Nesta segunda-feira (8), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações contra o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato de Curitiba. A decisão ainda deverá ser analisada pelo Plenário da Suprema Corte, mas, caso se confirme, os direitos políticos de Lula serão restituídos e ele poderá ser candidato para as eleições presidenciais de 2022. Cabe destacar que, em uma pesquisa de votos divulgada pelo Ipec, Lula aparece em primeiro colocado com 50% de potencial de votos.
É cedo para comemorar, mas se for confirmado o ato de anulação, será uma grande vitória do movimento popular de luta contra o Golpe de Estado. Os processos e a condenação fraudulentos visavam a retirar o ex-presidente da disputa eleitoral de 2018, uma vez que este estava em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais.
Edson Fachin e o STF estão mergulhados em uma crise política e institucional. A Suprema Corte foi um dos pilares do golpe de Estado e referendou uma série de medidas de ataque aos direitos democráticos da população. A retirada de Lula do pleito não seria possível sem que o STF se decidisse pela prisão em 2ª instância, algo inconstitucional e que afronta as cláusulas pétreas da Constituição Federal de 1988. Não se deve perder de vista que a anulação é resultado de forte pressão popular sobre as instituições, o que comprova que somente a mobilização e a campanha de massas são capazes de garantir os direitos democráticos do povo.
Com a possibilidade de Lula se candidatar, a burguesia já começou a fazer uso de um outro recurso: Ciro Gomes (PDT). A posição do coronel nordestino evidencia que é muito difícil, para a burguesia golpista, sustentar que Lula não seja inocentado. As revelações da trama para prender Lula são escandalosas, simplesmente as instituições jurídicas e políticas do Estado, como o Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal Eleitoral (STE), Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Congresso Nacional, Partidos burgueses (PSDB, DEM, MDB, Progressistas, Republicanos, PTB), Forças Armadas, Ministério Público Federal, apoiadas pelo FBI (Federal Bureau of Inteligence -Departamento Federal de Investigações – Polícia Federal americana) e Departamento de Estado, organizaram a perseguição sistemática e a condenação fraudulenta do ex-presidente.
Ciro Gomes já começou a atacar a candidatura de Lula. Em entrevista, ele declarou “não contem comigo para esse circo”. Sua posição é de repudiar a candidatura de Lula. Conforme Ciro afirmou em outra entrevista, seu papel no processo eleitoral é o de impedir que o Partido dos Trabalhadores (PT), maior partido de esquerda do país, consiga chegar até o 2º turno contra Jair Bolsonaro. Isto demonstra que o pedetista é um elemento ligado aos partidos políticos da burguesia tradicional, que cumpre o papel de se travestir de esquerda para semear confusões políticas e tentar rachar setores do eleitorado petista.
A burguesia dispõe de recursos políticos para enganar a população. Ciro Gomes é um dos escolhidos para desempenhar esse papel. Seu discurso nacionalista é uma fachada para esconder seus verdadeiros objetivos políticos. Em 2018, ele teve papel de destaque na manobra golpista que permitiu que Bolsonaro chegasse à presidência da República. Tal como pretende fazer em 2022, sua função era se apresentar como um candidato “de esquerda”, crítico ao “lulopetismo”, acusar os governos do PT de “corruptos” e responsáveis pela crise econômica. O cinismo é tamanho que Ciro diz que o grande responsável por Bolsonaro estar no poder é o PT, devido ao que classifica de “hegemonismo” deste partido.
A candidatura de Lula coloca em xeque a manobra golpista de chantagear o povo a ter de escolher entre um candidato da direita tradicional (Doria, Huck, Moro, Ciro, Mandetta, Marina Silva) e a extrema-direita bolsonarista. Estas duas forças políticas defendem o mesmo programa político neoliberal, de privatizações, retirada de direitos sociais e trabalhistas, austeridade fiscal, ataques às condições de vida das massas, rebaixamento do valor da força de trabalho. Portanto, as forças burguesas sabem o perigo que Lula representa para a continuidade da política golpista, que lançou o Brasil no desemprego e no genocídio de mais de 260 mil pessoas.
A polarização política no país se expressa através do antagonismo entre o PT e Jair Bolsonaro. Lula é uma poderosa arma dos trabalhadores, capaz de derrotar tanto a direita tradicional quanto a extrema-direita nas eleições presidenciais. Sua base social de massas faz com que ele seja uma questão-chave da política brasileira.
É preciso denunciar que Ciro Gomes é um recurso da burguesia para atacar o PT e impedir sua vitória na disputa contra Jair Bolsonaro. Mais uma vez, o papel do oligarca é sedimentar o caminho para uma vitória da direita e do imperialismo.