A posição da esquerda pequeno-burguesa sobre os atos de 7 de setembro dos bolsonaristas revela completa desorientação política. Isto é, não se tem a menor noção do que realmente está acontecendo no Brasil.
Nas semanas e dias prévios ao 7 de setembro, setores da esquerda diziam que não se deveria sair às ruas, que se mobilizar era muito perigoso, pois haveria confrontos com os fascistas que deflagrariam uma guerra civil. O jornal O Globo chegou até a publicar matérias que convocavam a esquerda a ter a sabedoria de ser covarde e não fazer nada. Os atos bolsonaristas eram encarados como uma espécie de Marcha sobre Roma. Grande parte da esquerda respondeu ao chamado da Globo e sabotou as mobilizações de rua.
O fato é que os atos bolsonaristas aconteceram e foram expressivos, particularmente nas cidades de São Paulo e Brasília. Contudo, o golpe de Estado e a tomada do poder pelo Duce não aconteceram. No dia seguinte, 8 de setembro, Jair Bolsonaro firmou um acordo com o STF, mediado pelo ex-presidente golpista Michel Temer (MDB), e até mesmo passou a elogiar o ministro Alexandre de Moraes (que chamara de “canalha” nos atos e que afirmou que não obedeceria nenhuma ordem judicial).
Os atos foram demonstrações de força por parte do bolsonarismo. A ideia era demonstrar apoio popular e capacidade de mobilização. Não estava nos planos um golpe de Estado de tipo militar ou o assalto às instituições pelas hordas fascistas.
A esquerda, que morria de medo de sair às ruas e as entregou às “hordas fascistas” de Bolsonaro, deu um giro de 180º e começou a dizer que os atos haviam sido um espetacular fracasso. De uma hora para outra, as concepções políticas se metamorfoseiam e se transformam no seu contrário. Como é possível que um ato de 120 mil pessoas na Avenida Paulista e 50 mil pessoas em Brasília possa ser considerado um fracasso?
Pior são as afirmações de que o presidente do STF, Luiz Fux, salvou o País de um golpe de Estado através de uma simples ligação telefônica. Vejamos bem…Luiz Fux, aquele lavajatista do “In Fux we Trust”.
Nunca houve nenhuma tentativa de golpe. Jair Bolsonaro simplesmente chamou atos públicos para demonstrar força diante de seus adversários políticos. A esquerda não compreendeu isso e também foi incapaz de avaliar de uma maneira realista a situação política.
A política da esquerda pequeno-burguesa é baseada no pânico e na histeria. Ela morre de medo dos bolsonaristas. Diante das mobilizações verde e amarelas, só lhes restou se esconder debaixo da cama. Estes são os que se dizem “antifascistas” e repetem que “com o fascismo não se conversa, mas sim se combate”. Quando aqueles que devem ser combatidos à força saem às ruas, a esquerda se esconde e demonstra sua verdadeira vocação política.
O passado recente demonstra que a esquerda pequeno-burguesa não compreende absolutamente nada. Não foi capaz de analisar racionalmente os acontecimentos da luta política. Em essência, sua concepção política está baseada em uma impressão superficial da realidade e seus objetivos são eleger meia dúzia de carreiristas no Congresso Nacional.