No dia 24 de março de 1976, as Forças Armadas da Argentina derrubaram a presidenta peronista Isabelita Perón, do Partido Justicialista, e instauraram uma ditadura militar.
A Junta Militar, composta pelos três comandantes militares, assume o governo, destitui todas as autoridades nacionais, provinciais e locais e dá início ao Processo de Reorganização Nacional. Este significava a implementação de uma política de terrorismo de Estado voltada para o extermínio definitivo de toda da esquerda. Não à toa, passou a ser conhecido como “guerra suja”.
Os poderes legislativo, executivo e judiciário foram concentrados nas Forças Armadas. A política econômica neoliberal alinhada com os interesses do imperialismo foi posta em prática. As forças de repressão se dedicaram a executar os objetivos da Reorganização Nacional através de assassinatos políticos, sequestros, torturas, ocultação de cadáveres e desaparecimentos forçados. São muito conhecidas as casas de tortura do regime.
A presidente Isabelita Perón havia editado medidas para combater as atividades da esquerda revolucionária que atuava na província de Tucumán. O “Decreto de Aniquilação”, assinado em 1975, visava combater, neutralizar ou até mesmo aniquilar com as atividades do grupo guerrilheiro Exército Revolucionário do Povo. Os militares golpistas se aproveitam das medidas repressivas já em vigor e as aprofundam, aumentando exponencialmente a violência estatal contra a esquerda e a população.
O peronismo é o movimento nacionalista de maior relevância no país do Atlântico Sul. Sua base popular é muito ampla e complexa, envolvendo os sindicatos e movimentos populares. Em diversas ocasiões, o peronismo adquiriu um caráter político muito direitista. Apesar disso, frequentemente entrou em contradição com os interesses do imperialismo na Argentina.
As alas direitistas do peronismo têm ligações com setores da burguesia nacional argentina. Os setores de esquerda são ligados ao movimento sindical. O peronismo fez diversas concessões trabalhistas à classe operária, no sentido de controlar o movimento dentro dos marcos do Estado burguês. Também colocou em prática um projeto de desenvolvimento nacional, contemplando os interesses da burguesia argentina, o que acarretou em choque com os interesses do imperialismo em diversos aspectos.
A política de Isabelita Perón, no início, foi uma política de capitulação com o imperialismo. Porém, em seu segundo ano à frente da presidência da República, pressionada pela mobilização dos trabalhadores, ela acabou por trocar o ministro de economia e optar por uma política mais alinhada ao desenvolvimento nacional e aos trabalhadores. Os salários foram aumentados, assim como todos os impostos sobre salários foram retirados. Houve uma política de incentivo a empresas nacionais e, em 1976, estabeleceu dias de descanso para mães que trabalhassem e o aumento do valor da aposentadoria.