No ultimo final de semana, ganhou repercussão o caso do policial militar do Estado da Bahia, Wesley Gomes, que foi baleado por outros policiais após atirar para o alto com um fuzil e uma pistola no Farol da Barra, famoso ponto turístico de Salvador. O PM tinha o rosto pintado de verde e amarelo e teria dito:
“Eu quero trabalhar com honra, com dignidade. Eu não vou mais prender trabalhador, não entrei na polícia para prender pai de família. Quero trabalhar com dignidade porque sou policial militar da Bahia.”
A declaração faz menção aos decretos do governador da Bahia, Rui Costa (PT), que impuseram medidas restritivas e repressivas para o cumprimento do lockdown. A iniciativa do governador da Bahia, embora seja do PT, vai no sentido da política adotada pela burguesia, sobretudo através da direita tradicional como o PSDB em São Paulo e que vem sendo seguida pelos governos estaduais também de partidos de esquerda.
O lockdown é propagandeado pela imprensa golpista como uma iniciativa necessária que todos devem aceitar e a ela se submeter porque, em tese, seria o único caminho para o fim da pandemia, o que na verdade não passa de uma campanha de terror da burguesia contra o povo. Isto porque o isolamento social falado sequer existe para a maioria esmagadora da população que é obrigada a trabalhar todos os dias exposta ao vírus, sendo isto efetivamente o que leva a disseminação da doença e porque junto com o isolamento nada tem sido feito para conter a pandemia efetivamente para que o lockdown não seja mais necessário.
A política da burguesia neste sentido é impor o isolamento e esperar que a pandemia recue, se recuar bem, se não também mais nada é feito se não outro isolamento, e é finalmente o que vem acontecendo quando nos últimos meses foi adotado este procedimento em diversas capitais e a pandemia só avança no número de infectados e de mortos.
As medidas relacionadas com o lockdown finalmente são extremamente impopulares porque já ficou claro para os trabalhadores que da forma que é feito sua liberdade é retirada a troco de nada. Por ser impopular para serem aplicadas exigem o uso do aparato repressivo, sobretudo o das polícias, todas fascistas e inimigas do povo que vão as ruas para esmagar a população.
A extrema-direita por sua vez aproveita o cenário para atrair para si os setores insatisfeitos com a política de imposição de lockdown usadas pelos setores da burguesia tradicional e os que se agarram a eles para escapar das crises como acontece com a esquerda burguesa e pequeno-burguesa, a exemplo de Rui Costa ligado à ala direita do Partido dos Trabalhadores que segue a política burguesa.
Esta iniciativa de setores da esquerda de atuarem de acordo com os interesses da burguesia e não dos trabalhadores que estão sendo penalizados pela crise causada não por eles mas pelo capitalismo, leva a uma grande confusão dentro da classe trabalhadora. Ora, se o governo da Bahia, comandado pelo PT, ataca o povo com medidas repressivas assim como faz João Dória do PSDB, pode-se concluir que ambos estão contra o povo.
O que não deixa de ser verdade se considerarmos que a direita do PT que nada tem a ver com os trabalhadores e com a ala esquerda do partido, possui e defende na verdade os mesmos interesses da burguesia enquanto se volta contra o povo, este é finalmente o significado da frente ampla com a direita.
É isto que dá à extrema-direita condições de fazer demagogia com o povo contra o lockdown. Isto porque diferente do que o policial fascista na Bahia, a polícia existe sim para prender trabalhador, para reprimir o povo, sem nenhuma dignidade nisso, e sempre foi assim. Não é de hoje nem foi na pandemia que a polícia começou prender, agredir e matar o povo trabalhador a mando da burguesia, são décadas de serviço sujo para atender a vontade da burguesia contra a classe trabalhadora.
Fica evidente que nem a PM nem, nem Bolsonaro, nem a extrema-direita defendem os direitos dos trabalhadores, sua liberdade ou são contra a repressão, muito pelo contrário são eles os cães usados para avançar no povo como o governo Bolsonaro bem demonstrou na prática. A suposta defesa dos diretos democráticos da população por estes setores não passa de demagogia, mentira para enganar ainda mais o povo que está abandonado pelas direções da esquerda enquanto é assediado pelos fascistas.
É preciso abandonar de vez a política burguesa, mobilizar as massas contra a direita, pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas e Lula candidato, bem como em defesa dos seus verdadeiros interesses para impor caso necessário um isolamento social sem repressão fascista e que funcione para todos os trabalhadores, que devem ter as condições materiais de manter o isolamento, bem como toda a proteção para aqueles que precisarem trabalhar, isto enquanto a pandemia é realmente combatida com hospitais com todos os equipamentos e profissionais necessários para todos, testagem, vacinação, etc.