significativa adesão de setores de base e até de dirigentes sindicais à iniciativa do PCO e dos Comitês de Luta de realizarem ontem atos públicos em mais de 30 cidades, sendo a maioria das capitais e em todas as regiões de Norte a Sul do País.

Participaram da empreitada ou se pronunciaram a favor da iniciativa, dirigentes da CUT de diversos estados (SP, RS, BA etc.), de diversos sindicatos de grande importância (como a APEOESP) e de distintos setores de organizações da cidade (petroleiros, metalúrgicos, bancários, servidores, professores etc.) e do campo (como no caso da FNL, do companheiro José Rainha, e de ativistas do MST, de diversas regiões).

É preciso fazer um amplo balanço dessa empreitada e sobre a evolução da situação política diante do agravamento da crise no interior da burguesia, da qual os trabalhadores precisam tirar proveito para fazer avançar a luta por suas reivindicações imediatas e diante da crise do regime político.

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