As manifestações pelo Fora Bolsonaro ocorreram em todo país neste dia 7 de setembro, milhares de pessoas foram às ruas em todo mundo, mesmo com a forte pressão contrária de partidos e organizações da esquerda pequeno-burguesa, que acovardados, como também impulsionados pela política da frente ampla com a burguesia, decidiram boicotar as manifestações. O boicote foi feito a todas as últimas manifestações, PSOL, PCdoB e outras organizações defensoras da aliança com a burguesia decidiram que este não é o melhor momento para se mobilizar.
No entanto, com o anúncio do dia 12 de setembro pelo principal setor da burguesia, como um suposto dia de mobilização contra Bolsonaro, todo este setor da esquerda simplesmente abandonou a ideia de boicotar as manifestações, e agora convoca em coro os atos da direita golpista.
Um chamado do golpe
O chamado para o dia 12 não vem de hoje, a data foi anunciada há meses por organizações como MBL e Vem Pra Rua, dois movimentos surgidos nas manifestações orquestradas pela burguesia no golpe contra Dilma Rousseff em 2016, e que entraram para a história como uma das principais organizações golpistas do último período. Junto à convocação destas organizações, o PSDB, principal partido da burguesia brasileira e principal partido articulador do golpe de estado, decidiu se somar ao movimento classificando a manifestação como um dia por “Fora Bolsonaro”, tendo como lema principal “nem Lula nem Bolsonaro”, deixando claro as suas reais intenções.
Contudo, pior que o caráter cínico desta convocação são as recentes declarações de representantes da esquerda, sobretudo de partidos como PSOL e PCdoB, que decidiram se somar à mobilização direitista sem nenhum pudor. Justamente os dois partidos que mais defendem a frente ampla na esquerda se somaram à manifestação convocada por MBL, Vem Pra Rua e PSDB.
As desculpas utilizadas são as mesmas desde o início da campanha pela frente ampla. Segundo partidos como o PCdoB, a “unidade” com a burguesia é fundamental na luta pelo Fora Bolsonaro. Os mesmos chegaram a criar em meio às manifestações da esquerda o chamado “bloco democrático” que tinha como intuito infiltrar o PSDB nas manifestações populares. A manobra fracassou, devido à grande impopularidade da direita perante todos os trabalhadores, e agora os defensores da frente ampla decidem realizar uma manobra aberta, sem grande cobertura, juntando-se com os tucanos.
O que chama ainda mais atenção nesta política é o fato de que as manifestações do dia 7 de setembro foram a maior comprovação de que os tucanos estão muito mais próximos do fascismo do que da luta contra Bolsonaro. O ato do dia 12 é composto pelos mesmos setores que: 1) Entregaram a Avenida Paulista para Bolsonaro e todos os fascistas; 2) tentaram (por meio de João Doria) proibir que os trabalhadores pudessem sair às ruas em todo estado de São Paulo, atacando um direito democrático, o da manifestação, deixando claro seu caráter totalmente ditatorial; 3) Para piorar, Doria e o PSDB foram os responsáveis por lançar a política de repressão à manifestação da esquerda, ameaçando de revistar todos os presentes nos atos e ainda por cima de censurar falas das quais eles considerassem “erradas” na manifestação. Uma política digna de uma ditadura fascista, que não foi levada à frente por Bolsonaro, mas sim por Doria e todo o PSDB, apoiado pelos mesmos “movimentos” da direita que hoje chamam o dia 12.
Fascistas antifascistas?
Doria, inclusive, ao tentar proibir a manifestação da esquerda, declarou que a única manifestação pelo “Fora Bolsonaro” seria a da direita, no dia 12, um claro golpe ao movimento dos trabalhadores. Além disso, Doria afirmou no dia 7 de setembro, de maneira oportunista, que pela primeira vez passaria a defender o impeachment de Bolsonaro, algo que como bem mostrou a própria imprensa burguesa, não corresponde ao interesse da maioria dos parlamentares tucanos, que na realidade estão com Bolsonaro.
Ou seja, o próprio partido que encabeça as supostas manifestações pelo “Fora Bolsonaro” no dia 12 de setembro sequer defende a derrubada do presidente, pelo contrário, é na prática a verdadeira base de sustentação do seu governo no Congresso. Além disso, é um dos partidos que apoiaram abertamente a eleição de Bolsonaro em 2018. Está claro que a realização dos atos do dia 12 tem como única intenção não derrubar Bolsonaro, mas sim lançar a candidatura da terceira via, hoje representada pelo governador tucano, João Doria, autointitulado nas eleições de 2018 como “BolsoDoria”.
A esquerda precisa organizar suas próprias manifestações
É um ato eleitoral, a ideia de “nem Lula nem Bolsonaro” revela nitidamente este problema. O objetivo da burguesia é criar artificialmente uma candidatura “anti-Bolsonaro” dentro do principal partido do golpe e dar a ele um suposto caráter popular com as manifestações.
Além disso, parte importante desta consolidação da candidatura da terceira via envolve a própria esquerda pequeno-burguesa, que ao apoiar a manifestação do dia 12 dá o aval e a credibilidade necessária para a sustentação da principal candidatura da burguesia golpista.
Todos estes fatos demonstram que a manifestação do dia 12 é uma completa farsa. Não há luta por Fora Bolsonaro encabeçada pelos fascistas do MBL e PSDB, é um golpe, uma tentativa de emplacar a candidatura da terceira via, a opção número um da burguesia, e esmagar toda a esquerda.