A imprensa golpista repete incessantemente a informação – que até agora não passa de boato – de que há uma articulação para que Geraldo Alckmin, ex-governador tucano de São Paulo, seja candidato a vice de Lula. Embora não haja nenhuma confirmação, a notícia tem sido espalhada e tratada como verdade.
O interesse da burguesia é óbvio. Primeiro, tenta orientar a política do PT, convencendo a ala direita do partido, em primeiro lugar, de que políticos da burguesia como o próprio Alckmin estariam dispostos a apoiar Lula; segundo, forçar a ideia de que o vice de Lula deve ser um elemento da direita. Assim, se a vitória eleitoral de Lula for inevitável, a burguesia teria um instrumento para controlar o governo, como foi Temer.
A insistência da imprensa golpista visa desmoralizar Lula, associando-o a um personagem odiado pelo povo, como são todos os tucanos.
O ingresso de Alckmin no PSB é parte fundamental da manobra. O partido é uma sublegenda dos tucanos, mas para os incautos aparece como um partido de “centro-esquerda”, ou seja, mais progressista do que o PSDB.
A insistência da burguesia em apontar Alckmin como um possível vice de Lula também acaba servindo como um contraponto ao que defende a maioria do PT e da base de Lula, que o vice precisa ser um candidato ligado às lutas do povo, não um direitista como Temer.
Outro fator é a chantagem que está sendo feita pelo PSB contra o PT. Ao indicar que Alckmin poderia ser o vice de Lula, o PSB tentar forçar o PT a apoiar sua candidatura ao governo de São Paulo e abandonar Haddad.
Todo esse emaranhado de manobras e chantagens tem o objetivo de sabotar a candidatura de Lula tanto internamente quanto externamente. O PSB é adepto da frente ampla, ou seja, apoia a chamada terceira via nas eleições. Se vai ser bem sucedido nessa política, não se sabe, mas enquanto procura costurar um nome da terceira via, sabota a candidatura de Lula, evitando, com essa política, uma mobilização geral por Lula presidente.
O PSB, assim, repete o papel que lhe foi outorgado pela burguesia em 1989. Naquele tempo, o partido cedeu espaço ao empresário tucano José Paulo Bisol e o PT, erroneamente, acreditou que o PSB seria um aliado seu. Assim, a burguesia impôs Bisol como vice de Lula. Tudo isso para controlar sua candidatura e impedir uma verdadeira mobilização popular por Lula Presidente. O resultado? A derrota do candidato mais popular do país para um desconhecido e direitista Fernando Collor de Melo.
Isso não pode se repetir, porque pode levar até mesmo à derrota de Lula nas eleições.
A política correta é lançar desde já nas ruas a palavra de ordem de “Lula presidente”, transformando a candidatura de Lula em uma grande mobilização popular. Quanto mais popular, mais difícil para a burguesia sabotar Lula. Essa mobilização deve defender um vice ligado às lutas populares, não um golpista como Alckmin ou qualquer outro picareta.