As eleições para a presidência da Câmara e do Senado federais, nesta segunda (1º), acabaram com a vitória do governo golpista de Bolsonaro e numa derrota acachapante da frente ampla, por 302 a 145. Composta pelo bloco de Rodrigo Maia, que ia do DEM, PSDB, MDB e PSL, até o PT, PCdoB e PSOL (ainda que não oficialmente), passando pelo PDT, Rede e PV, a frente pela “democracia”, que tinha o golpista Baleia Rossi como candidato, acabou naufragando completamente.
Trata-se de um mau presságio para a frente ampla, que agora enfrentará dificuldades ainda maiores para preparar seu candidato de direita para 2022, como o governador João Doria (PSDB), dado o fortalecimento de Bolsonaro, que agora controlará Câmara e Senado.
Ambos os blocos majoritários, de Bolsonaro/Lira e de Maia/Baleia, agruparam 11 partidos em sua composição, que listavam ao total mais de 200 parlamentares. Mas a votação, que terminou com 302 votos para Lira e apenas 145 para Baleia, menos que a metade da votação do adversário, mostram o enorme racha que ocorreu dentro do bloco da direita tradicional.
Parte expressiva dos parlamentares dos partidos do bloco da frente ampla passaram a apoiar Lira, esvaziando a candidatura de Baleia Rossi. O dano foi tão grande que Maia chegou a anunciar que após as eleições deixaria o DEM, que passou majoritariamente para o apoio a Lira. No PSDB e no MDB de Baleia, não foi diferente. Diante da grande dispersão, os partidos liberaram suas bancadas para não se desmoralizarem ainda mais.
Neste episódio a esquerda se afundou junto com os partidos principais do golpe de 2016. O PT quase acabou não se inscrevendo no bloco, mas terminou por lançar o candidato a 1º secretário da Câmara no bloco de Maia, atrás apenas do PL, e do PSD na participação proporcional na composição. Ou seja, enquanto o próprio DEM, o MDB e o PSDB, abandonaram o barco e se agarraram a Lira, o PT se afundou na frente ampla com a direita golpista, mostrando uma desmoralização total.
Apesar de toda a desmoralização, no entanto, este episódio permite um enorme aprendizado, seja para aqueles que têm denunciado a frente ampla desde sempre como uma infiltração da direita na esquerda, para anular esta última politicamente. Seja aos que, não sendo os deputados e carreiristas de esquerda que protagonizaram esse ato de promiscuidade política no Congresso, passam a entender que a frente ampla é um barco furado para toda a esquerda.
Desta forma, as eleições do Congresso empurram o panorama político nacional novamente no sentido da desintegração do miolo político (chamado de centro) que a direita procura reconstruir com a ajuda da esquerda. Tendo seu fisiologismo superado pela poderosa máquina federal, decisiva no balcão de negócios do Congresso, a direita tradicional mostra que na impossibilidade de ter um candidato próprio, seja no Congresso, seja nas eleições de 2022, ela irá com Bolsonaro, como fez em 2018. Neste sentido, o mau presságio para a frente ampla e a tendência a ter de se agrupar novamente com Bolsonaro, joga água no moinho da polarização entre com Lula em 2022.