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Miséria aumentando

Ganhando cada vez menos

Desde o golpe de 2016, a renda média dos brasileiros caiu e setores confusos apostam em João Dória e na burguesia para resolver o problema

O PNAD/IBGE divulgou dados analisados pela consultoria iDados a respeito da renda média dos trabalhadores no trimestre passado de 2021 no Brasil. Os dados oferecem uma série histórica, o que permite compará-los com os anos anteriores e verificar a piora deles depois de 2016, ano do golpe de Estado.

A renda média no 2° trimestre de 2015, último ano completo do governo Dilma, era de R$ 2.450,00. No ano de 2016, nesse mesmo período, ela decaiu para R$ 2.360,00; sob o avanço das políticas neoliberais, durante o ano de 2017, permaneceu baixa, com apenas R$ 2.399,00 mensais. As políticas implementadas, como o fim do reajuste do salário mínimo acima da inflação, o aumento do desemprego – política da burguesia para a criação de um exército industrial de reserva – com a reforma trabalhista, etc. foram as responsáveis por esses dados.

Em 2018, durante o último ano do governo Michel Temer, em que os trabalhadores abandonavam o gás de cozinha e eram obrigados a recorrer ao fogão à lenha para preparar sua alimentação, a renda média mensal dos brasileiros ficou em R$ 2.444,00. Quando o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro começou, em 2019, a renda média caiu mais ainda para R$ 2.437,00. Depois de aumentar em 2020 para R$ 2.613,00, caiu em 2021 para R$ 2.433,00.

Os dados apontam que, com exceção de 2020, em todos os anos dos governos do golpe a renda média ficou abaixo do patamar que ocupava em 2015. Esse número só foi maior 5 anos depois (!), mas voltou a cair no ano seguinte para um valor muito menor do que era. Ao invés de aumentar, sob as medidas golpistas, a renda média dos trabalhadores brasileiros decaiu absurdamente ao longo dos governos ilegítimos.

Em que consiste o interesse da miséria do povo para a burguesia?

Do ponto de vista científico, isto é, marxista, o interesse da burguesia em solapar as condições de vida dos trabalhadores, aumentar o desemprego e diminuir os salários se funda no próprio antagonismo de classes existente dentro da nossa sociedade. Karl Kautsky, teórico e filósofo revolucionário, mas que depois acabaria por abandonar a defesa da revolução, explicava que todo marxista deve compreender muito bem o fenômeno do desemprego.

O desemprego é responsável por, além da piora das condições de vida dos trabalhadores, formar um exército industrial de reserva. Esse exército apresenta duas vantagens em curto prazo para a burguesia: a primeira é a redução dos salários dos trabalhadores empregados – observamos esse fenômeno aqui no Brasil, com a redução da renda média geral da população e explosão do desemprego. Esse ponto decorre do seguinte modo: com o aumento de desempregados, mais trabalhadores ficam disponíveis para trabalhar em um determinado serviço. O patrão desse serviço tem, no caso, um poder de barganha maior: ele tem condições objetivas para oferecer um salário menor, afinal uma série de outros trabalhadores, igualmente desesperados, estariam à disposição caso um negasse. Esse ponto explica de modo muito claro a situação brasileira.

Vemos o ponto analisado por Karl Heinrich Marx ser provado no outro vértice: os operários especializados, que exercem uma função a qual quase não existe concorrência, por pouquíssimas pessoas deterem o conhecimento técnico necessário para essa realização, são muito bem remunerados. Esse ponto mostra como a ausência de concorrência para uma vaga (isto é, ausência de desemprego – se ampliarmos os casos dos operários especializados para os operários em geral) elevaria a renda média da população brasileira e como os representantes da burguesia, de modo algum, teriam interesse em combater o desemprego, pois fariam os patrões pagarem salários mais altos.

A segunda vantagem econômica para a burguesia – que explica o desemprego em mais de 14 milhões no Brasil – é a possibilidade de realocar mão de obra para outras funções, as quais se apresentem necessárias.

Se o desemprego e a redução da renda dos trabalhadores é de interesse da burguesia, um político burguês poderia resolvê-los?

Os defensores da política da frente ampla – que consiste em levar a luta contra o bolsonarismo para um terreno meramente parlamentar e subordinar as mobilizações da esquerda aos interesses da direita golpista, como João Dória, em troca de suposto apoio desses que nada tem a oferecer ao movimento – argumentam que todos os problemas do Brasil se reduzem ao Bolsonaro. Seria isso uma verdade?

Vejamos: os indicadores da renda média começaram a cair com Michel Temer, representante dessa mesma direita “civilizada”; João Dória, que segue a linha de Temer e o apoiou, não tem por que fazer diferente. Os setores da esquerda que pregam uma união com Dória e o PSDB são setores verdadeiramente confusos, que não conseguem analisar de modo claro a situação.

O único meio de atender às reivindicações dos trabalhadores, numa sociedade de classes, é enfrentar os inimigos destes, ou seja, enfrentar o imperialismo – setor mais poderoso da burguesia –, que se põe como um completo entrave a qualquer desenvolvimento. O que os apologistas da frente ampla, ao tentar infiltrar a direita nos atos da esquerda, querem é fazer um acordo com o imperialismo.

João Dória é ainda pior que Bolsonaro, de tal maneira que os já péssimos índices sócio-econômicos piorariam ainda mais, de maneira mais grave, ao ponto de fazer parecer o Inferno que a classe trabalhadora vive hoje um verdadeiro sonho. As condições de vida piorariam tanto com João Dória, que entregou os aeroportos e parques de São Paulo à iniciativa privada, que seria uma reedição da época do FHC, com o setor mais poderoso da burguesia no poder.

O único meio que a classe trabalhadora tem para evitar isso é a sua própria organização, a sua luta pela derrubada do governo Bolsonaro associada à luta por Lula presidente, com a formação de um governo dos trabalhadores. A única aliança que é de interesse da classe operária é a aliança entre os trabalhadores da cidade e do campo, e isso só pode ser alcançado por um meio vivo de intervenção na realidade: a luta nas ruas, não no parlamento.

É preciso se mobilizar, pois, por um programa de aumento real do salário mínimo, redução da jornada de trabalho sem redução dos salários – para enfrentar o desemprego –, pela derrubada dos governos do golpe – que seguem a política de terra arrasada contra a classe trabalhadora –, contra a frente ampla e por Lula presidente!

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