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Chacina no RJ

Não é “falta de inteligência da polícia”, é a sua existência!

A polícia é mecanismo que permite a burguesia exercer o seu controle contra a revolta das massas, e portanto é inútil tentar reformá-la.

A marca mais evidente de uma sociedade desigual é a violência, sobretudo a violência do Estado contra as camadas mais pobres de sua população. Esta violência tem a função de conter a revolta das amplas massas contra a exploração de classes. Uma revolta desorganizada, algo socialmente instintivo que faz crescer no seio do oprimido um sentimento de exclusão e injustiça. O massacre ocorrido esta semana no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, expõe esta realidade. As forças de repressão do Estado, agindo à margem da Lei e sobre o pretexto do combate às drogas, levaram pânico e morte para uma das muitas comunidades carentes da cidade.

Um massacre contra pobres e o “herói protetor”

O massacre do Jacarezinho engrossa as estatísticas de mortes de negros, jovens e pobres no Brasil, um perfil que já é conhecido há décadas. No entanto, mesmo conhecendo o perfil das vítimas e tendo o Estado e seu aparelho repressivo como a fonte primária da violência, não nos aproximamos de uma tomada de consciência que possa apontar para uma solução do problema. Temos uma das maiores populações carcerárias do mundo, quase um milhão de pessoas, na sua esmagadora maioria oriundos mais exploradas da sociedade.

A classe dominante difunde por meio de seu aparato de propaganda e de sua impressa a mensagem de que o problema de fato não existe, seriam apenas episódios pontuais que podem ser contornados. O pior é que parte da esquerda pequeno-burguesa, que busca desesperadamente a aceitação da burguesia, compactua e até defende esta tese. A violência policial que rotineiramente dá origem a massacres como o do Jacarezinho é, portanto, colocada na conta de indivíduos, maus policiais, eximindo assim a corporação como um todo de culpa.

O tempo em que vivemos, onde o bolsonarismo deu legitimidade e fez vir a tona o orgulho do policial opressor, deixou evidente o fato de que há uma identidade comum às forças de repressão do Estado. As instituições polícias carregam a ideia de que são a linha divisória entre duas categorias ou extratos da sociedade, de uma lado há uma classe inferior de pessoas cujos direitos podem ser ignorados e devem ser combatidos, e do outro as vítimas, um grupo de um extrato superior (economicamente é claro) e que, portanto, deve ser protegido.

Esta visão maniqueísta e idealizada, é reforçada pelo estereótipo do policial macho alfa do cinema e séries norte-americanos, que caça bandidos (ou vagabundos no linguajar nacional), quase sempre  vezes pobre e negro. O discurso que naturaliza a violência policial está disseminado em vídeo e chega a milhões de brasileiros todos os dias por meio de plataformas como Kwai, Tic-Toc, Twitter, Whatsapp dentre outras. O gênero tem suas estrelas como o apresentador Sikêra Júnior ou o Delegado da Cunha – dentre tantos outros – que amealham milhares de seguidores exaltando massacres e justificando o injustificável.

O apresentador Sikêra Junior, por exemplo, é o criador do bordão “CPF cancelado”, repetido por ele sempre que há uma notícia onde um policial mata um bandido. Ao proferir o bordão os membros do elenco saem correndo pelo palco com CPFs gigantes com uma tarja vermelha escrito “cancelado”.

Por usa vez, o delegado da Cunha é o titular da 8ª Secc da Polícia Civil de São Paulo, possui mais 1,6 milhões de seguidores no Instagram e outras mídias sociais. Seus programas cobrem ações policiais que, com as tradicionais armações da Polícia e da imprensa golpista, buscam fortalecer a imagem do policial musculoso e destemido que age em bolsões de pobreza e violência.

Não tenhamos ilusões, o problema é social

O problema das drogas, dos crimes contra o patrimônio que tanto atormentam a classe média não são os mais importantes para os mais pobres. Para estes, o que mais assusta é o desemprego, a fome, a falta de moradia e a violência policial. Todas estas mazelas tem uma causa comum, a exploração de classes. É justamente o sistema de exploração de classes que oprime os trabalhadores em benefício de uma uma minoria que concentra a maior parte da riqueza, a burguesia. A polícia é mecanismo que permite a burguesia exercer o seu controle contra a revolta das massas, e portanto é inútil tentar reformá-la.

O fim da Polícia Militar – uma instituição advinda da ditadura militar que perdurou por 21 anos no Brasil – e de todo o aparato repressivo, é a única medida aceitável para reduzir a violência. Se a preocupação for defender a população, que seja criada uma força de segurança sob o controle direto do povo e de suas organizações como associações de bairro e sindicatos. Composta por membros da própria comunidade que vivam a realidade diária de seus protegidos. Esta ideia causa perplexidade a qualquer um que veja o pobre como problema, mas é a única reivindicação verdadeiramente democrática diante da situação.

Não há como conter as drogas, o crime e a violência sem que sejam atacadas as causas sociais que a produzem. Emprego, salário vital suficiente para as necessidade de toda a família, Educação, acesso aos serviços do Estado, oportunidades iguais para todos e fim dos abismos sociais que privilegiam poucos são o único remédio para a doença social que acomete não só o Brasil, mas todo o mundo. Isso não pode ser obtido pela repressão policial que, pelo contrário, é a receita para o terror e o massacre contra o povo trabalhador que constrói a riqueza do País e dela não pode desfrutar.

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