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Mesmo sob ataque do imperialismo, Brasil vai à semi em Tóquio

A classificação não recebe o mesmo entusiasmo na imprensa burguesa comparado aos outros esportes, e no silêncio total repousa a esquerda pequeno-burguesa que sempre corrobora

Depois da imensa torcida pelo fracasso da seleção brasileira de futebol na Copa América 2021 e da comemoração da vitória da Argentina, não havia terminado o mês e o Brasil já se apresentava novamente como favorito a campeão agora nas Olimpíadas de Tóquio. A seleção brasileira ganhou do Egito pelo placar de 1×0 no sábado (31) e está na semi-final, fase onde enfrentará o México. A classificação não recebe o mesmo entusiasmo na imprensa burguesa comparado aos outros esportes e, no silêncio total, repousa a esquerda pequeno-burguesa que sempre corrobora os ataques contra o futebol brasileiro.  

Durante a Copa América realizada no Brasil, a histeria dominou os setores da esquerda pequeno-burguesa contra a realização do evento no período da pandemia da COVID-19. Apesar do Japão registrar aumento do número de infectados pelo coronavírus, tal preocupação parece ter desaparecido diante de tamanha empolgação com as conquistas nas Olimpíadas em curso. A situação revela que o problema nunca esteve relacionado a questão sanitária para a realização dos jogos; a mesma política direitista “do fique em casa” que a esquerda defendeu contra as mobilizações neste último período, foi utilizada numa campanha contra o futebol brasileiro e a esquerda consequentemente caiu nessa armadilha.  

A comemoração da vitória da Argentina sobre o Brasil na final da Copa América, a “pagação de pau” (como se diz no popular) aos jogadores de futebol e aos argentinos em geral representa uma falta de compreensão enorme do conteúdo polítco que o futebol traz consigo e da própria luta dos oprimidos.  

Apesar de Messi ser igualmente acusado de sonegar impostos, não que isso tenha alguma relevância, mas as críticas a Neymar Jr., melhor jogador do mundo, são muito mais duras pela ressonância que ganha na esquerda. Nem falar do adorável jogador português Cristiano Ronaldo acusado de violência sexual, por muito menos o craque brasileiro foi massacrado pela imprensa e pela esquerda. Mais uma vez cabe dizer que destacar que não nos interessa a discussão moral, mas a campanha contra o maior produto nacional do futebol nacional e, na esteira desses ataques, ao futebol brasileiro de conjunto. 

Da mesma forma surgem as comparações entre Maradona e Pelé. O argentino, segundo a esquerda pequeno-burguesa, teria sido uma espécie de arauto da moralidade pelo fato de ter defendido abertamente governos progresistas na América Latina contra o imperialismo, muito embora defendesse o ex-presidente Lula que esse mesmo setor busca atacar. Os ataques morais não merecem atenção, mas vamos tratar os problemas políticos. Pelé, preto e de origem pobre, sempre foi acusado de não ter se posicionado e, por isso, tratado como defensor do regime militar sanguinário que se instaurou no país por 21 anos (1964-1985). 

Apesar de nada ser dito a respeito, Pelé fez uma defesa enfática e pública pela manutenção de João Saldanha como técnico da seleção brasileira, que foi afastado de maneira arbitrária às vésperas da Copa do Mundo de 1970 pela burocracia da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), em plena ditadura militar.  

É importante salientar, porém, que esse duelo traz a questão do negro consigo, o jornal argentino Crítica trouxe, em 1920, uma charge com dizeres: Macacos em Buenos Aires, uma saudação aos “ilustres hóspedes”. O Brasil iria enfrentar a seleção da Argentina num amistoso na capital argentina após a tentativa frustrada, no Chile, de repetir a conquista da Copa América como aconteceu no Brasil, em 1919. Em virtude da provocação racista, jogadores brasileiros se recusaram a jogar e a partida aconteceu com sete atletas para cada lado. 

Como desdobramento da confusão na Argentina, nos anos seguintes (1921 e 1922), por interferência direta na CBD pelo presidente racista do Brasil, Epitácio Pessoa, somente jogadores brancos eram convocados para atuar seleção brasileira. Diante da baixa qualidade técnica da equipe, os negros retornam ao time em 1923 e ganham a Copa América daquele ano.      

Os jogos entre a seleção da Argentina, um país que eliminou negros de sua população para ter uma aparência europeia, e a seleção do Brasil, um país onde o negro se afirmou através deste esporte, ganhou um caráter para além de uma competição esportiva. Apesar de não ser o assunto central da matéria, tal discussão não poderia deixar passar batida.  

Mas voltando para as Olímpiadas, devemos ter claro que se trata de uma competição internacional montada para que os países imperialistas conquistem a maioria das medalhas. A maior parte das modalidades esportivas são dominadas por países ricos, há categorias que sequer existem nos países atrasados por não disporem de condições econômicas para desenvolverem. 

Por outro lado, esportes como futebol, onde um país atrasado, o Brasil no caso, é sempre favorito a campeão, cria-se regras para inviabilizar sua superioridade como limite de idade. A seleção também sofre vetos de equipes imperialistas para liberação de jogadores como é o casdo de Neymar pela francesa Paris Saint-Germain (PSG). Ainda assim, a seleção brasileira conseguiu eliminar o Egito e vai disputar com México a vaga para final na próxima terça-feira (03). Caso se classifique, o Brasil terá a oportunidade de repetir a conquista do título como na edição passada (2018), quando o Brasil ganhou da Alemanha sob o comando do craque Neymar.  

Para esquerda que não enxerga a importância do futebol do ponto de vista econômico, um mercado que movimenta bilhões de dólares em todo mundo e que alimenta poderosas indústrias, a discussão sobre a campanha do imperialismo contra o futebol brasileiro fica suspensa no ar. Não sem motivos, a Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA), organização dominada pelo imperialismo que comanda o esporte no mundo, impõe medidas como Arbitro Assistente de Vídeo (VAR, sigla em inglês) para interferir nos resultados dos jogos em favor dos seus interesses.  

Mesmo com todo esforço da imprensa nacional venal em fazer o Brasil parecer menor do que é – como foi depois da conquista da Copa do Mundo de 2014 pela Alemanha em solo brasileiro, quando dizia-se que a hegemonia do futebol brasileiro chegava ao fim como sempre buscaram fazer crer diante de um novo país campeão, tal disparate não se sustentou com a eliminação da Alemanha nas quartas de final da Eurocopa e a derrota para a seleção brasileira na final das Olimpíadas em 2016 – a seleção de Neymar conquistava o título que faltava para coleção do melhor futebol do mundo.   

A mesma campanha se repetiu diante da conquista da Copa do Mundo de 2018 pela França, seleção que viria a ser eliminada ainda nas oitavas da Eurocopa deste ano e agora já se fala da campeã Itália. Mas fato é que o Brasil, o maior campeão de Copas do Mundo, assombra em mais uma Olimpíadas e será a seleção a ser batida na Copa do Mundo de 2022 no Qatar. 

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