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Paulo Amaro Ferreira

Jones Manoel - parte II

O confusionismo de Jones Manoel

Após uma semana atordoado, o youtuber do PCB se surpreendeu com a revelação que seu professor de musculação irá votar em Lula

jones

Semana passada, o youtuber do PCB Jones Manoel, esteve um pouco atabalhoado. Isso por que nós publicamos um texto que argumentava que ele só havia alcançado a relativa fama (digo relativa, pois fora dos meios universitários da esquerda praticamente ninguém o conhece) devido à carona que pegou no golpe de estado e no antipetismo, alimentando-se do clima de ódio ao PT impulsionado pela direita para dar o golpe de 2016, sendo na prática financiado pela direita.

Ironia do destino ou não, no dia seguinte à publicação do nosso texto, veio a público a notícia de que um empresário cirista tem oferecido dinheiro a youtubers famosos para atacar Lula e defender Ciro Gomes. O fato foi denunciado por dois youtubers, Carlito Neto e Helder Maldonado, e apurado posteriormente pelo DCM, que revelou inclusive o nome do empresário, Jair Ferrari Filho, do ramo do agronegócio. Não podemos ainda saber se este empresário também ofereceu dinheiro a Jones Manoel. Porém, se ele ofereceu dinheiro para vários yotubers, será que teria esquecido do vaidoso Jones, o mais novo queridinho da Globo?

O certo é que a repercussão do nosso texto deixou Jones um tanto quanto perturbado. Assim, ele intensificou os ataques a Lula e ao PCO durante a semana, aumentando ainda mais os seus delírios. Num episódio cômico (ou teria sido um ato falho?), Jones chegou inclusibe a se referir ao PCO como uma “seita de fantásticos”, o que gerou uma enxurrada de memes nas redes sociais.

Porém, outra postagem do nosso youtuber halterofilista também chamou a atenção. Em mais uma de suas investidas contra Lula, e em outra exibição de sua dura vida na academia, Jones Manoel postou um vídeo malhando, escrevendo o seguinte: “quem tá filmando é meu professor bolsomínio lulista. Votou em Bolsonaro, votaria de novo, mas como Lula voltou, vota em Lula, mas odeia o PT”. Essa postagem merece uma análise mais detalhada.

Em primeiro lugar, Jones não consegue esconder a sua “dor de cotovelo” em relação a Lula. Para ele, o fato de que “Lula voltou” soa como desesperador. Para Jones Manoel, seria melhor se Lula estivesse preso ou então inelegível. Isso mostra mais uma vez o seu servilismo em relação aos golpistas, à direita e ao imperialismo, que deram o golpe, prenderam Lula e o impediram de concorrer em 2018. Jones gostaria mesmo que Lula não pudesse ser candidato ano que vem, para que o seu candidato, que não sabemos se é o Ciro ou o Glauber Braga, pudesse concorrer sem a presença do candidato mais popular do país.

Bom, esse é aspecto mais gritante dessa postagem, mas há outro muito importante que deve ser observado. Nessas poucas palavras escritas, porém de grandes revelações, Jones demonstra também a sua imcompreensão com relação a um aspecto fundamental da política atual, que é o deslocamento de parte da classe trabalhadora em direção às forças da extrema direita. Se Jones fosse realmente um historiador, se ele realmente estudasse a história com atenção, ele perceberia que esse não é um fato novo. Essas características puderam ser observadas tanto na ascensão do fascismo na Itália, quanto na vitória do nazismo na Alemanha, onde em ambos os casos as posições vacilantes da esquerda, num cenário de crise econômica aguda, jogaram amplas parcelas da classe trabalhadora nos braços da extrema direita.

O que Jones não consegue compreender é que a classe trabalhadora, em momentos de crises intensas do capitalismo, tende a identificar as forças políticas tradicionais como as verdadeiras culpadas pela sua desgraça, e nisso inclusive estão cobertos de razão. Nesse sentido, todas as forças que são mais identificáveis com o regime estabelecido tendem a perder apoio das massas populares, que buscam apoiar forças políticas que não estejam identificadas com a ordem estabelecida. É por isso que Bolsonaro angariou um certo apoio popular, na medida em que ele se apresenta como um candidato anti-regime, ainda que isso não seja verdade.

Além disso, por qual motivo um trabalhador votaria num partido da direita tradicional, que controla o congresso e o judiciário, e que são os legítimos representantes do sistema. Ou então, por qual motivo algum trabalhador votaria num partido da esquerda pequena burguesa, como o PSOL ou o PCB, que seguem vacilantes na hora de combater o golpe e inclusive defendem golpistas como Ciro Gomes ou o PSDB? Jones Manoel acha que basta que o trabalhador escute o discurso lindo e maravilhoso da esquerda universitária para que ele vote no seu partido. Não é maravilhoso esse conto de fadas? E quando o trabalhador não adere ao seu partido, que mais parece um centro acadêmico, aí então ele classifica o trabalhador como “bolsominio”. Esse é todo o marxismo que Jones Manoel apresenta para o seu séquito de imbecis fanatizados, que nunca leram Marx e que tomam como marxismo um idealismo de quinta categoria.

Outro erro grosseiro do comunista de academia é classificar como “bolsominio” todo eleitor de Bolsonaro, como se todo mundo que tenha votado em Bolsonaro compartilhasse das concepções fascistas do seu candidato. Isso claramente é um grande equívoco. A maioria das pessoas pobres que votaram em Bolsonaro não é fascista nem nada parecido com isso. A questão é que os trabalhadores não se identificam com os partidos da ordem, que só vencem algumas eleições mediante muita fraude e manipulação, contando com a compra de votos através campanhas milionárias e com a ajuda dos grandes meios de comunicação. Caso contrário, esses partidos que se dizem os representantes da democracia brasileira não teriam votos entre a classe trabalhadora, até por que os trabalhadores sabem que isso que chamam de democracia no Brasil é uma farsa, que não tem dado conta sequer de colocar a comida no prato dos brasileiros. Chamar os eleitores de Bolsonaro de gado ou de bolsominions é manter uma postura absolutamente antipopular. Não admira, portanto, que o partido de Jones não tenha qualquer relação real com a classe trabalhadora, e tampouco nos surpreende o fato de que o youtuber não consiga sequer convencer o seu professor de musculação a votar no seu candidato.

No fim das contas, a tese explicitada na postagem de Jones Manoel é exatamente a mesma propagada pela imprensa golpista, como Globo, Veja e Folha de São Paulo, segundo a qual Lula e Bolsonaro seriam duas faces da mesma moeda. Nesse sentido, Jones Manoel segue atuando como o moleque de recados da imprensa golpista, comparando Lula a Bolsonaro, com o claro objetivo de fortalecer a chamada terceira via. Não nos é estranho, dessa forma, que o youtuber tenha sido recompensado generosamente pela imprensa golpista brasileira, que tem dado destaque para Jones em canais como Globo, GNT, entre outros Somente os muito ingênuos podem acreditar que toda essa exposição tenha surgido de forma espontânea. Na história, não nos faltam exemplos de figuras de dentro da esquerda sendo compradas pela direita para fazer o serviço sujo, para semear a confusão, sobretudo nos momentos de maior acirramento da luta de classes.

Porém, apesar de todo seu confusionismo, Jones Manoel não evitará que o seu professor vote em Lula, assim como devem fazer grande parte dos trabalhadores brasileiros, pois aqueles que não têm tempo para passar o dia na academia e postando devaneios no twitter, têm urgência de emprego e comida no prato. E independentemente em quem tenham votado em 2018, é neles que nós depositamos toda a esperança para derrubar esse regime golpista e dar a volta por cima, que começa com a eleição de Lula presidente em 2022.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste diário.

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