Em ritmo de frente ampla, foi realizado nesta sexta-feira um “ato virtual”, que contou com a participação de diversas organizações ditas “democráticas” em “defesa dos direitos da população brasileira”.
O evento de nome “Fórum Pela Democracia”, realizou o seu sétimo “ato”, organizado pelo movimento Direitos Já! O evento, transmitido nas redes sociais, contou com a participação de diversas figuras, entre elas o youtuber Felipe Neto, aclamado pelo setor “democrático” da burguesia, Fernando Haddad, representante da ala direita do PT, Ciro Gomes, defensor da prisão de Lula e por fim, Henrique Mandetta, ex-ministro da saúde do governo Bolsonaro, e um dos primeiros responsáveis diretos pelo genocídio da pandemia no país.
Democracia ao lado dos ditadores
Segundo os organizadores, o evento iria reunir 16 partidos pela CPI da Pandemia e em defesa da liberdade de expressão. Dentre estes “democratas”, se faria presente Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB; Aldo Rebelo, do Solidariedade; Júnior Bozella, do PSL e, como citado, Henrique Mandetta, do DEM.
Destes nomes, todos estariam justamente no lado oposto a uma suposta política democrática, evocada pelos organizadores do evento. Bruno Araújo por exemplo, é presidente do principal partido da burguesia golpista brasileira. O PSDB foi responsável por organizar e participar à frente de todo golpe de Estado no país, responsável por instaurar uma ditadura contra os direitos democráticos da população e eleger o fascista Jair Bolsonaro ao poder, após uma histórica fraude eleitoral.
Já Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa, tem contato direto com os setores militares, a base de todo governo golpista. Saiu do PCdoB como uma espécie de “coringa” para a burguesia, que o considerava um nome de confiança para levar a frente uma política totalmente direitista contra população. Se estes nomes já causam espanto, o anúncio da presença de integrantes do PSL, partido que elegeu Jair Bolsonaro, e DEM, filhote do partido da ditadura militar, deixaram claro que o “ato democrático”, tinha de tudo, menos uma real luta pela democracia.
Contudo, este caráter farsesco não é nenhuma novidade nos eventos realizados pelo “Direitos Já!”. No inicio da realização destes atos tomado pelas cores verde e amarela da extrema direita, o “Direitos Já!” realizou um ato virtual em 2020 que ficou conhecido pelo chamado que continha: Fernando Henrique Cardoso, Luciano Huck, Michel Temer e José Sarney(!).
Democratas em prol do golpe?
Ainda segundo o coordenador do movimento, Fernando Guimarães, o evento em “prol da democracia” não tinha “consenso sobre o impeachment”. Ou seja, parcela significativa dos ditos “democratas” apoiam o golpe de Estado realizado contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, e um governo que hoje busca instaurar um regime ditatorial em todo país.
Guimarães, que é ex-membro do PSDB, declararia ainda que ” a história do Brasil mostra que a esquerda e direita compuseram várias vezes para ganhar eleições, portanto é de se esperar que se unam para garantir a democracia”. Nada poderia ser mais cínico, do que aqueles que promovem o aprofundamento da ditadura no país, estarem “estendendo suas mãos” à esquerda pequeno-burguesa em nome de uma grande luta pela democracia.
Contudo, é justamente nesta completa farsa que a esquerda pequeno-burguesa decide apostar suas fichas, e impulsionar a realização de um novo “evento pela democracia”. Desta vez com a participação de Felipe Neto, que fora um dos atacados pela política ditatorial da direita golpista, que a esquerda pequeno-burguesa busca realizar uma nova frente com os mesmos golpistas.
A única saída democrática é Lula candidato
Não há democracia junto aos golpistas e o ato virtual desta sexta-feira apenas clareou o caminho que será seguido pela esquerda pequeno-burguesa ao decidir adotar a política de frente ampla. Esta política serve apenas e diretamente aos interesses do principal setor da burguesia brasileira. Como é de se perceber, nem mesmo DEM e PSL têm preocupações ao se portar demagogicamente em “prol da democracia”. Contando com o aval da esquerda pequeno-burguesa, até mesmo estas organizações que são a base de toda ditadura, podem passar por “democráticas”, enquanto levam a frente uma política de total ataque aos direitos de toda a população.
A única política verdadeiramente democrática a ser seguida pela esquerda brasileira está na defesa dos direitos políticos e da candidatura do ex-presidente Lula contra todos os golpistas. Ao se colocar ao lado dos interesses da população, que deseja apoiar a candidatura de Lula, a esquerda poderá assim realizar movimento capaz de confrontar a ditadura golpista e o governo de Jair Bolsonaro. Qualquer outra iniciativa caíra, assim como este último ato virtual, na mais pura capitulação e adaptação ao regime ditatorial da burguesia golpista brasileira.