Vestida com as cores da bandeira nacional, a burguesia investe nas manifestações para desmobilizar o movimento popular contra o governo golpista e consolidar a frente ampla. Após os atos do último sábado, 19, ficou ainda mais visível a manobra da direita contra os atos. Políticos ligados aos partidos da burguesia apresentam-se como uma via alternativa ao bolsonarismo, embora sejam os responsáveis pela eleição de Bolsonaro e sua permanência na presidência.
Seguindo a tendência natural dos acontecimentos, a população tem saído às ruas para protestar contra a política genocida do governo golpista. Realizado no último sábado, 19, o segundo dia de manifestações tomou as ruas do país e aponta para um crescimento ainda maior. No Rio de Janeiro, por exemplo, o ato foi muito maior do que o do dia 29. Ao todo, tivemos uma expansão dos atos pelo país. Segundo o jornal online Brasil de Fato, ao todo foram 475 atos no Brasil e no exterior. Isso expressa um desenvolvimento do movimento de enfrentamento contra o governo golpista de Jair Bolsonaro. Diante dessa situação, uma das tarefas fundamentais seria a realização de uma reunião nacional e chamar os sindicatos à convocar os trabalhadores para as manifestações.
Os atos, por sua vez, entram em confronto com a política de contenção da burguesia. Há uma tentativa de aliança entre os setores que possuem uma base popular e os partidos burgueses. Evidentemente, essa política incorre num profundo erro. Afinal, esses supostos aliados não possuem ligação com as massas, com os movimentos populares: servem apenas para arrefecer a luta política e canalizar o ímpeto das massas para fins eleitorais e a consolidação da frente ampla. A burguesia percebeu que os atos vão contra os planos dela para o país. Políticos impopulares como FHC e partidos como DEM e PSDB articulam uma manobra para colorir de verde e amarelo as ruas do país. Para a direita, as ruas não podem ser pintadas com as bandeiras vermelhas da esquerda, pois isso aumentaria a polarização política e delimitaria os campos, destacando a diferença entre os golpistas (verde-amarelismo) e os vermelhos (esquerda e movimentos populares). Em seu Twitter, o político do Cidadania – apêndice do PSDB — Roberto Freire disse que a bandeira brasileira deveria unir todos contra Bolsonaro. Para o político burguês, “não podemos nós (sic) em função das cores das camisas – azul, vermelha, branca ou colorida – muito menos das bandeiras partidárias”[grifo nosso]. Esse é o argumento que Freire e outros demagogos da direita brasileira assumiram para não deixar que as massas e seus partidos assumam a dianteira na luta política contra o regime golpista.

Assim como os políticos da direita, a imprensa capitalista exprime os desígnios da burguesia em suas matérias. Como se sabe, a imprensa capitalista é a porta-voz da burguesia e cumpre o papel de organizar a política em torno dos interesses das classes dominantes. A revista Veja, nas palavras de Ricardo Rangel, destacou nesta segunda-feira, 21, qual é a política que os golpistas querem para evitar que o país entre em chamas contra o regime atual. Para o articulista, “manifestantes de todas as cores precisam eliminar a pecha “de esquerda” do movimento”. Estaria a direita tentando repetir o que fizera em junho de 2013? Ora, a história se repete como uma farsa. Desta vez, mais do que nunca, essa farsa é anunciada como o título de “Deixe a bandeira vermelha em casa”. Sem uma base popular real, a direita apela para o confusionismo e tenta impor às massas, as cores do golpe. Com essa tática, a direita pretende se infiltrar nos atos e descaracterizá-lo como atos de esquerda.

É fácil perceber isso, uma vez que FHC, o DEM, o PSDB não trouxeram ninguém para os atos. PDT, PSB e Rede também. Eles não têm ligação com as massas, com os movimentos. São só um nome, uma legenda, que para o que importa, que é a luta nas ruas, não vale de nada. A esquerda precisa assumir a cor vermelha e partir para um enfrentamento com a direita, rejeitando o verde-amarelismo, típico da direita e da extrema-direita, educando as massas em torno da unificação de um amplo movimento popular contra o regime atual. A mobilização popular já possui historicamente a sua cor e essa cor é o vermelho!