Pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (4), aponta que mesmo tendo instrução superior, mulheres recebem 22% menos que os homens. O estudo “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, também demonstrou que as mulheres têm menos acesso aos cargos de chefia e com maior remuneração.
Melhor instrução mais menores salários
Os dados demonstram que as mulheres receberam somente o equivalente de 77,7% dos salários dos homens e que apenas 37,4% dos cargos gerenciais no Brasil eram ocupados por mulheres em 2019, ano de realização do levantamento. O abismo aumenta na faixa dos 20% dos cargos com maiores salários, nesse estrato as mulheres correspondiam a apenas 22,7% dos ocupantes.
Segundo Bruno Mandelli Perez, pesquisador do IBGE, a diferença salarial não se explica através da instrução: “As mulheres são mais instruídas que os homens. Então a menor inserção no mercado de trabalho não se deve à instrução, porque é justamente o contrário”.
Em todas as faixas etárias inferiores a 65 anos, as mulheres apresentavam instrução superior, não somente isso como apresentavam durante essa instrução, maior taxa de frequência escolar líquida. A diferença na faixa etária mais avançada trata-se do reflexo da dificuldade de acesso feminino ao ensino em geral algumas décadas atrás.
Trabalho degradante
Segundo outro pesquisador do IBGE, André Geraldo de Moraes Simões, a menor participação da mulheres no mercado de trabalho está diretamente ligado com seu aprisionamento no trabalho doméstico: “Existe uma relação entre uma menor participação das mulheres no mercado de trabalho e uma maior participação das mulheres no trabalho menos produtivo, os afazeres domésticos e cuidados de pessoas”.
Simões também defende que este cenário seja um reflexo das políticas públicas governamentais: “Isso está relacionado a políticas públicas, políticas de expansão de creches, para que essas crianças possam ir para a creche”.
A carga de trabalho doméstico das mulheres aumenta com a maternidade e reflete diretamente no grau de ocupação externa dessas mulheres, apenas 49,7% das mulheres negras com filhos até 3 anos estavam trabalhando. Tendo também uma relação direta com a cor dos indivíduos, mulheres brancas com filhos até 3 anos tinham 62,6% de ocupação.
O estudo também indicou que embora o trabalho doméstico prende indivíduos quanto mais ele for oprimido pela sociedade, por isso enquanto homens gastavam 11 horas semanais com trabalho doméstico as mulheres em média gastavam 21,4 horas. Aqui novamente aparece o componente da opressão pela cor, as pretas e paradas gastavam 22 horas semanais enquanto as mulheres brancas gastavam 20,7 horas semanais.
Sobre a opressão capitalista
Os dados lembram algo essencial, o capitalismo não consegue resolver a questão das mulheres, ou qualquer outra questão democrática. Enquanto perdurar o capitalismo, não importa o quanto as mulheres estudem, elas continuarão sendo esmagadas.
Outro ponto demonstrado pelos números é que embora exista toda sorte de demagogia sendo usada para atenuar a opressão sobre as mulheres, essa opressão se faz presente a todas as mulheres, sendo esmagadora.