A campanha da burguesia está à todo o vapor. A tentativa é acabar com os atos populares pelo Fora Bolsonaro – isto é, na prática, acabar com o movimento pelo Fora Bolsonaro.
A tentativa gira em torno de tomar conta dos atos e levar a luta das ruas para as instituições, nas quais o povo não tem nenhum poder e quem manda é a direita.
Os jornais golpistas vêm publicando constantemente artigos que dizem para a esquerda abandonar a cor vermelha e introduzir o verde e amarelo (as cores da bandeira do Brasil) nas manifestações. Afirmam que os atos não podem ser apenas da esquerda, que precisam integrar empresários, partidos e grupos da direita. O mesmo dizem os políticos golpistas, como Joice Hasselmann e Alexandre Frota.
Assim, a burguesia tenta influenciar os setores da esquerda pequeno-burguesa frente-amplista e impor sua política à esquerda. Isso porque uma parte da esquerda se mostra propensa a essa imposição. Ela convidou Hasselmann, Frota e o MBL para reuniões e tem feito propaganda da bandeira do Brasil – como vemos o PSOL e o PCdoB publicarem nas redes sociais, ou como ouvimos de Iago Montalvão que deveríamos bater continência para a bandeira brasileira.
Foi assim que a burguesia conseguiu destruir os gigantescos atos de junho de 2013. Infiltrou seus elementos que gritavam “sem partido” e “abaixa essa bandeira e levanta a do Brasil”, elementos fascistas que tomaram as manifestações de assalto e as transformaram nos coxinhatos que insuflaram o impeachment de Dilma, a prisão ilegal de Lula e, finalmente, serviram de base eleitoral para a eleição fraudulenta de Bolsonaro.
Hoje, como a direita que deu o golpe em 2016 e é a principal responsável pela situação catastrófica do País finge-se de democrática, o impeachment que a direita pede é o de Bolsonaro. Mas não se trata de um impeachment como foi o de Dilma, a consolidação da tomada do poder pela oposição. Agora, a direita fala em impeachment de Bolsonaro para combater principalmente a mobilização de rua, muito mais do que o próprio Bolsonaro. Afinal, não é garantido que o Congresso votaria e muito menos aprovaria a queda do presidente fascista, sendo ele dominado em sua maior parte pelo bolsonarismo. Se as massas deixarem a luta nas ruas para apreciar a votação no Congresso (que seria muito difundida na imprensa burguesa, justamente para impedir a ação nas ruas), Bolsonaro vencendo a votação simplesmente derrotaria toda a luta contra ele e não haveria reação uma vez que as ruas teriam sido propositalmente esvaziadas.
Para impulsionar o impeachment a fim de desviar a luta para as instituições, na semana passada a burguesia iniciou uma campanha mais forte em torno da corrupção do governo, utilizando-se da CPI da Covid. Logo agora que o povo está nas ruas querendo derrubar Bolsonaro nas ruas, a direita aparece com o “combate à corrupção”.
Fica cada vez mais claro que é uma tentativa de repetir a farsa de 2013. Verde e amarelo, impeachment e corrupção: eis as armas demagógicas e moralistas da burguesia, da direita golpista e, finalmente, do próprio bolsonarismo. Já vimos onde foi parar a “luta contra a corrupção” do pato da Fiesp: na ascensão do fascismo.
Abrir as manifestações para a direita é, por fim, justamente abrir novamente fechar as portas para o povo e abri-las para o fascismo.