Diante de mais um jovem negro assassinado, a população deu uma pequena demonstração de sua força e de sua revolta. Na última quinta-feira (5), um ônibus do transporte coletivo da cidade Sorocaba, interior de São Paulo, foi completamente incendiado como forma de protesto pela morte de André de Jesus Senna de 27 anos. A família da vítima acredita que agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) estariam envolvidos no crime e pede justiça pela sua morte.
O jovem executado com um tiro foi encontrado no domingo (2), estava jogado em um rio no bairro Vitória Régia, zona norte da cidade, o mesmo estava desaparecido desde da quarta-feira (28), sendo visto pela última vez tentando fugir com sua moto de um bloqueio da Guarda Municipal. Segundo o relato de um familiar, após André ter entrado numa mata sob a perseguição de agentes municipais, teria ocorrido dois disparos de arma de fogo.
Não há qualquer confiança do povo nas forças repressivas do estado e não é para menos como demonstra a chacina de Jacarezinho (RJ), que deixou 27 pessoas mortas. São inúmeros os casos de assassinatos pelas forças repressivas em todo país, não há nenhuma que se possa confiar. A violência da Polícia Militar já é repudiada em todos os estados do país, há um grande clamor social pela sua extinção, não é diferente com as GCMs e tampouco com as forças de repressão privadas.
As organizações de luta do povo negro têm se manifestado diante do genocídio do povo negro pelas forças repressivas do estado em todo país, foi assim no assassinato de Evaldo Rosa, alvejado com 80 tiros de fuzil por dozes militares do exército no Rio de janeiro, também no massacre de Paraisópolis pela PM de São Paulo, bem como, agora na atuação do esquadrão da morte da Polícia Civil do estado do RJ. Estes acontecimentos demonstram que não há uma força armada do estado que proteja a população, são instituições criminosas.
Demonstrações mais radicalizadas como a que ocorreu em Sorocaba, não são acontecimentos isolados. No ano passado, na véspera do dia da Consciência Negra, João Alberto foi espancado e morto por seguranças de uma loja da rede supermercados Carrefour, como resultado da indignação do povo, o prédio também foi incendiado. Entre outros casos, como em Araraquara, outro ônibus foi queimado. Essas amostras da fúria da população negra de todo país expressam uma tendência de intensificação da luta contra toda repressão estatal.
Nos Estados Unidos, a luta contra a violência policial intensificou ainda a mais crise do regime, o caso de Jacob Blake, que ficou paraplégico depois de ser alvejado pelas costas por um policial, e as mortes de George Floyd e Daunte Wright resultaram em mobilizações de centenas de milhares de pessoas em todos país e mais de um milhão em todo planeta.
A questão que se coloca fundamentalmente, não somente no Brasil, como nos Estados unidos e outros países do mundo como a Colômbia, é o fim das forças repressivas do estado, que sempre são utilizadas contra a população, sobretudo contra os negros, mas também contra as organizações de trabalhadores.
Não é possível reformar as forças repressivas do estado burguês, é preciso a dissolução de todas sem exceção e substituir por forças de seguranças organizadas, administradas e eleitas dentro das próprias comunidades. É preciso mobilizar as amplas massas da população pelo fim de todo aparato repressivo do estado que inclui os presídios e instituições como o Ministério Público e Judiciário.