Autoridades do Talibã na cidade de Cabul, capital do Afeganistão, afirmaram que o território do vale do Panjshir foi conquistado militarmente. A informação foi passada à agência de notícias Reuters na sexta-feira, 3 de setembro.
O líder da Frente Nacional de Resistência, Amrullah Saleh, que ocupava o Panjshir e combatia o Talibã, disse que a situação é crítica e eles se encontram em estado de extrema debilidade. Após a tomada do poder pelo Talibã, em 15 de agosto, a Frente Nacional se refugiou na região montanhosa e inaugurou um combate armado contra o novo regime.
O sucesso militar consolida o Talibã como a força política governante no conjunto do território do Afeganistão. A expulsão das forças militares dos Estados Unidos e a derrota de seus aliados internos são uma façanha de grande importância regional e internacional.
O fim de 20 anos de ocupação militar americana no Afeganistão é uma vitória dos afegãos e de todos os povos árabes. Conforme assinalou a imprensa imperialista, a vitória do Talibã servirá para deflagrar um processo mais amplo de enfrentamento contra o imperialismo em todo o Oriente Médio, Norte da África, Ásia Central, Sul da Ásia e Sudeste Asiático.
Os movimentos islâmicos jihadistas que enfrentam o imperialismo se fortalecem em toda a região. As organizações de luta do povo palestino como o Hamas podem se inspirar neste brilhante exemplo na luta contra o Estado de Israel. No Líbano, o movimento nacionalista Hezbollah, que também combate Israel e os Estados Unidos, se fortalece. Até mesmo no continente africano os movimentos e grupos jihadistas de vários tipos e orientações ideológicas se fortalecem e podem inaugurar uma ofensiva.
A dominação imperialista é responsável pela situação de miséria e opressão em que se encontram os povos árabes no Oriente Médio. A derrota no Afeganistão coloca nos horizontes de forma imediata a expulsão das forças imperialistas do Iraque. O vizinho Irã é um regime que sofre em decorrência de sanções econômicas e pressão militar dos Estados Unidos e o exemplo afegão fortalece sua luta pela soberania e independência nacionais.
A retirada do Afeganistão também impulsiona a luta contra os governos satélites dos Estados Unidos na península arábica, caso das monarquias da Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrein. No Iêmen, a luta afegão serve como exemplo para as guerrilhas que se enfrentam com o imperialismo e seus aliados sauditas. No Egito, a vitória Talibã representa uma ameaça para a ditadura militar de Abdel Fattah El-Sisi, que derrubou o governo do partido Irmandade Muçulmana.