Segundo informações da consultoria Economatica, as empresas farmacêuticas têm tido ganhos exorbitantes nas bolsas de valores. Os dados foram divulgados pela imprensa burguesa.
A empresa que mais ganhou no mercado de ações foi a norte-americana Novavax, que desde fevereiro de 2020 apresentou um ganho de 1.558%. O valor de mercado da empresa que era de cerca de US$ 205 milhões, em fevereiro passado, chegou a US$ 8,1 bilhões. Em segundo lugar, outra norte-americana, a Moderna, com um ganho de 585%, com isso, o valor de mercado da empresa passou de US$ 6 bilhões para US$ 49,4 bilhões. A alemã BioNTech ficou em terceiro com alta de 223% desde fevereiro.
Johnson & Johnson, AstraZeneca a Pfizer também apresentaram ganhos bilionários. Para se ter uma ideia, a Johnson & Johnson passou a valer US$ 428 bilhões.
Os dados levam em conta as ações na bolsa de valores de Nova York (NYSE) e no índice Nasdaq. Está claro o principal motivador da corrida das vacinas no mundo todo.
As gigantes do ramo farmacêutico estão lucrando com a desgraça de milhões de pessoas no mundo todo. Para os monopólios imperialistas não há “tempo ruim”.
Eis o funcionamento da atual etapa do capitalismo. Ele mesmo promove a catástrofe se se aproveita dela para aumentar os lucros exorbitantes das grandes empresas. É análogo ao que aconteceu em vários países do mundo com o neoliberalismo e sua política de devastação.
O imperialismo devastou países inteiros para colocar em marcha a política neoliberal de “reconstrução”. O que está acontecendo com a pandemia é essa mesma política mas em nível global. Segundo dados oficiais são quase 100 milhões de infectados e mais de 2 milhões de mortos. Tudo isso é resultado de um sistema degenerado, que não dá conta de resolver problemas básicos da população.
As empresas farmacêuticas se aproveitam agora dessa devastações para lucrarem à custa do sofrimento da população mundial.
Os lucros com a corrida pelas vacinas explicam por que desde o início da pandemia se investiu tão pouco em uma política de prevenção até que a pandemia tomasse proporções gigantescas. No Brasil, por exemplo, até hoje não há qualquer facilidade para conseguir testes, que é um fator decisivo no combate à pandemia, já que favorece a identificação e separação dos contaminados. Nos primeiros meses da pandemia, era quase impossível realizar testes, hoje, embora tenha aumentado o acesso, é mais fácil pagar por um teste do que conseguir fazer em uma unidade pública.
Essa política exemplifica bem a questão. Enquanto milhões de pessoas iam sendo infectadas no mudo, as gigantes farmacêuticas colocaram em marcha a busca pela vacina.
E a vacina russa?
Os lucros exorbitantes desses monopólios da indústria farmacêutica explicam também a recusa em adotar a vacina criada na Rússia.
A Sputnik V, como é chamada a vacina russa, não apenas foi a primeira a ser desenvolvida como há vários indícios de que seja uma das mais eficazes, se não a mais eficaz. Embora os dados sobre a Sputnik sejam de difícil acesso pelo boicote imposto pelos países imperialistas.
A imprensa golpista brasileira faz propaganda de João Doria e da Coronavac e das vacinas produzidas nos Estados Unidos e no Reino Unido e praticamente ignora a existência da Sputnik. É como se estivesse proibido falar da vacina russa.
A questão é simples. Os países imperialistas precisam impor as suas vacinas, caso contrário toda a operação de bilhões de dólares envolvida na corrida das vacinas estaria comprometida. Por isso, o imperialismo procurou sabotar a Sputnik.
Mesmo com a eficácia comprovada, os governos imperialistas e capachos como o do Brasil evitam sequer falar da vacina russa.
Tudo isso mostra como a esquerda pequeno-burguesa novamente se adaptou à política da direita e do imperialismo. A propaganda histérica pela vacina que está sendo reproduzida pela esquerda sequer leva em conta o que realmente está em jogo.
Ao invés de denunciar a manipulação e a política genocida desses monopólios que estão atrás de aumentarem seus lucros, a esquerda começa uma campanha histérica pela vacina ignorando tudo o que está por trás da guerra.
Especificamente no caso do Brasil, além do problema econômico, há o problema político. Como se a vacina e a ciência fossem entidades acima da política, a esquerda está se aliando com João Doria em defesa da vacina sem nenhuma crítica. Na realidade, a esquerda se tornou, depois da própria imprensa golpista, a maior propagandista de João Doria.
A Coronavac se transformou numa espécie de Deus infalível e qualquer crítica está passível de ser considerada “anti-científica”.
Enquanto a esquerda forma uma espécie de patrulha “científica” cujo único resultado é defender João Doria, os grandes monopólios da indústria farmacêutica estão lucrando bilhões, e a vacinação nem começou ainda na maioria dos países do mundo.
É preciso denunciar esse esquema genocida montado pelo imperialismo cujo principal objetivo é garantir os lucros dos especuladores. E para que isso ocorra, se for preciso, são capazes de deixar que ainda outros milhões morram no mundo todo.