Apesar das estatísticas governamentais serem flagrantemente manipuladas, é difícil esconder a realidade de crise na economia. No ano passado, segundo o Ministério da Economia, 1,044 milhão de empresas foram fechadas. Outras 3,359 milhões foram criadas. Mas é preciso olhar esses números mais de perto.
Segundo dados do próprio Ministério, “o país possuía, no fim do ano passado, 19,9 milhões de empresas abertas no país, das quais 11,2 milhões eram de microempreendedores individuais (MEIs) – 56,6% do total”, segundo o G1, (2/2/21)
O governo comemora a criação de milhões de empresas, mas na verdade são milhões de microempreendedores individuais (MEIs). Na avalanche do desemprego, no ano em que o país bateu recorde em desemprego e demissões, com mais da metade da força de trabalho sem trabalhar, uma parte desses desempregados acabou “transformando-se em MEI”.
Uma forma de exploração do trabalhador ainda mais cruel. Muitos foram mandados embora de seus empregos formais e obrigados a criarem seus empresas individuais para voltar a atuar no mesmo ramo e cargo. Só que o empregador parou de pagar vários “encargos”, que na verdade são direitos dos trabalhadores. Como MEI o trabalhador parou de ter direito a férias, a 13º salário e vários outros direitos conquistados durante décadas de lutas no século passado.
As recuperações judiciais, para muitos um passo antes da falência ou a forma de adiá-la, cresceu 87% nos últimos meses, segundo a empresa Serasa Experian. O número de requerimentos em fevereiro foi 11% maior que o do mesmo mês no ano passado. Mas esses número representam uma tendência. A maioria das empresas que fecharam as portas – e nunca mais vão abrir – são pequenas empresas que mal conseguem viver nos patamares de preço que cobram os advogados para formarem os processos de recuperação judicial. Quem negocia a recuperação judicial tem mais capital e mais condições de se endividar no mercado formal.
As pequenas empresas que conseguiram sobreviver no ano passado por conta do auxílio emergencial, no mercado de varejo, de alimentação e de serviços, não estão conseguindo se manter neste ano. Não há auxílio e o governo cortou tanto o número de pessoas que irão receber, quanto o valor médio dos pagamentos. Os auxílios que as empresas receberam no ano passado, empresas do ramo dos serviços alimentícios e de atividades culturais, não existirão neste ano. Pelo menos até agora o governo só tem desconversado. A perspectiva e de aprofundamento da crise, com mais desemprego, mais empresas fechando e mais estatísticas manipuladas.