Jair Bolsonaro conseguiu o que queria. Após um mês de muita campanha propagandística, financiamento, logística e mobilização, realizou enormes atos com sua base em São Paulo e Brasília, além de grandes atos espalhados pelo País.
Ao invés de análises passionais, a esquerda precisa ser fria e racional. Os atos bolsonaristas foram bem-sucedidos. Bolsonaro não buscava um golpe, como alardeava a imprensa capitalista ─ infelizmente, acompanhada mais uma vez pela esquerda pequeno-burguesa. Ele queria marcar terreno, em uma estratégia para se defender dos ataques que vinha sofrendo do STF: respondeu com aquilo que é sua maior força, seus militantes e eleitores de extrema-direita nas ruas.
Acima de tudo, os atos bolsonaristas foram uma resposta a uma tentativa de golpe (não de Bolsonaro, mas da direita tradicional). O golpe da 3ª via que a burguesia tenta impulsionar. Bolsonaro sabe que a burguesia quer substituí-lo em 2022 por alguém de maior confiança e que essa pessoa é, preferencialmente, João Doria. Um candidato que, ao contrário de Bolsonaro, não tem o menor apoio popular.
Como este diário destacou em editorial de ontem (08), “Bolsonaro deu uma grande demonstração de que não aceitará de braços cruzados que a direita se reúna para conspirar contra ele e, depois de ter lhe apoiado para derrotar o PT, agora se livre dele. Bolsonaro não está disposto a ser sacrificado em nome da terceira via e deixou isso bem claro”.
#URGENTE
Povo no Vale do Anhangabaú #7SForaBolsonaro em São Paulo pede #LulaPresidente, cantando: pic.twitter.com/EReRerUtz6— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) September 7, 2021
Mas o golpe da 3ª não é apenas contra Bolsonaro. É, sobretudo, contra Lula. O ex-presidente é o alvo principal. A burguesia fará de tudo para tirar Lula das eleições e, se ele concorrer, tentará tirá-lo do segundo turno para colocar a 3ª via contra Bolsonaro e chantagear a esquerda a apoiar o “mal menor”.
Bolsonaro, portanto, com os atos deste 7 de setembro, já saiu na frente na corrida eleitoral, independentemente do que dizem as pesquisas ─ o jogo político real se dá nas ruas. Ele respondeu em alto e bom som à tentativa de golpe eleitoral da direita.
Lula também precisa responder, e logo. Foi um grave erro o líder petista não ter comparecido e, mais ainda, anunciado sua participação no ato de São Paulo, no Vale do Anhangabaú. Os manifestantes faziam coro clamando pelo ex-presidente, tanto os militantes da base do PT como os trabalhadores, sem teto, ambulantes, ativistas independentes, desempregados que lá estavam.
Mais gritos de "Lula, Lula" no ato do Vale do Anhangabaú #7SForaBolsonaro O povo quer Lula presidente pic.twitter.com/gUkp3qoCeS
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) September 7, 2021
Lula deve ter ciência de que, quanto mais espera para anunciar sua candidatura oficial e mobilizar o povo nas ruas para garanti-la, mais a direita se organiza para impedir sua eleição. A direita bolsonarista, por um lado, inflama a sua base e conquistar gradualmente mais apoio, na medida em que Bolsonaro se coloca como o grande inimigo das instituições golpistas antidemocráticas e impopulares. A direita tradicional, por sua vez, prepara a campanha para Doria na imprensa e as articulações no Congresso e nos estados. Além disso, o próprio Judiciário se anima para encontrar alguma desculpa fraudulenta para impugnar sua candidatura, como o fez em 2018.
É preciso responder a esse golpe o quanto antes. Lula e o PT precisam encabeçar de uma vez por todas a abertamente o movimento pelo Fora Bolsonaro. Lula precisa anunciar que irá participar das manifestações. Assim, impulsionará os atos e multiplicará o número de pessoas na rua, ao mesmo tempo que deixará muito claro para todos que não existe 3ª via nas eleições: a luta será entre os dois polos que estão nas ruas, a extrema-direita com Bolsonaro e os trabalhadores com Lula.
Companheiros do PT no Vale do Anhangabaú cantam "Olê Olê Olê Olá, Lula Lula" e fazem uma linda festa pirotécnica #7SForaBolsonaro pic.twitter.com/V6paG6xVTb
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) September 7, 2021