Mesmo após decidirem que não irão recorrer à Justiça, os clubes que disputam o Campeonato Paulista e a FPF (Federação Paulista de Futebol) não desistiram de retomar as atividades da competição. Está marcada uma reunião para o dia 22 deste mês uma nova reunião, onde serão discutidas soluções para o problema: o Governo Estadual suspendeu os esportes em todo seu território pelo menos até o dia 30 de março.
Um dos principais temas sobre a mesa será, novamente, o estudo de alternativas para levar o Paulistão, pelo menos temporariamente, a outro estado. Na semana passada, chegou a existir uma negociação para a realização de jogos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, mas autoridades dos dois estados interferiram e vetaram partidas de clubes de outras praças.
O argumento principal da FPF e dos clubes para a retomada das atividades é que as mesmas ocorrerão de forma segura e seguindo os protocolos sanitários. Entretanto, como pudemos ver recentemente com o caso do jogador Gabilgol (encontrado em um cassino clandestino algumas semanas atrás), surgiu uma preocupação: o que fazem alguns jogadores e funcionários quando estão longe das atividades profissionais. Esse comportamento é apontado como a causa da maioria dos casos de covid-19 no futebol.
A verdade é que a pressão para que o esporte volte no estado parte de uma pequena parcela da população que efetivamente participa das decisões administrativas dos clubes. São os presidentes, diretores e grandes tubarões dos clubes paulistas que estão vendo sua renda diminuir por conta da pandemia da COVID-19 e, como todo burguês, escolheram colocar a vida dos profissionais, atletas e do povo que frequenta os estádios em risco. Por exemplo, semana passada o principal médico do Corinthians, um dos maiores e mais importantes clubes do estado, pediu demissão após um surto da doença na equipe do time.
Tentam assim, agora, buscar o apoio popular das torcidas para que usem de sua força e apliquem pressão no Governo Estadual, tudo isso para venderem ingressos e lotarem estádios em plena pandemia. Planejam discutir em sua próxima reunião, como existe grande dificuldade logística e de tempo para a criação de uma bolha isolada, a criação de um código de punições a quem desrespeitar o isolamento social durante a disputa da competição. Há, entretanto, resistência à ideia dentro dos próprios clubes.
A reunião na FPF ocorrerá de forma virtual e está marcada para as 10h do dia 22. Sábado o país viveu um dos piores dias da pandemia até agora e registrou 2.331 mortes em 24 horas. Caso haja um consenso sobre mudanças e endurecimento de protocolo, novas propostas seriam levadas ao Governo do Estado, em uma tentativa de reabrir negociações para a retomada do Paulistão. Esperam, a despeito da vida e saúde de todos os envolvidos, encontrar uma solução até o meio da semana, para que a próxima rodada aconteça.