Em meio a proliferação da malária entre os povos Yanomami em Roraima, o Estado retirou as equipes de atendimento de saúde no dia 25 de setembro, alegando falta de segurança para os profissionais, uma vez que na semana passada foram ameaçados pelos indígenas, sem citar detalhes.
Isso foi alegado pelo Coordenador do Distrito Yanomami, Rômulo Pinheiro, dizendo que os funcionários haviam pedido a saída, o que ele atendeu prontamente. E disse ainda que a comunidade tem histórico de conflitos.
De acordo com Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’ wana (Condsi-YY), o Conselho enviou denúncia à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 1º de outubro.
No documento consta que houve um óbito de um senhor de 50 anos, com malária, por negligência, pois após a retirada da equipe, o quadro dele piorou muito vindo a falecer. Ele pertencia à comunidade Macuxi Yano.
Junior Hekurari diz que a malária continua se alastrando, toda semana tem mortes de adultos e crianças, e não tem tratamento para todos. Ele foi informado que tem muitas pessoas com malária e pneumonia e estão sem tratamento. Na região de Parima tem 690 pessoas e 600 delas estão com malária.
Essa é apenas mais uma das consequências da política da direita para os povos indígenas, que reduz o Estado ao mínimo retirando todas as políticas de assistência e entregando todos os recursos estatais para o benefício das empresas. Os cortes de verbas são sempre na saúde, na educação e nos benefícios sociais, que resulta na falta ou péssimo atendimento de saúde, e nos serviços prestados pelo Estado.
Essa situação também é um reflexo do fim do Programa Mais Médicos. O fim dos Mais Médicos foi feito após o golpe em 2016 e um dos maiores defensores da expulsão de mais de 10 mil médicos cubanos foi o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, que agora aparece como um nome ‘civilizado’ e ‘democrático’.
Os cortes de verbas pioram o que já era muito ruim, e assim a população indígena e os trabalhadores sofrem com falta de atendimento e levando à morte prematura do povo. No caso dos indígenas, a situação é ainda pior, o Estado não tem dó nem misericórdia com a situação em que se encontram. São os verdadeiros carrascos desses povos e querem seu fim seja como for.
Com a redução de verbas para a saúde, o Estado está sendo o grande responsável pela volta de doenças que já haviam sido erradicadas, como a malária, e outras tantas. A qualidade de vida vem piorando ano a ano e não se sabe se, e quando terá fim.
Nessas condições, é necessário que os povos indígenas e os trabalhadores se organizem em conselhos populares para pressionar o Estado para cumprir sua obrigação, que é de garantir assistência médica de boa qualidade para os indígenas e toda a população.
Se não houver essas mobilizações o Estado irá precarizar, cada vez mais, as chances de sobrevivência desses povos. É hora de dar um basta ao Estado opressor.