Em entrevista à rádio Meio Norte, do Piauí, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a mobilização do povo é a única “solução para o problema da ingovernabilidade de Bolsonaro”. Para o ex-presidente, “precisamos sair às ruas e cobrar que o país seja governado decentemente”. Lula da Silva, se conecta, assim, com o sentimento das massas populares que rechaçam o governo Bolsonaro e começam a se movimentar para derrubá-lo, a ele e a todo o programa econômico que a extrema-direita compartilha com a direita golpista tradicional.
O ex-presidente ainda pondera: caso necessário para derrotar Bolsonaro, será o candidato da esquerda nas próximas eleições. Ambas as posições constituem uma vitória para o movimento popular contra a direita e a extrema-direita. A política do “fica em casa” defendida por setores oportunistas no interior da esquerda e do movimento operário, camponês e popular fica completamente desautorizada, a política de mobilização popular nas ruas por fora Bolsonaro ganha um aliado de peso. A situação é tal que dificilmente algum elemento oportunista sairá na defesa do “fique em casa”, poderá fazê-lo nos bastidores, mas não mais abertamente.
Essa mudança de perspectiva, ou melhor, o apoio claro a uma perspectiva política, a da mobilização nas ruas, realizou-se, sobretudo devido à pressão das bases da esquerda e da população trabalhadora em geral. Assim também acontece com a candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República.
Embora haja pressões enormes da burguesia e de setores pequeno-burgueses para que o Partido dos Trabalhadores apoie um candidato de direita ou ao menos lance outro candidato que não Lula, a pressão das bases da esquerda e de amplos setores populares que enxergam a candidatura Lula como a candidatura do povo contra a dos golpistas, dos trabalhadores contra a dos patrões, é responsável pela posição de Lula e da ala lulista de enfrentar e afirmar a candidatura Lula.
O ex-presidente Lula age corretamente ao se colocar como liderança desse movimento contra a direita e a extrema-direita, não havendo dúvidas de que sua candidatura será um poderoso instrumento de mobilização popular que pode alterar completamente a correlação de forças, fortalecendo a ampliando as posições dos trabalhadores e do povo e enfraquecendo a força da burguesia de conjunto no país.
A candidatura Lula não é somente um fator de mobilização, como coloca um problema central na luta política nacional: a luta por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Isso porque a polarização nacional é tal, que mesmo sendo um candidato moderado, o ex-presidente não encontra apoio algum mesmo nas alas mais débeis da burguesia, seu único apoio se encontra na classe operária e nas massas populares, nos setores oprimidos e explorados.
Abre-se a possibilidade de transformar essa candidatura, não em uma campanha por um governo moderado da esquerda que governe em um acordo com a burguesia, mas num movimento político de massas contra a direita e a extrema-direita golpista, ou seja, contra a burguesia de conjunto.
Assim como pressão das massas levou todo um setor moderado a apoiar a mobilização nas ruas por fora Bolsonaro; assim como a pressão das bases tem derrotado até aqui a pressão da burguesia, do imperialismo, de setores pequeno-burgueses oportunistas que querem Lula fora do pleito, também a pressão popular de uma campanha de massas pode levar Lula muito além de sua perspectiva política moderada, caso contrário, o mesmo pode ser superado pelo movimento que seguirá sem ele. O imperialismo e a burguesia nacional bem o sabem e por isso trabalham desesperadamente contra a candidatura Lula.
Por isso; lutar pela candidatura do ex-presidente Lula, que em si é uma primeira vitória contra o imperialismo e a burguesia brasileira, e fazer dessa candidatura um poderoso movimento da classe operária, dos camponeses e de todos os oprimidos pelo governo independente dos trabalhadores da cidade e do campo sem a burguesia, essa é a tarefa que está colocada.