A Nota Oficial de Bolsonaro escrita na semana passada foi fruto de um acordo feito entre Bolsonaro e a burguesia. Um acordo esporádico, mas necessário para que ambos os lados se salvassem da greve dos caminhoneiros. Temer foi enviado para Brasília para auxiliar Bolsonaro com a greve e orientá-lo a costurar o acordo momentâneo. Embora Bolsonaro e o centrão estivessem no meio do fogo cruzado, o acordo foi extremamente necessário para poder garantir que o regime inteiro não se despedaçasse. Esse acordo está terminando, após aproximadamente uma semana, os ânimos de uma greve estão diminuindo, e, portanto, o risco de o governo entrar em colapso também.
Tal acordo foi fruto da experiência da burguesia no governo Temer com os caminhoneiros. Constataram quem se a categoria paralisasse, toda a economia brasileira paralisava junto. Graças à destruição das ferrovias brasileiras, o País quase que exclusivamente das rodovias para transportar alimentos, insumos industriais e hospitalares. Por isso o cessar fogo.
Cai por terra então a dita oposição do centrão com o governo Bolsonaro. Uma oposição que se prese teria segurado essa oportunidade de ouro de derrubar o presidente. O governo Temer ficou por um triz. Nas atuais circunstâncias de crise econômica aguda de pandemia, uma greve teria sido muito mais destrutiva para a burguesia, é possível apostar que em menos de uma semana o governo teria ficado sem defesa. Uma saída seria decretar Estado de Exceção, como quase o fez seu predecessor, para isso que serviu a carta, se a necessidade se impusesse muitos interpretariam uma medida com esta como um ataque direto ao STF e aos opositores de Bolsonaro. Com a atual base militante que o presidente tem nas forças repressivas isso poderia ter jogado o país numa crise ainda pior.
Pois bem, a aliança é uma prova contundente de que a oposição entre Bolsonaro e burguesia golpista, o setor da terceira via, não passa de uma disputa eleitoral e não uma luta de democracia contra o fascismo, como quer vender a imprensa. Essa luta de mentirinha acaba quando Bolsonaro corre risco de afundar. Se isso acontecer a esquerda, pode assumir, seria o pior cenário possível para os golpistas. Tanto trabalho em dar o golpe e fraudar as eleições para devolver tudo para Lula e o PT? Doria tem pesadelos só de pensar nessa possibilidade.
Só uma parte da esquerda complemente cega pelo medo de perder assentos em Brasília que ainda acredita nessa oposição.
Outras alianças ainda podem surgir. Embora as eleições estejam cada vez mais perto, até lá muitas coisas podem acontecer, e o governo está em uma situação muito difícil com a pandemia. Vimos explosões no mundo inteiro desde março do ano passado, quando a pandemia tomou um caráter global. Muita escaramuças podem acontecer, muitas manifestações dos trabalhadores, a crise econômica pode se tornar muito pior, e portanto muitas alianças entre Alexandre de Moraes, o Congresso e Bolsonaro.