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Antipetismo

Ciro Gomes expressa posição da burguesia: maior inimigo é Lula

Burguesia gosta tanto de Lula quanto gostava em 2018

As declarações atuais de Ciro Gomes em entrevista feita ao jornal Valor Econômico mostram a verdadeira posição não apenas do próprio Ciro, mas também do restante da burguesia. “Vou pra cima de Lula, o maior corrupto da história brasileira”, declarou.

Ciro foi colocado como esquerdista em 2018 para dividir os votos da esquerda, com o objetivo de dificultar a eleição do PT. Já em 2022, Ciro Gomes faz parte da frente dos presidenciáveis formada também por Doria, Eduardo Leite e Luciano Huck. Quer dizer, a frente direitista que, teoricamente, seria uma iniciativa de oposição a Bolsonaro, na verdade, é uma frente cujo principal elemento em comum de todos os membros é o antipetismo.

As declarações mais antigas de Ciro Gomes, que se colocam frontalmente contra o próprio Lula, indicam que ele não seria contrário a “todo o PT”, mas só ao “lulopetismo”. Quer dizer, a ala direita do PT, cujas relações políticas majoritárias se dão com a própria burguesia, seria o setor “aliados do PT”. Mas o “lulopetismo” é colocado por Ciro Gomes como o setor corrupto e obscuro do partido. Na realidade, a interpretação correta da posição de Ciro é que Lula é uma figura completamente odiada pela própria burguesia da qual o pedetista faz parte.

O editorial do Estadão que analisa a necessidade de uma terceira via, corrobora com a posição de Ciro Gomes. No texto, o órgão de imprensa do imperialismo coloca tanto o Bolsonaro quanto o Lula como elementos indesejáveis para a burguesia. O preferencial seria, portanto, a viabilização de um candidato do centro político, quer dizer, da política burguesa tradicional. Esse seria o candidato no qual a burguesia depositaria toda a confiança para realizar a série de reformas e ataques contra a população, as quais estão na pauta da política imperialista no Brasil.

A CPI da Covid, nesse sentido, teria a responsabilidade de pressionar a situação política no sentido da viabilização dessa terceira via. Os ataques contra Bolsonaro, contudo, mostraram-se insuficientes para levar o seu governo à crise. Isso porque os principais depoimentos colhidos pela força-tarefa da CPI não chegaram a revelar novos fatores negativos do governo que já não eram conhecidos pela população. A nova divulgação da carta de Mandetta contra o governo, as declarações mornas de Teich e o silêncio de Pazuello não foram suficientes para desmoralizar Bolsonaro a ponto de viabilizar uma terceira via. Dessa forma, o que é sinalizado pelo próprio Estadão é que na ausência de uma alternativa, o candidato da burguesia será o próprio Bolsonaro e não o Lula.

Essa não é nenhuma novidade para um observador mais atento da política. O golpe das eleições de 2018 é o exemplo acabado do problema. Na ocasião, momento em que nenhum processo de Lula havia transitado em julgado, o ex-presidente tinha plenos direitos para ser o candidato oficial da esquerda. Contudo, a burguesia iniciou uma série de regras arbitrárias no sentido de impedir a sua candidatura. A simples inscrição de Lula como candidato, por exemplo, necessitou de um enorme contingente de 15 mil pessoas em Brasília para pressionar o judiciário a fazê-lo. Os próximos passos da perseguição contra a candidatura, contudo, foram acompanhados também da própria capitulação política da esquerda. Lula foi, portanto, impedido de ser chamado para debates, impedido de aparecer em panfletos, impedido de ter o nome citado na campanha, dentre outros.

Nesse sentido, o próprio golpe de estado é o fator principal que, por si só, leva ao entendimento de que a burguesia não quer Lula. O golpe imperialista se deu no sentido de retirar o governo das mãos do Partido dos Trabalhadores, cujo principal elemento é o próprio Lula. Na época, o companheiro Rui Costa Pimenta já comentava que o golpe havia sido dado contra Dilma, mas visava a perseguição política ao próprio Lula. E é o que foi feito.

A situação vivida pelo Brasil hoje, portanto, não é o mesmo da “onda cor de rosa” de 2002, na qual a tendência de ascensão dos movimentos sociais em contraposição aos profundos ataques sociais dos governos neoliberais impunha à burguesia a necessidade de uma via mais esquerdista de governo. Hoje, o governo neoliberal está apenas começando. Os ataques contra os trabalhadores, as privatizações e o ascenso dos políticos fascistoides indicam que a disposição da burguesia não é a de “afrouxar” a política, e sim a de “arrochar”.

Nesse sentido, é de se esperar que as eleições de 2022 sejam uma situação de profunda perseguição política contra Lula. A tendência, portanto, é a realização não só de campanhas propagandísticas contra o “lulopetismo”, ao sabor das declarações de Ciro Gomes, mas também uma intensa ação judicial e política contra o ex-presidente. É preciso recordar que, apesar do cancelamento do processo do sítio de Atibaia, Lula ainda possui outros sete processos contra ele.

Portanto, não é possível esperar que Lula seja o candidato da burguesia em 2022, ano de continuidade do golpe. Na verdade, Lula é o principal inimigo da burguesia. E, apesar de tentar um substituto para Bolsonaro, a burguesia irá apoiá-lo caso não encontre essa terceira via para impedir que Lula torne-se presidente novamente.

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