Em uma oportunidade, o treteiro de Twitter Jones Manoel publicou nas redes sociais: “Lula ou Jones. Só pode um. Escolhe quem?”. Convenhamos que a modéstia não é exatamente uma qualidade do “Stálin da Borborema”, como ficou conhecido pela esquerda pernambucana. Seria como Flávio Caça-Rato se comparar a Pelé.
Mas, fora as questões mais íntimas, que Manoel deveria tratar com sua psicanalista, há uma posição política por trás disso. Ele age ─ porque realmente é ─ como um empregado da burguesia, da direita e do imperialismo dentro da esquerda, na tentativa de atacar, minar e acabar com a luta dos trabalhadores.
Isso ficou muito claro quando do golpe de 2016. Naquela época, Jones já estava prestando concurso de papagaio do imperialismo. Em seus blogs e redes sociais, atacava ardorosamente Dilma, Lula e o PT, afirmando que não havia golpe e tachando os milhões de militantes que lutavam contra o golpe de “governistas”. Menos de cinco meses antes da deposição ilegal da então presidenta, o membro do PCB publicava no Facebook: “Não, não prestamos qualquer apoio ao Governo do PT e não entramos na histeria de golpe.”
Curiosamente, Jones e seu partido adoram posar de bastiões do anti-imperialismo. No entanto, se recusaram a sequer considerar que havia um golpe em curso no País e, portanto, a se postar ao lado do PT e dos trabalhadores contra esse golpe imperialista. Dizem-se comunistas, mas fizeram frente com o imperialismo na devastação que foi o golpe de 2016, que depôs o maior partido de esquerda do continente, prendeu o maior líder operário da história do País, elegeu um fascista para a presidência da República e mantém a ameaça constante de um golpe militar. Foram cúmplices de tudo o que sucedeu o impeachment de Dilma. Uma das desculpas para não lutar contra o golpe seria que nada mudaria para os trabalhadores. Pois bem, desde então a CLT foi rasgada, a Eletrobras e os Correios foram privatizados, 80 milhões de trabalhadores estão de fato desempregados, a reforma da previdência foi aprovada, os sindicatos se enfraqueceram, a PM mata mais do que nunca e a destruição de programas sociais na área da saúde ajudou a levar o Brasil a ter mais de 500 mil mortos pela Covid-19. Mas, segundo aquela lógica de Jones Manoel e do PCB, nada mudou!
Em sua defesa, poderiam dizer que essa posição covarde, pró-imperialista e contrarrevolucionária foi revisada posteriormente. Mas isso não é verdade. E um episódio recentíssimo é prova de que continuam sendo cãezinhos do imperialismo.
Quando o povo afegão finalmente expulsou os EUA de seu país e o Talibã tomou o poder, há uma semana, o PCO foi o único partido na esquerda brasileira que defendeu a insurreição popular e a vitória sobre o imperialismo, liderada pelo Talibã. Todos os outros choraram a derrota dos EUA, incluindo Jones e o PCB.
Em sua sanha de atacar o PCO, Jones ironizou o apoio ao Talibã. Segundo seu raciocínio, que é o mesmo dos identitários ─ que, por sua vez, é o mesmo dos órgãos de propaganda do imperialismo ─, o Talibã não pode ser defendido e quem o defende merece ser ridicularizado.
Pois é exatamente a mesma posição adotada pelo stalinista de RPG quando do golpe no Brasil. Exatamente a mesma. Defender o Talibã do imperialismo seria “apologia do terrorismo” ou da “misoginia” ou qualquer coisa do tipo, assim como defender o PT do imperialismo era “governismo”.
Mas o pobre Peter Pan de Youtube, que não cresce por não ter saído da Terra do Nunca, é incapaz de entender que não há meio-termo em uma luta como essas. Imperialismo ou o PT. Só pode um. Escolhe quem? EUA ou Talibã. Só pode um. Escolhe quem?
No Brasil do golpe, a luta sempre foi Dilma (ou Lula, ou o PT), apoiada pelos trabalhadores, contra o imperialismo. No Afeganistão, é o Talibã, apoiado pelo povo afegão, contra a ocupação norte-americana. Há que escolher um dos lados. Se não está do lado do PT, ou do Talibã, está do lado do imperialismo.
Os comunistas, marxistas e revolucionários jamais titubearam ao tomar posição ao lado da defesa dos povos oprimidos contra o imperialismo. O imperialismo deu um golpe no Brasil. Quem não é contra o golpe, é a favor dele. O imperialismo invadiu o Afeganistão. Quem não é contra a invasão, é a favor dela. E quem expulsou o imperialismo do Afeganistão foi o Talibã, liderando o povo afegão. Se não está do lado do Talibã, está do lado do imperialismo. Uma criança de cinco anos compreende isso.
Nem a defesa do PT era “governismo”, nem a defesa do Talibã é “terrorismo”, “machismo”, “LGBTfobia”. A luta é concreta. É preciso se basear na realidade. Mas tudo aquilo não passa de desculpa para Jones Manoel apoiar aqueles com quem vem se aproximando e se adaptando há anos. A defesa do imperialismo no Afeganistão é a comprovação final da dependência ─ e mais: da transformação em apêndice! ─ do imperialismo. Trata-se de uma esquerda integralmente adaptada ao imperialismo. Que se transformou em um apêndice do imperialismo a ponto de atacar aqueles que libertaram seu país do imperialismo. É uma esquerda abertamente pró-imperialista, embora tente ─ cada vez menos, é verdade ─ se esconder sob a foice e o martelo.